(IMAGEM DE LEONARDO BRAGA PINHEIRO)
Segundo Freud, na sua obra “A Interpretação dos Sonhos”, o sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente. Os sonhos mostram uma clara preferência pelas impressões dos dias imediatamente anteriores. O sonho é uma defesa do sono, a isso pode acrescentar-se que o sonho aberto, essa história visual que se vive de noite e se conta de dia, é a oportunidade para sair de um sonho, da surda corrente subterrânea dos temas de que o sonho trata, cuja lógica preside ocultamente a vigília, até que se possa manifestar num episódio constituído, ganhando estatuto de consciência. Segundo Freud, não existe nenhum fundamento nos factos de que os sonhos tem o poder de adivinhar o futuro e nos sonhos não existem sentimentos morais. Retirado de aqui.
E comecei este texto porque a noite passada sonhei com um simpático casal que já não vejo há muitos anos. Falo do senhor Aires e da esposa dona Claudina. Moravam ali mesmo em frente à catedral da Sé Velha. Eram –penso que o senhor Aires já não estará entre nós- pessoas espectaculares. Durante uma dúzia de anos que permaneci na Alta estabelecido foram sempre meus clientes e amigos. Depois, há cerca de 17 anos, quando retornei à Baixa, ainda chegaram a ir a minha casa. O tempo foi passando e, salvo erro, foram viver para a Guarda e eu nunca mais os vi.
Então, pasme-se, esta noite, última, vi os dois à minha frente. Engraçado como eu estava a ver ali mesmo o senhor Aires, de cara bondosa e pachorrenta, de braços abertos para me acolher. Dentro de casa, de porta aberta, estava a dona Claudina junto de um grande cão preto. “Cuidado”, gritou, para eu não me chegar perto dele. Ao lado o marido, com aquelas feições tão minhas conhecidas de homem bom, perguntava: “como vai a sua vida, Luís? Nunca mais o vimos…”
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