Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "A TREMOCEIRA":
Atenção que a Srª Adelaide não é nenhuma coitadinha.
Possui filha, genro e netos que a acompanham, vivendo todos na Rua Corpo de Deus.
Estou certo que não é a necessidade que obriga a este estado de coisas.
É uma senhora muito simpática e gosta deste tipo de vida.
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NOTA DO REDACTOR: Antes de me defender do que escrevi, começo por lhe pedir desculpa se o texto não é suficientemente claro quanto à intenção.
A seguir vou então aos argumentos. Conheço a Dona Adelaide há cerca de quarenta anos. Já escrevi aqui um pouco da sua história de vida. Tenho uma grande admiração por esta senhora. Para mim, não tenho dúvida de que é um exemplo de força anímica para pessoas muito mais novas do que esta anciã. Só para lembrar, esta senhora tem 85 anos.
Quanto ao pseudo-poema escrito por mim, pretendia ser uma Ode, um hino, à força interior da Dona Adelaide e, ao mesmo tempo, mostrar a injustiça de aposentados que trabalharam toda a vida e, hoje, duma forma displicente, são praticamente abandonados pelo Estado. Com reformas de duzentos e poucos euros, não lhes resta outro caminho senão continuarem a trabalhar. É certo, e eu sei disso, que pessoas como esta senhora se deixarem de trabalhar, inevitavelmente, morrem depressa. Bem sei que, felizmente, a Dona Adelaide tem família que gosta muito dela. Se o texto em forma de verso é ambíguo quanto ao carinho que a família lhe presta, fica já aqui esclarecido que sei que cuidam dela e amparam. Quase todos os dias falo com a Dona Adelaide na Praça 8 de Maio e sei que isso é verdade.
Se lhe posso pedir um favor, volte a ler o pseudo-poema. Não se prenda apenas no "coitadinha". Este adjectivo em sentido literal, se reparar, é para todos os velhinhos da idade da Dona Adelaide, que se, por um lado, são uma lição de vida, por outro, foi a geração mais sacrificada da nossa ancestralidade recente.
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