segunda-feira, 29 de abril de 2013

A DROGA DA MÁQUINA



 Está ainda por se saber a razão de uma bonita mulher poder atemorizar e fazer tremer um homem da cabeça até aos pés. Se essa ocorrência, do ponto de vista analítico, pode ser sujeita a interrogações mas não causa inquirições transcendentais, já o facto da máquina proceder igualmente e em consonância com o seu detentor, isto sim, e como nefelibata, a andar nas nuvens, coloca-nos sob o manto diáfano da introspecção. Em silogismo, poderemos aventar que o aparelho, deixando de ser independente e extrínseco, passou a ser a extensão do homem urbano. Nesta era digital, contrariando o corte entre pessoa e coisa, a máquina ganhou vida e de controlada passou a controleira do seu pensamento, da sua vontade e da sua forma de ser, tornando-se intrínseca à própria condição humana. Até onde nos vai levar esta subalternização e dependência ainda está para se ver. Estamos apenas no limiar de uma jornada que, apesar dos incomensuráveis proventos comunicacionais, pelos custos sociais, destruidores de sentimentos profundos de partilha conducentes ao isolamento e da actividade física laboral, inevitavelmente, no balanço final que se fará nas gerações vindouras, verificar-se-á que este domínio absoluto teria sido pernicioso e detractor da liberdade enquanto conceito de independência intelectual.
Para prejuízo da retratada, Catarina Martins, num elementar argumento estafado e estafermo, desvalorizando a minha pouca competência, tentei explicar a razão desta fotografia ter saído completamente esboçada. Consegui?


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