quinta-feira, 11 de março de 2010

E COMO É QUE EU VI O PRESIDENTE NA TV?





  Ontem, na RTP1, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, foi entrevistado pela jornalista Judite de Sousa.
Sempre muito contido nas respostas – notava-se, como já é habitual, no tremer do pé, que não estava à vontade. Deu para entender que só, in extremis, no limite, e se acontecer algo de muito grave, utilizará a chamada “bomba atómica”, ordem de dissolução da Assembleia da República. Falou várias vezes em cooperação democrática, dando a entender que está em sintonia com o Governo e tudo fará para que este cumpra o mandato até ao fim.
No geral, quanto a mim, esteve bem. Mostrou uma grande serenidade e sentido de Estado. Várias vezes declinou responder a perguntas que lhe poderiam trazer dissabores se respondesse. Foi notório que quis transmitir um clima de confiança e optimismo aos portugueses. Quanto a mim, e apesar de pouca unanimidade nesta apreciação, essa é a positividade que se espera das mais altas instâncias do Estado
Já se sabe que o presidente é um gentleman. A sua timidez, perceptível a olho nu, é uma qualidade que explora bem nas (poucas) entrevistas que dá à televisão.
Sem qualquer conotação política intencional de o ligar com o passado, tendo em conta, apenas e só, uma análise psico-antropológica, várias vezes me pareceu a mesma pose de Salazar: vincada presença de Estado, responsabilidade e contenção. E refiro a analogia com o antigo Presidente do Conselho, porque podem acusá-lo de muita coisa, mas jamais de falta de sentido de Estado –lembro-me bem de o ver e ouvir na televisão.
Creio que, Cavaco Silva, começou ontem a abrir uma pequena fresta para o tabu da sua reeleição no próximo Janeiro de 2011. Até esta entrevista eu tinha muitas dúvidas que voltasse a ser reeleito, mas, depois de o ver e ouvir, e colocando-me no lugar do eleitor médio, não tenho muitas dúvidas que vai sentar-se na cadeira presidencial durante mais cinco anos.
Manuel Alegre dividindo a esquerda com Fernando Nobre –e se não aparecer outro candidato- não vão ter hipóteses perante um candidato como Cavaco que, pela pose e credibilidade que emana da sua figura e das suas palavras- preenche o imaginário da maioria do povo. As pessoas gostam de uma pessoa assim, educada e que mede as palavras.
Obviamente que é a minha opinião e vale muito pouco…

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