sábado, 20 de março de 2010
UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)
Marco deixou um novo comentário na sua mensagem "UM OUVIDO INDISCRETO...":
Luís, não conheço o sr. Eduardo nem a sua situação, mas existem centenas de casos em Coimbra de pessoas com dificuldades financeiras. Já imaginou se todos optassem pela pedinchise? Como é que as pessoas circulavam na baixa e poderiam efectuar as suas compras de uma forma normal, ou seja, ver as montras, escolher com calma, sem ser incomodadas? Eu falo por mim, mais depressa faço um donativo ou compro um produto solidário, do que dou uma esmola ou uma moeda a um mendigo ou arrumador (bem, a arrumadores de carros em parques pagos, recuso-me absolutamente, por princípio). Mas, voltando ao caso em questão, talvez as prioridades de acção da P.M. não sejam as melhores, isso é discutível e todos nós teríamos prioridades e escolhas diferentes. Na minha opinião a luta contra a mendicidade e vagabundagem é sem dúvida necessária, digo mesmo essencial para comerciantes e cidadãos. Parece exagerado? Olhe que não: ninguém gosta de ter um individuo, por vezes a receber o Rendimento Social de Inserção (RSI) sem nunca ter efectuado um único desconto, sentado em frente à sua montra, não deixando os consumidores apreciarem devidamente os produtos e ao mesmo tempo a pedirem-lhes uma moedinha.
Outro caso: (este passou-se comigo) num parque estacionamento pré-pago ao voltar ao carro para colocar o ticket, tinha um individuo junto do mesmo a pedir-me 1 euro (não uma moedinha, 1 euro mesmo). Eu disse-lhe o que pensava: não iria pagar duas vezes, além de que ele não era funcionário do parque. Ele respondeu-me que não iria olhar pelo meu carro, se aparecesse riscado para não me admirar, e se ele visse quem foi não me diria nada porque não lhe paguei. Isto originou uma manhã de aflição. Enervou-me e deixou-me ansioso; só pensava que quando chegasse ao carro, iria encontrá-lo danificado e teria problemas com o dito arrumador. Devo dizer que, por acaso, não tive qualquer problema: o carro estava intacto e o tipo nem olhou para mim, ignorou-me.
Outro aspecto, que quanto a mim reforça a actuação da Policia Municipal, é o facto de nos dias de hoje ninguém necessitar de mendigar para comer. Nunca existiu tanta ajuda aos mais desfavorecidos como actualmente. Amigos meus que trabalham na área da assistência social corroboram da minha opinião.
Concordo que é difícil arranjar emprego, que a vida esta complicada para todos. Mas em Coimbra existem locais onde se fornecem refeições gratuitamente, oferecem vestuário e mudas de roupa. Há também local para tomar banho, e se necessário ajuda médica. Ou seja, o essencial para não passar fome e frio. Agora, dinheiro eles não dão. E muitos daqueles que mendigam, não o fazem para comer, fazem-no para sustentar vícios (não só estupefacientes). Mas até neste aspecto existe ajuda: é fornecido pelo S.N.S., ou seja, por nós todos, substitutos médicos –por exemplo a Metadona- para evitar que entrem em ressaca.
Em resumo, na generalidade dos casos a mendicidade é evitável. Se um indivíduo não tiver nenhum objectivo pessoal para a sua vida, actualmente pode comer e beber, dormir num quarto de habitação social e ter a devida assistência médica. Tudo isto gratuitamente, ou melhor, pago por todos nós, pelo menos aqueles que trabalham e fazem os seus descontos. Então pergunto: se têm comida, dormida, médico e não querem trabalhar e ter responsabilidades, porquê pedir esmola? Recordo ainda que para além destas ajudas, muitos ainda recebem cerca de 190 euros do R.S.I.
Um pequeno exercício: eu ganho cerca de 550 euros e tenho de pagar a minha renda, a minha comida e a minha roupa, as facturas de água, gás e electricidade. Tenho ainda de pagar 2,20 euros cada vez que vou ao centro de saúde (e medicamentos se necessário). Um «arrumador de carros», esta Nobel profissão, tem comida fornecida pela Caritas, dormida pela casa-abrigo Padre Américo, outros dão-lhe umas peças de vestuário. Tem ainda assistência médica do S.N.S., não esquecer os 190 euros para o tabaquito e uns copitos na tasca. Fizeram as contas? Quem ganha mais? Eu ou um «arrumador»? Dá que pensar…mas não muito senão torna-se doloroso e revoltante...
Abraço, Marco
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