Está ainda por se saber a razão
de uma bonita mulher poder atemorizar e fazer tremer um homem da cabeça até aos
pés. Se essa ocorrência, do ponto de vista analítico, pode ser sujeita a interrogações
mas não causa inquirições transcendentais, já o facto da máquina proceder
igualmente e em consonância com o seu detentor, isto sim, e como nefelibata, a
andar nas nuvens, coloca-nos sob o manto diáfano da introspecção. Em silogismo,
poderemos aventar que o aparelho, deixando de ser independente e extrínseco,
passou a ser a extensão do homem urbano. Nesta era digital, contrariando o
corte entre pessoa e coisa, a máquina ganhou vida e de controlada passou a controleira do seu pensamento, da sua
vontade e da sua forma de ser, tornando-se intrínseca à própria condição humana.
Até onde nos vai levar esta subalternização e dependência ainda está para se
ver. Estamos apenas no limiar de uma jornada que, apesar dos incomensuráveis
proventos comunicacionais, pelos custos sociais, destruidores de sentimentos
profundos de partilha conducentes ao isolamento e da actividade física laboral,
inevitavelmente, no balanço final que se fará nas gerações vindouras,
verificar-se-á que este domínio absoluto teria sido pernicioso e detractor da
liberdade enquanto conceito de independência intelectual.
Para prejuízo da retratada, Catarina
Martins, num elementar argumento estafado
e estafermo, desvalorizando a minha pouca competência, tentei explicar a
razão desta fotografia ter saído completamente esboçada. Consegui?
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