quarta-feira, 17 de agosto de 2011

COLOCAR AS (BOAS) ACÇÕES NO BANCO...





 A semana passada escrevia aqui sobre o facto de se ter repintado estes bancos em frente à igreja de São Tiago com eles partidos e sem levar em conta o seu necessário e antecipado arranjo. 
Ontem passei no local e verifiquei que os mesmos já foram parcialmente reparados. Isto é, já não parece tão mal. Pode até parecer que estou simplesmente a reclamar os louros, mas essa não é a intenção. O que pretendo relevar é a prontidão dos serviços. São estes que merecem o nosso aplauso. Neste caso, é bom que se encarem os blogues que escrevem sobre a Baixa -como este e o do Jorge Neves-, não como inimigos dos serviços públicos, mas antes como aliados no mesmo objecto. Para que as coisas melhorem é preciso que alguém erga o braço e diga que está mal. No seu pragmatismo, nem sempre os serviços se apercebem e, porque são geridos por pessoas, erram como qualquer um de nós. E é aqui que quem denuncia tem um papel fundamental.
É preciso que se diga, quem escreve como eu, não mais pretende ser do que os "olhos da multidão". Pelo facto de escrever quero ser ou sou melhor do que qualquer um? Nada disso. Pela parte que me toca posso responder, sou tão distraído como qualquer outro. Tenho tantos defeitos como qualquer mortal, mas há uma coisa que não abdico, este meu vício de escrever é uma mania como outra qualquer, porém, tenho a certeza, tento, todos os dias, fazer dele, algo de pro-activo para o bem comum. Quem me lê sabe que raramente escrevo a tentar beneficiar-me.
E porque é que estou para aqui com esta lengalenga? Aproveito para contar esta "estória". Há tempos, porque estava à espera da minha mulher na Avenida Fernão de Magalhães, parei cerca de 5 minutos em cima da passadeira dupla em frente aos correios. Estava eu, portanto, a ocupar meia passadeira, quando vejo um jovem desconhecido a gesticular e, rodeando a viatura em direcção a mim, a vociferar: 
-Isto é que é o exemplo que você dá? É?
E eu, calculando o que vinha lá, tentando a defensiva e para ver o que dava, repliquei:
-E porque, no seu entender, devo dar o exemplo?
-Porquê?... Você ainda pergunta porquê?... Eu bem leio o que escreve. Sempre a fotografar a Baixa, aqui e ali... e agora está em cima da passadeira, parado? -e afastou-se irritado, continuando a barafustar o seu rol de queixas.
É lógico que enfiei o chapéu de parvo na minha cabeça -que tenho sempre pronto para estas ocasiões- e remoí em silêncio. O homem tinha razão. Mas, que diabo, dêem-nos alguma margem de erro. Não nos tomem por virgens imaculadas, sem pecado. Não somos nada disso. Como disse atrás, na parte que me toca, limito-me a escrever, tentando ser útil. Às vezes fazem-me a pergunta sacramental: "porque o faz? O que o leva a continuar?". Tentando responder com honestidade, não sei muito bem. Posso deixar algumas interrogações:

1 Simplesmente porque gosto de escrever?
2 Vaidade?
3 Em busca de reconhecimento?
  a) Pelos filhos, pela família?
  b) Pela colectividade que me rodeia?
4 Gosto de intervir na cidadania. Porquê?
  a) Nesta intervenção estará um proeminente complexo de inferioridade, pelo facto de vir das catacumbas da sociedade?
  b) Nesta acção estará patente uma necessidade de permanentemente colocar o dedo no ar, como a lembrar a quem manda que tenho opinião e quero ser ouvido?
  c) Um espírito de contradição? Como se diz à boca cheia que o português barafusta imenso, mas não passa disso mesmo. Nunca leva o seu protesto a quem de direito e de modo a poder alterar a situação?
5 Justa retribuição à sociedade. Será?
  a) A vida, até agora, correu-me bem. Naturalmente pelo meu esforço, mas a quantas pessoas, que apesar do seu redobrado empenho, lhes correu mal?
 c) Esta minha mania de intervir provirá do facto de, até agora, a vida me ter corrido bem e, segundo estudos sociológicos, sentirei necessidade de ressarcir a colectividade por ter sido bafejado pela sorte?
Saliento, no entanto, que esta minha forma de tentar intervir na colectividade através da escrita já vem de longe, há mais de 30 anos.
6- Acto de contrição. Será?
  a) Ao longo da minha existência fiz tantas asneiras. Pela necessidade de me erguer da pobreza, prejudiquei pessoas que hoje, nas mesmas circunstâncias, não faria igual? E esta será a forma encontrada de lavar a alma?

Vejam bem como as coisas são: eu só pretendia mesmo agradecer o facto de os bancos terem sido reparados. O escrever é como o comer -eu escrevi comer-, basta começar.
Obrigado pela pachorra que tem em ler estes meus desabafos.

1 comentário:

Jorge Neves disse...

Eu escrevo porque gosto de escrever, mas prefiro mesmo fotografar para demonstrar o que de bom, menos bom e mau acontece por Coimbra, a isto podemos chamar cidadania participativa e critica construtiva a pensar no melhoramento da qualidade de vida de todos.
O amigo António Luis Fernandes Quintans, tema mais criatividade para escrever imparcialmente do que eu, tudo que escrevo é logo apontado como politiquice.
Abraço