segunda-feira, 29 de março de 2010

EM ZIGUEZAGUE ATÉ À VITÓRIA FINAL







 O meu amigo João Braga abriu hoje uma bonita loja de atoalhados, retrosaria e artigos diversos na Rua Ferreira Borges, mais exactamente no prédio onde nasceu o poeta Eugénio de Castro. Durante toda a manhã, para além de oferecer bebidas à descrição, leitão e croquetes, esteve a oferecer tudo, salvo seja. Passo a explicar: de todos os artigos expostos na loja, ninguém pagava nada. Uma forma muito interessante de promover o seu novo estabelecimento. (Não olhe para o relógio)…foi mesmo só durante a manhã. Uma pena, digo eu! Então, se eu soubesse, não ia lá dar-lhe um grande abraço? E você também não ia? Ah pois íamos. Paciência, não é? Pronto, fica a história da nova loja.
Segundo se consta –porque sou mesmo uma nulidade na história da cidade, não consegui confirmar- naquele espaço, até meados do século XX, funcionou uma conhecida retrosaria -do senhor João Abrantes de Melo-, então o João Braga, que é todo virado para o esoterismo, ao que parece, em espírito, recebeu um chamamento em forma de apelo do antigo dono da retrosaria: “tens de continuar o negócio de retrosaria!”. Creio que o Braga ainda lhe perguntou: “ e posso abrir sem problemas? É à tua responsabilidade?”. Mas o “raio” –espírito é luz- da voz fechou-se em copas e nada disse. E tau, o meu amigo João logo tratou de colocar o novo investimento em marcha.
A Anabela, a esposa do João está feliz! Quando lhe pergunto se, num momento de arrefecimento da economia, não sente receio, responde: “mas que receio, senhor Luís? Quem tem medo compra um cão. Só tem lugar no comércio quem tem esperança. Esta rua (Ferreira Borges) é muito movimentada por transeuntes e esta loja será sempre um complemento da nossa outra “Zig-Zag”, ali em baixo, a dois passos daqui, na Calçada dos Gatos. Além disso, cada comerciante deve contribuir para renovar o comércio tradicional. Já viu o impacto negativo que dá à Baixa estas tantas lojas encerradas? Individualmente, devemos ser o motor proactivo de revitalização para que a Zona Histórica se mantenha e, sobretudo, venha a melhorar. Todos temos uma responsabilidade social e ética perante o legado que os nossos antepassados nos deixaram. Eu vim trabalhar para aqui há muitas décadas. A Baixa é o meu mundo”, enfatiza a Anabela Braga.
Com a abertura desta encantadora loja, criaram um novo posto de trabalho para a Nathalie, uma franco-lusa, licenciada em relações internacionais pela Faculdade de Economia de Coimbra. Uma simpatia de mulher. “Eu gostava muito de seguir a diplomacia…mas olhe, gosto muito de comércio…temos de fazer alguma coisa, não é?” –questiona-me com um brilhozinho nos olhos, naquele fogo que arde sem se ver. Isto é, de quem, sem cruzar os braços, vai à luta e sabe que a sua oportunidade chegará.
Felicidades para todos. E você, está à espera de quê? Vá lá! Já não há croquetes, mas diga que vai da minha parte que lá lhe fazem um bom preço.
É gente boa. E nós, todos, devemos ajudar quem quer o bem comum.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns. Pela vossa força e empenho merecem toda a sorte do mundo. Que venham muito mais como vocês para assim revitalizar a baixa de Coimbra