Como se sabe neste fim-de-semana esteve a decorrer na Praça da Canção o Dia Nacional do Motociclista. Penso que será unânime que estas comemorações na cidade, tal como outras, serão sempre bem-vindas. Serão sempre muitas centenas, senão milhares, de forasteiros que vêm enriquecer o depauperado negócio das finanças locais. Sobretudo para a hotelaria, estes eventos, serão sempre importantes. E nem vale a pena aflorar o espectro da crise económica porque, meu amigo, “quem o tem é que o joga” e ninguém terá nada a ver com o que se passa com a carteira dos outros.
Até aqui, penso, estamos todos de acordo. O que contesto, e para mim raia o amadorismo, é a falta de planos do trânsito através da Polícia de Segurança Pública, PSP, e concretamente a responsabilidade do vereador deste pelouro na Câmara Municipal. Já ontem, na Rua do Brasil foi um caos. Hoje a mesma coisa. Cerca do meio-dia, na rotunda das Lajes estavam três agentes da PSP a impedir que o trânsito confluísse para a Avenida Inês de Castro. Limitavam-se a mandar circular sem outras indicações. Resultado, como não haveria outra via mais perto, todos os carros seguiam em direcção à Quinta das Lágrimas. Chegando ao Portugal dos Pequenitos estava a rua cortada com uma grande máquina caterpillar. Resultado: um emaranhado junto à obra de Bissaya Barreto e que demorou quase uma hora a resolver. Obviamente que agentes da PSP não havia. Mais tarde começou a ser desviado em direcção a uma subida que desagua junto ao antigo restaurante Real das Canas.
Uma interrogação óbvia: porque razões não estavam agentes da PSP junto à rotunda do hotel Dom Luís a desviar o trânsito?
Durante a tarde, por volta das 15h00, junto à entrada do Parque Verde, a mesma coisa. Lá estava um agente a impedir que o trânsito rodasse em direcção á Baixa e ordenava que voltasse para trás. Mas não seria lógico estar um agente junto ao Colégio Rainha Santa a desviar o trânsito que se dirigisse para a zona velha pela ponte Rainha Santa?
Às 17h00, junto ao Largo da Portagem a mesma coisa. O trânsito estava impedido de aceder à Ponte de Santa Clara, sem outras quaisquer informações.
Quanto a mim, há aqui várias premissas que convém dissecar. Começa logo que tudo isto é uma profunda falta de respeito pelos direitos de outros automobilistas. Quando um direito de um grupo ou cidadão entra e usurpa os de outros, impedindo o seu legítimo gozo, estaremos perante um inadmissível abuso de direito. Qualquer ignorante como eu sabe isto. Empregar esta prerrogativa só em manifesto estado de necessidade. É de supor que as autoridades o saibam também. E, no meu entender, não estamos perante uma situação que implicasse ou colocasse em risco a segurança, por exemplo.
A seguir, interrogo se fará sentido interditar uma avenida como a Dona Inês, no outro lado do rio, sabendo todos que é o único acesso à Baixa, sobretudo de quem vem do lado Sul. Outra pergunta ainda, tendo aquela estrada duas vias de cada lado e sendo motas do que estamos a falar, fará sentido cortar todo o trânsito? Porque razão não se designou uma única faixa para os motociclistas?
Durante a tarde, tendo em conta que se tratava de uma procissão e tendo a ponte de Santa Clara duas faixas, porque razão se fechou totalmente ao trânsito?
A meu ver, quem delibera para que seja assim, percebe tanto de trânsito e tem tanto respeito por quem circula na cidade como eu tenho pelos canaviais do rio Mondego. E porque razões procederão assim? Curiosamente cheguei lá sem querer. Mais à frente compreenderão.
Como sou um bocado esquisito a ver as coisas, para ganhar independência na minha subjectividade e me livrar do meu radicalismo, fui perguntar aos taxistas. Junto à Estação Nova, estavam quatro juntos. O que achavam destes cortes?
Um deles respondeu assim: “É mau. Está mal feito. Deveriam escolher outras ruas, sobretudo aquelas que não prejudicasse quem trabalha. Ou então, se queriam assim, nesse caso, ocupavam apenas uma faixa da via para as motas.”
Outro disse que corroborava o que o colega afirmou, mas acrescentava que também prejudicava o cliente porque, com estas voltas e mais voltas, pagava muito mais.
Outro disse ainda que concordava exactamente com tudo o que foi dito, só acrescentava: “é uma estupidez. Não faz sentido.”
E um quarto, assim meio a fugir, disse que concordava completamente com estes cortes. E por que é concorda? Interroguei. Estou de acordo porque sou motard. Já fui a Faro várias vezes e lá o trânsito é todo cortado.”
No meu entender estará aqui a razão porque Coimbra segue este absurdo. Se em Faro se corta tudo, na Lusatenas iria ser diferente? Ora…ora…
1 comentário:
Completamente de acordo meu caro, edste fim-de-semana, a acrescentar a muitos outros dias, a cidade foi um caos.
A Câmara Municipal limita-se a autorizar as realizações mas não se preocupa com as consequ~encias, deixando a gestão da "coisa" ao acaso.
A população de Coimbra merece mais respeito, a bem, pelo menos, da mobilidade urbana!
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