O homem olhava fixamente,
talvez à espera de reacção
tinha um olhar meio dolente,
parecia estar em oração,
ou quem sabe aderente
a uma causa do Corão,
poderia ser um resistente
sei lá, ou até se seria afegão,
tinha ar de místico, crente,
poderá ser um bom cristão,
estar magoado em crescente,
precisar de sofrer em vergão,
se a dor é psicologicamente
o mesmo que uma comichão,
porque não mostrar à gente,
que somos fracos sem razão,
passamos o tempo somente,
sempre, a queixar desta adesão,
esquecendo que quem sente
vive sempre, sempre, em aflição,
será como uma estrela cadente
no universo em trambolhão,
cai, mas se levanta ciclicamente,
sentar em pregos é sentir o chão,
rir da mágoa, como combatente,
provar o sangue em ferro aguilhão,
é preciso mostrar o docente,
que ser europeu não é só ser alemão,
deve, sobretudo, ensinar ao discente
que é necessário sofrer por condição,
até alcançar o estatuto de gente,
todos terão de levar muito bofetão.
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