quinta-feira, 4 de abril de 2013

REABRIU O CAFÉ PURI DOCES



Felizmente para todos, hoje voltou a abrir o café Puri Doces, na Rua das Padeiras. Ontem escrevi aqui acerca do encerramento deste estabelecimento na Baixa. Como era o meu café diário, todos os dias lá ia várias vezes, havia alguma empatia entre mim e o dono. Há cerca de meio ano que, em muitas conversas que tinha comigo, vinha manifestando o desejo de claudicar e entregar a loja ao senhorio. Confidenciava-me que era muito difícil de aguentar a situação. “As obrigações para o Estado são cada vez mais, os custos fixos cada vez maiores e, contrariamente ao passado, os apuros têm caído a pique nos últimos meses”, enfatizava.
Como já tive um café durante uma dúzia de anos e sinto na carne as dificuldades dos hoteleiros –profissionais trabalhadores dobrados, sem horários, esforçados e mal-pagos-, lá lhe ia dando ânimo, sobretudo para que não se deixasse abater nesta onda de destruição que varre o tecido empresarial nas pequeníssimas, pequenas e médias-empresas. Com a minha estúpida mania de me meter onde não sou chamado ia dando sugestões que esbatiam num oceano de desânimo e frustração.
Na segunda-feira última estava encerrado com um papel na porta: “encerrado temporariamente”. Em conversa com vizinhos, encolhendo os ombros, lá iam adiantando que “se calhar encerrou de vez. Há tanto tempo que anda a dizer que vai fechar!”
Na terça-feira encontrei-o aqui num outro café e à minha pergunta se tinha desistido de manter o seu estabelecimento aberto respondeu: “vou estar uma semana encerrado. Mas provavelmente não abrirei mais!”. Reparei que, enquanto eu carregava preocupação pela sua sorte, ele mostrava algum desprendimento. Até com algum meio sorriso envolvente. Estranhei. Mais tarde comentei isso mesmo com um dos presentes que também se tinha apercebido deste facto.
Hoje reabriu e é o que interessa. Há menos uma casa comercial silenciosa na Baixa.

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