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Segundo o Diário de Notícias, “Editora não consegue sala para lançar livro sobre Jardim”. Como se sabe trata-se de um livro escrito pelo jornalista Ribeiro Cardoso, com o título “Jardim a grande fraude”, e que coloca a nu toda a convivência social, económica/financeira e política na ilha da Madeira.
Para além de, apenas com esta dificuldade em lançar o livro naquela parte autónoma de Portugal, já se mostrar que o autor tem razão no que escreve, esta atitude dos empresários madeirenses em cederem um espaço dá que pensar. Tudo indica que o medo de retaliação está implantado em todas as esquinas.
Várias questões se levantam. A primeira, talvez a que nos ocorra rapidamente, é para que serve a democracia, sobretudo na sua vertente de liberdade, se, na prática, se vive igual ou pior que no Estado Novo? Pelos vistos, para nada. Chamar a democracia à colação é meramente uma palavra sem sentido. Ou melhor, se calhar, ao proclamá-la, está-se a ofender quem é democrata –pelo menos quem respeita a opinião dos outros.
A segunda, sendo a Madeira subsídiodependente do Continente, perante este escândalo continuado –porque não é o primeiro, basta lembrar há cerca de uma década com a proibição de venda na ilha do semanário Expresso e depois disso, e ao longo dos últimos anos, com o jornal Público-, como é que se pode admitir a hipocrisia, no assobiar para o lado e calar em conivência, da classe política, sobretudo do PSD e do Partido Socialista? Como todos sabemos esta questão já vem desde o início do mandato de João Jardim. Embora com algumas altercações e imprecações pelo meio, pelo menos no “deixar andar”, tudo começou com Cavaco enquanto primeiro-ministro. A verdade é que o líder madeirense fez sempre, a quem lhe lhe estendeu a mão, "gato-sapato" e tudo o que lhe apeteceu. Chegando mesmo a insultar, para além dos líderes destes dois grandes partidos, a República, e sempre, mas sempre, com o beneplácito do poder instituído em Lisboa.
Ainda há cerca de um ano e pouco, antes do desastre natural na ilha, as ofensas ao actual chefe do Governo eram o dia-a-dia. Como entretanto, a postura de Sócrates mudou, perante o descalabro financeiro desta região autonómica em relação a Lisboa, logo se viu o líder madeirense a bater nas costas do benemérito. Claro que foi por pouco tempo até surgirem novos vitupérios em postura de reivindicação. Claro que o povo da Madeira gosta de um líder assim. Se eu vivesse lá e gostasse de mamar na teta do Estado também apreciaria muito a postura deste governante.
Penso que no futuro muito próximo esta questão das ilhas terá de ser revista –os Açores é um pouco diferente, no entanto com a postura de Carlos César em não acatar e contrariar as ordens governativas para descontos nos salários da função pública, veio mostrar que também aqui alguma coisa vai mal no cordão umbilical da autonomia.
Esta bagunça, em que o Continente continua a ser para as ilhas o tio rico da América, terá de se acabar de vez. Lisboa não pode continuar a alimentar pequenos Sobas em jeito de ditadores. É o bom senso que nos obriga a isso. Manter estas duas ilhas ligadas a Portugal só por uma questão de orgulho na soberania não cola. Este regime autonómico não serve o país, não serve a Pátria –aliás, insulta-a-, sobretudo no patriotismo como o entendemos há séculos e onde acima de tudo está o dever de servir a Nação, enquanto território unificado. Ora, perante o que se vê, estamos exactamente ao contrário. As ilhas, neste clausulado autonómico, aparentemente, perante a República, só têm direitos e nenhuns deveres –o único que assistimos é o dever, dever e não pagar as suas dívidas.
2 comentários:
O livro é uma palhaçada e deturpa os dados ou só mostra o que lhes convem. É concerteza o atestado de óbito do continente português, uma camada de miseráveis cubanagem do crl. Quem ainda sustenta o continente é a Madeira.
Queres servir a nação? Vai viver pás ilhas em vez de mandares postas de pescada!
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