Se há coisa que me irrita solenemente é estar continuamente a levar com a imagem do Mourinho. Ora é na televisão, ora é no cinema, ora é na rua.
Ainda estou para descobrir se este sentimento de repúdio será movido por inveja. E até poderá ser mesmo. Conhecendo-me eu… às tantas, será mesmo isso. Bom, mas seja lá o que for, só sei que me abespinha pomposamente com aquela voz palheta sempre a retinir nos meus ouvidos “eu sou o melhor…eu sou o melhor!”. Fosca-se, até parece que esta sociedade hodierna, assente neste modelo desenfreado de competição, nos trouxe alguma coisa melhor. Se calhar transformámos boas pessoas e calmas em máquinas trituradoras do vizinho do lado. O que conta é conseguir ser o melhor, seja lá a que preço for. Se passar por cima de tudo e de todos não importa nada. O que interessa é ser o melhor.
Estou farto destes “emblemas” de paradigma facilitista, heróis de coisa nenhuma. Qualquer estropício que dá uns pontapés na bola, mas que não sabe dizer nada, serve para chamar de herói. Reparem que a SIC, num novo programa que vai romper aí e que tem a ver com o emagrecimento dos concorrentes, na publicidade, apelida-os de “novos heróis de Portugal”.
E lembrei-me de pegar neste exemplo de publicidade que se destinará a argonautas –não sei o que são, mas também não interessa nada-, por causa da tolerância de ponto que o Governo concedeu neste fim-de-semana aos trabalhadores da Administração Central. Estamos em crise? Temos problemas de produtividade? O país está em vias de ser intervencionado pelo FMI? Ora, ora! O trabalho é uma paixão –pegando no cartaz do Mourinho- e, sendo assim, tal como a dita, deve ser curto e gozado ao máximo. Logo, já se vê que o executivo fez muito bem em conceder a ponte. É lógico que o tabuleiro desta passagem está assente em cima de pilares… que somos nós. Esta tolerância de ponto, tal como o Mourinho, irrita? Sei lá, se calhar ofende. Mas isso sou eu a escrever… e não vou à bola com o Mourinho!
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