terça-feira, 23 de março de 2010
UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)
Marco deixou um novo comentário na sua mensagem "BENTO, O VENDEDOR DE ESPERANÇA":
Agora Luís já sei porque no domingo consultei o nosso blogue várias vezes e estranhei o facto de não haver novos posts, foi visitar um dos maiores negócios do país, dar uma volta. Agora mais a sério, o Luís refere que é um agnóstico assumido, já somos dois. Falo nisto pelo seguinte: gostaria de ter sido abençoado com aquele sentimento de acreditar em Deus, de que Ele está sempre presente. Ter uma fé inabalável Nele e que os meus problemas com a Sua ajuda serão resolvidos. Tenho pessoas na família que o sentem (a minha mãe, por exemplo), e sou testemunha: esta fé tem-nos ajudado, e muito!
Talvez se eu acreditasse, se fosse um crente em Deus, a minha vida e de quem me rodeia corresse melhor. Será que sim ou não?
Abraço, Marco.
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RESPOSTA DO REDACTOR: Começo por lhe agradecer, Marco, pela confiança em jeito de saber a minha opinião. Como deve calcular, eu estou para a sabedoria como as andorinhas estarão para as grandes viagens interplanetárias. Ou seja, só conhecemos as terras por onde passamos e pouco mais. Por outras palavras, apenas posso responder pela minha experiência empírica.
Fui educado na religião católica. Isto é, se ser baptizado, fazer a primeira comunhão, casar pela igreja é educação religiosa. Estou convencido que, pela insuficiência, não é. Quanto muito será um princípio. Mas, em verdade, eu nunca quis muito aprofundar. Tenho a certeza de que sou um materialista racional…e dou-me muito bem com esta designação...(graças a Deus!).
Não me considero nem mais nem menos do que aqueles que acreditam. Acho que, nas convicções que –crentes e não-crentes- cada uma das partes defende, ambos esbatem no mesmo problema que é a impossibilidade de demonstração. Para mim, fé não se discute: aceita-se, crendo, ou não se aceita, descrendo, e ponto final. Não considero que nenhum movimento, quer a favor, quer contra a fé –Criacionistas ou Ateístas-, tenha o direito de arrogar a sua superioridade moral.
Quanto a mim o facto de Jesus Cristo ter existido há dois mil anos –não tenho dúvidas- não prova a existência de Deus. Não acredito num Deus único, omnipotente e omnipresente, que transcenda o homem. Acredito sim, em tantos deus existenciais quantos os homens em sentido literal que vivem na Terra. Por outras palavras, acredito que, individualmente, dentro de cada um de nós, existirá um deus e um diabo –bem e mal. Ou ainda: acredito num Deus feito à imagem e semelhança do homem –que não o transcende, mas, pelo contrário, o aperfeiçoa enquanto ser inacabado e finito.
Há uma pergunta que temos de fazer: porque existem as religiões? Quanto a mim, existem, tal como a filosofia, pela impossibilidade de o homem alcançar a verdade absoluta.
Se o homem não tivesse receio do que não conhece, creio, não haveria religiões. As profissões de fé, em geral, tentam colmatar o desconhecimento –sem o preencherem em absoluto- através dos dogmas ou axiomas (verdades sem contestação). Tenho para mim que quanto mais culto se tornar o homem, mais se afastará das religiões –que professam a fé. Porque todos os dias surgem religiões –"re-ligare"- materialistas que nos ligam a outras formas de vivência humana. A Internet, por exemplo, digo eu!
Estou em crer que a idade, na maioria dos casos –porque acentua a nossa vulnerabilidade e percepção do fim da vida- aproxima-nos mais do transcendente. No meu caso, é interessante, senti um afastamento total a partir do momento em que entrei para a Faculdade de Direito, aqui em Coimbra, em 1999. A partir daí, tornei-me agnóstico –não negando a existência do Verbo enquanto princípio, mas, por outro lado, também não lhe dando a importância que lhe dão os Criacionistas.
Em resumo, estou em crer, como diz, que quem tem fé é de facto um iluminado. Provavelmente questionar-se-á muito menos do que quem não tem. O que é melhor? Ter ou não ter? Quanto a mim, cada um deve viver conforme se sente melhor. Se rezar, falando com o Deus monoteísta que se acredita, lhe faz bem, o tranquiliza, por que não?
Se, pelo contrário, como eu, não acredita num Deus único, Pai de todas as coisas, e se questiona, apelando à sua consciência, muitas vezes em conflito, com a verdadeira noção de que se errou ou se foi injusto, e, no dia-a-dia, dentro das possibilidades existentes, tenta ser o melhor possível, sentindo-se bem, porque não?
Não são as religiões que tornam o homem bom –podem ajudar muito, admito, quando apelam a uma consciência muitas vezes que o próprio homem desconhece. O homem é bom –e intrinsecamente mau, consoante a circunstância- porque é da sua natureza.
Respeitemo-nos todos. Sejamos felizes. Cada um com o seu próprio pensamento.
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