quinta-feira, 18 de março de 2010

ESTÃO A DAR?...ONDE?...VAMOS LÁ!

(O PALHAÇO EM GÉNERO FEMININO TIC-TAC)



Nas até há pouco sapatarias 999, abriu hoje, na Avenida Fernão de Magalhães, com pompa e circunstância e uma grande campanha de marketing, a nova ocupante, e também sapataria, “STARA”. Trata-se de um grande grupo de calçado, com várias lojas em todo o país.
Logo às 9 horas, quem passasse em frente à Auto-Industrial era surpreendido por largas dezenas de pessoas numa longa fila. O interessante é que muitas delas não sabiam para o que estavam. Interroguei a primeira, desculpe, esta fila é para quê? Estão a dar rebuçados? No meio de um sorriso, respondeu a senhora: “com franqueza, nem sei para que é. Segundo parece, é uma sapataria que abre hoje e vão dar qualquer coisa…mas eu não sei do que se trata. Pelo sim, pelo não, vou aguardar…”.
Interrogo outra senhora –porque praticamente, em género, eram quase todas mulheres-, diga-me, esta fila é para quê? Estão a dar chocolates? No meio de um sorriso, lá foi dizendo, “olhe não sei bem, parece que estão a dar qualquer coisa. É uma sapataria que abre hoje…”.
Como vi logo que metendo o nariz na longa fila não me safava, fui então ter com a “palhaça” Tic-tac. Fazendo uma cara de desgraçadinho, interroguei: conte-me lá, Tic-tac, estão dar sapatinhos? Palavra de honra que me faziam tanto jeitinho um parzito –ao mesmo tempo mostro-lhe as minhas alpergatas, cansadinhas de tanto percorrer as ruas da Baixa e a precisarem, ao menos, de umas carícias de graxa. “Não meu menino, para mim, vens de carrinho…quando muito dou-te um bom conselho…vai pedir para outra freguesia!” –e escangalhou-se toda a rir.
Fui então ter com a melhor rapariga –aquela que me pareceu ter a melhor alma e a mais pura, que eu, juro pela alma da minha avozinha, só olho para o interior de uma mulher, nunca olho para as saliências exteriores- e perguntei: desculpe o que estão a dar? “É assim, respondeu: Hoje, dia 18, amanhã, sexta-feira, e no próximo Sábado, aos primeiros 50 primeiros clientes que tragam uma peça de vestuário cor-de-rosa, será emitido um cartão cliente com vários valores. Por exemplo, o primeiro será atribuído um prémio de 100 euros; o segundo, 50 euros; o terceiro, 40 euros; do 4º ao 10º, 30 euros; do 21 ao 30º, 20 euros; do 31 ao 40º, 15 euros; do 41 ao 50º, 10 euros”.
Então, continuei a interrogar, mas a maioria das pessoas não tem nenhuma peça de roupa rosa, como é que vai ser? “Eu sei lá! Eu só sou contratada para fazer a recepção aos clientes e distribuir panfletos”, respondeu.
Por acaso, por coincidência, levava um blusão avermelhado, assim que nem é carne nem é peixe, do tipo da cor do burro quando foge. Aliás, é o mesmo de sempre. Só tenho este e ando com ele todos os dias. Então, à “surrelfa”, lá tentei corromper a pequena…olhe lá, tem a certeza que não há excepções para jornalistas de trazer por casa? Não se arranjam mesmo uns sapatinhos…está ver como tenho estes –ao mesmo tempo tentava que as minhas alpergatas parecessem ainda mais desgraçadinhas do que já eram. Respondeu a rapariga, meio a sorrir, por isso até lhe perdoei e nem levei a mal: “olhe se você fosse mais novo…nunca se sabe! Agora, velhote, tenha lá santa paciência…vá para porta da igreja!”.
Hoje não era mesmo o meu dia! Há dias assim…

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