terça-feira, 23 de março de 2010

ONDE FICAM LOCALIZADAS AS IMAGENS RENASCENTISTAS?




 Tal como lhe prometi ontem, hoje, vou cumprir –nem sempre é assim, às vezes –tanta vezes-, e contrariando a doutrina do meu pai, que dizia que a palavra valia mais que o dinheiro, falho estrondosamente. Bom, mas isso serão outras rosas de outro rosário.
Pelo seu olhar apurado, deduzo que está curioso acerca das imagens que publiquei ontem e hoje dou um cheirinho. Tenha lá calma se faz favor que a cultura é como a Coca-cola, vai-se entranhando lentamente.
 Antes de lhe dizer onde é, advirto-o, não se ponha para aí a disparar contra o comerciante que fez o favor de me deixar fotografar essas imagens espectaculares. Sim é um comerciante chinês. É o Pan da Praça do Comércio e que está estabelecido no edifício onde durante mais de 90 anos estiveram os Marthas. Estas imagens estão localizadas na sobreloja. Daí a maioria de nós não as conhecer.
Bem sei que você está a pensar que aquele belo espaço renascentista não deveria estar a ser ocupado com artigos chineses. Concordo consigo. Deveria ter sido destinado a um outro qualquer fim turístico, é verdade!
O problema é chegar lá. E olhe que, pelo que me parece não é nada fácil.
Mas vamos lá sacrificar alguém que à culpa não lhe pode acontecer o mesmo que à minha tia Etelvina. Ou seja, coitadinha, morrer solteira. Parece que estou a vê-la no leito de morte, com as palavras entarameladas, a saírem aos tropeções: “ai…que peso…que…eu..levo…”. Coitadinha da infeliz, morreu virgem, está de ver. Aqueles lamentos não eram por morrer solteira...não sei se me faço entender?!
Bom, mas isso também não interessa nada. Aliás, nem sei por que o referi.
Vamos lá arranjar um culpado. Tem que ser alguém, não é verdade?
Como é mais fácil, vamos mas é já sacrificar o Pan, o comerciante chinês.
Mas, vendo bem, se calhar não. Ele limitou-se a arrendar um espaço que lhe foi oferecido e lhe pareceu bem localizado. Estava no seu direito, não estava? Pois! Então, ele não. Vamos mas é imolar o proprietário, os Marthas. Ah pois! São eles, sem dúvida! E se não forem? Podem não ser. Eles tinham um espaço que pretendiam rentabilizar o mais possível –é normal, estamos numa sociedade de mercado, onde prevalece a oferta e a procura- logo, certamente começaram a fazer contactos e um operador –no caso chinês- aceitou o proposto. Fez mal? Acho que não. Usou apenas uma prerrogativa legítima. Nesse caso, não é culpado.
Se calhar é a câmara municipal, ah pois! Só pode! É de certeza. É sempre a mesma vergonha de sempre. A câmara não liga nada para isto. Aqui terá mesmo culpa?
Bom, por um bocadito –apesar de eu não o ser- vamos ser sérios.
Por conseguinte, o que é que a autarquia podia fazer? Que instrumento legal dispunha para impedir que aquele ancestral espaço fosse para o meu amigo Pan? Pois! Aí é que a porca torce o rabo. Pouco. Podia classificá-lo como espaço de interesse municipal, mas, ao usar desta atribuição apenas estava a “congelar” o seu uso comercial para artigos de livraria. Ou seja, aquele espaço ficaria destinado unicamente a livros e afins. Porém…a renda continuaria livre. Isto é, seria o proprietário que estabeleceria o seu valor. Então, na prática, para que teria servido o “interesse municipal”? Para nada, porque uma renda alta é incomportável com a actividade de livraria.
Bem, a câmara…podia arrendar o espaço e colocar lá, por exemplo, a Turismo de Coimbra. Pois podia. O problema, já estou a ver, lá vinha a oposição acusar o executivo de, ao pagar mensalmente mais de 3000 euros, estar a esbanjar dinheiro público. Porra! Porra para isto!
Mau, Maria! Então quem é o culpado? Então e eu sei lá?

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