segunda-feira, 8 de março de 2010

A COLUNA DO MARCO...


(IMAGEM APANHADA POR AQUI NAS ONDAS CIBERNÉTICAS)


UMA OUTRA MANEIRA DE OLHAR A CARITAS NA BAIXA



 Sou amigo pessoal de dois funcionários da equipa de rua da Caritas no gabinete do Terreiro da Erva. Um, desde a infância, e outro, mais recentemente. Em conversa com eles, manifestaram-me as suas preocupações, angústias profissionais e argumentos da instituição para certas queixas e reclamações da população da cidade, residentes e comerciantes da Baixa. Não vou referir os seus nomes, por uma questão de segurança pois lidam diariamente com pessoas de trato difícil, devido à vida (?) que levam.
O trabalho deste gabinete é fundamental e muito poucas vezes realçado e reconhecido. Eles, além de prestarem o serviço público de higiene e saúde, como a troca de material injectável como seringas, etc. Prestam, igualmente, apoio alimentar, psicológico e médico. Encaminham toxicodependentes para tratamento, comunidades terapêuticas e abrigos, como, por exemplo, a Casa Abrigo Padre Américo ou o Farol. Ou seja, o âmbito do seu trabalho é alargado e de objectivos válidos, sem qualquer interesse financeiro. Só com um grande sentido de ajuda e solidariedade se consegue trabalhar naquele local e com as condições existentes.
As principais queixas são a localização do gabinete; o ajuntamento de pessoas; o tráfico de droga, no local e movimento que isto tudo provoca nas áreas adjacentes, como a Rua Direita e Terreiro da Erva. Como me referiram estes funcionários a localização do gabinete é fundamental, pois tem de ser central para garantir o acesso dos utentes e poder ajudar o maior número de pessoas possível. Estes serviços já estiveram no Largo do Romal, mas a população local queixou-se. Se estivesse nos arredores da cidade, mesmo tendo transportes públicos à porta, a afluência não era a mesma. De certeza absoluta, resultando em perigo para a saúde pública, pois a troca de seringas não seria a desejável. Basta referir que a Caritas serve refeições na Rua Antero de Quental. Apesar da necessidade, muitos deles, que frequentam o gabinete da Baixa, tendo fome e falta de recursos, não se deslocam lá, à parte mais alta da cidade: dizem que é fora de mão.
Em relação ao ajuntamento e tráfico no Terreiro da Erva, o gabinete tenta lutar mas é difícil, só com a ajuda das forças de segurança. Constata-se que certos traficantes, de etnia cigana principalmente (não é racismo, é um facto), aproveitam para se colocar no local junto de potenciais clientes. O gabinete por vezes fecha a porta e faz apenas serviços mínimos para evitar a situação. Certos utentes queixam-se da pressão a que são sujeitos. Sabe-se da sua vulnerabilidade psicológica e alguns acabados de sair de tratamento não conseguem dizer não, recaindo, novamente.
Uma chamada de atenção para aqueles que usufruem da ajuda da instituição. Alguns dos utentes são pessoas com algum grau de instrução e reconhecidas competências. Existem estudantes universitários, outros são técnicos de restauro ou músicos, outrora, profissionais. Alguns querem deixar a droga, mas, como confidenciam aos técnicos e assistentes sociais, nem ali os deixam em paz, aliciando-os para comprar mesmo á porta do centro. Ora, sendo assim, é necessário, a todo o custo, combater o tráfico, para que, não só se vá ao encontro do desejo da população residente, mas, acima de tudo, para que se recuperem aqueles que estão dispostos a encetar uma nova vida.
Por último, a criminalidade existente na baixa da cidade é em parte causada por traficantes sem escrúpulos que, valendo-se da necessidade da próxima dose dos toxicodependentes em “ressaca”, «encomendam» um blusão, umas calças ou telemóvel em troca da “dose”.

MARCO/LF

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o seu post, realmente é uma vergonha o que se passa em frente do Gabinete de Atendimento de Toxicodependentes.
Assim que possa acrecentarei mais algo ao seu post.Deixo ficar aqui uma pergunta, o que está a fazer a camara do sistema de video-vigilância instalada no edificio da AMI? Será que os tranficantes que abundam no Terreiro da Erva, sabem que ela não funciona? Caso esteja a funcionar, as referidas imagens não estão a ser controladas online pela PSP? Esqueci-me, so gravam de noite, durante o dia estão desligadas.
Sei que os tecnicos fazem um excelente trabalho com os utentes e suas familias, mas não passam de tecnicos, não podem nem devem subestituir as forças de segurança.
Excelente artigo Marco, continua.Abraço