CMC: AFINAL COMO É? CARREGA-SE NA TAXA OU NÃO?

(FOTO DE LEONARDO BRAGA PINHEIRO)

  Hoje, um comerciante do Centro Histórico foi à Câmara Municipal de Coimbra para levantar uma licença de utilização. A funcionária da autarquia pediu-lhe mais de 1500 euros pelo documento. O empresário, já a contar com esta surpresa, levava o Diário de Coimbra (DC) debaixo do braço. Quando a funcionária lhe pediu aquela importância, como Lucky Luke a puxar da pistola contra o inimigo, retirou o jornal e disse: “a senhora desculpe, mas o senhor presidente da Câmara afirma aqui que houve um engano nas importâncias aplicadas a alguns colegas e que não houveram alterações”. A funcionária, displicentemente, como se o que estava escrito no jornal não tivesse nenhuma importância e o comerciante ainda menos, deu um suspiro de enfado, encolheu os ombros e, taxativamente, disse: “não sabemos de nada! Esta é a taxa que temos para cobrar!”.
Vou lembrar as declarações de Carlos Encarnação, presidente da edilidade conimbricense, ao DC: “o que se passou foi que o prédio onde está instalada a loja tem como destino a habitação e, portanto, a quantia pedida é a que a autarquia cobra ao comerciante ou solicita a alteração de uso de um imóvel. De habitação para comércio, neste caso. Só que, como explicou Encarnação, tal não será aplicado neste caso concreto, uma vez que o prédio em causa já tem uso comercial há muitos anos”, extracto do DC de 06 de Março, último.
Ora, fazendo o balanço entre estas declarações e as taxas a cobrar hoje ao comerciante, o que se infere? Uma ilação única: todas as lojas da Baixa estão registadas na câmara como uso habitacional. É só isso. E é grave? Não, senhor! O presidente Carlos Encarnação manda que se altere o uso para comércio e mal registado na autarquia –já agora, a talhe foice, para se ver livre destas melgas, tratava de mandar resolver todos estes “bicos” que infernizam os profissionais do comércio, como as licenças de toldos, os reclamos e aceitar as isenções de Licença de Utilização, quando as matrizes das finanças assim o atestarem. E pronto! Já está.
Que estas coisas de taxas e baldrocas vão dar sarilho, lá isso é certinho e direitinho. Mas o senhor presidente, que até tem as costas largas –e boa argumentação- vai desembaraçar-se disto. É tão certo como ginjas.
O que é de admirar é os comerciantes, sempre tão caladitos, a parecerem umas avezitas “enjoijadas”, coitaditos, desta vez, conseguirem encostar Carlos Encarnação à parede –salvo seja, obviamente- e fazê-lo puxar da espada do Conquistador –a dormir ali ao lado- para desbaratar estes infiéis mercantilistas, filhos de uma figa, e, calculo, esses “gajos” da oposição…que são duplamente chatos: como os propriamente ditos e as carraças!
Que diabo, vê-se bem que estes comerciantes de meia-tijela, não podem com uma gata pelo rabo. Arranjarem uma confusão por causa de uns trocos. Aiiii…(num grande suspiro), já não há homens do comércio, com tomates pretos, como antigamente, digo eu.
Ainda bem que o Pedro Vaz Serra, presidente do Clube de Empresários de Coimbra, se prepara para apresentar o 1º Congresso de Empresários e entregar uns prémios a quem se distinguiu por cá. Vai ser um problema, pelo menos no comércio, acho eu, sei lá. O melhor é mesmo homenageá-los a título póstumo. Haja alguém com visão nesta terra de pasmaceira.
Só espero que, embalado na torrente de homenagens, não se lembre de políticos…Vai ser mesmo um problema…