quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

COMÉRCIO: ONTEM, HOJE E AMANHÃ





 Ontem, o Diário as Beiras titulava, na página 9: “Comércio da Baixa pode entrar em breve num beco sem saída”. Aí era afirmado por Armindo Gaspar que “a Baixa precisa mais do que um “Ben-u-ron” para recuperar”. Continuando a citar o jornal e o presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, mais à frente escreve o seguinte: “O responsável aproveitou o encontro –com o deputado do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, e dirigentes locais desta estrutura partidária- para traçar um cenário dramático sobre esta zona da cidade. Na sua opinião, “a Baixa está todos os dias a morrer” e se nada for feito “muitas lojas vão fechar as portas mais cedo do que o previsto. Isto não é dramatismo, é a mais pura das verdades”, frisou Armindo Gaspar.
Hoje, também o Diário as Beiras, em entrevista a Carlos Clemente, presidente da junta de freguesia de São Bartolomeu, na última página, citando este edil, titula “Há comerciantes na Baixa com mentalidade de velhos do Restelo”.
Poderia perfeitamente escrever que estou de acordo com os dois na maioria do que escrevem. Poderia rebater isto, aquilo e aquele outro, mas para quê? Se tiver paciência, leia, em baixo, os textos que escrevi em 2007. Há portanto quatro anos. Está lá tudo. Alguém se preocupou com o estado calamitoso da Baixa? E pensará o leitor que é agora? Nem pense! Tudo continuará como dantes. A maioria dos comerciantes irá cair, outros, talvez porque desconhecem a actividade comercial, continuarão a apostar e, naturalmente, cairão a seguir. Porque ignoram, tomarão espaços de rendas abusivas, ora porque estão desempregados, ora porque precisam de ganhar a vida, e ficarão pior do que estavam quando entraram.
Entretanto, a autarquia assobia para o lado e faz de conta que a responsabilidade de investir, e dentro da liberdade de cada um, é de quem vem para cá. E a quem cabe o comprometimento pela diversidade comercial? Não será à câmara? 
Se qualquer um que pretende investir na Baixa, obrigatoriamente primeiro, terá de ir à edilidade para pedir um horário de funcionamento, porque é que, antes de o solicitar formalmente, não era obrigado a passar numa secção onde um funcionário lhe transmitiria o existencial cenário  comercial da Baixa? Vou dar um exemplo: a Rua Eduardo Coelho tem 7 sapatarias. Em Dezembro último encerrou uma, a "Satélite". Imaginemos que um qualquer investidor vai à câmara pedir o horário de funcionamento…para abrir lá, no mesmo espaço, uma sapataria. Se houvesse este gabinete de aconselhamento o funcionário iria dizer-lhe que o seu projecto está condenado ao falhanço como o anterior dono, que, apesar de ter lá estado mais de meio século, claudicou. Então o empregado camarário diria: “o senhor é que sabe e, dentro da liberdade que lhe cabe, fará o que bem entender, no entanto, devemos alertá-lo que está a correr um sério risco de falhar no seu negócio”. Puxando de um mapa de actividades existentes na área, diria: “porque é que o senhor não abre um estabelecimento de chocolates e drops, que não há nenhum na Baixa? Olhe que era sucesso garantido! Ou então de Alfarrabista?”. Ao fazer isto, a autarquia não só estava a evitar mais um “suicídio” comercial como estaria a acautelar o futuro do Centro Histórico, dos que cá estão, como a contribuir para um urbanismo comercial que se deseja.


Leia então, se faz favor, estes textos que escrevi em 2007:







1 comentário:

Jorge Neves disse...

Já escrevi várias vezes que os comerciantes da baixa têm que se adaptar às novas realidades da sociedade,concordo plenamente com a entrevista do Presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu que saiu num jornal local ontem, quem dita as leis do consumo são os consumidores e não os comerciantes, mas muitos deles são reistentes à mudança.
A minha esposa é responsavel por um mini-mercado na baixa que abria às 9h00 e encerrava ás 19 horas, ao fim de um mês adaptou esse horário as necessidades dos clientes, começou abrir àas 8h00 e a encerrar às 18 horas, não leva dinheiro pelo saco das compras como as grandes superficies, vai entregar as encomendas ao domicilio, deixou de aplicar a percentagem 40% a 60% de lucro para passar a marcar os produtos com margem de lucro entre os 13% e os 15% para poder "competir" na venda com as grandes superficies, apostou em produtos de marca branca e em fruta nacional entre outras medidas.
É urgente inovar e ter sempre presente que quem manda é o consumidor.