Na tarde deste domingo, último, num
anfiteatro bem composto do Conservatório de Música de Coimbra e com cerca de
duas centenas de pessoas, o independente Movimento Cidadãos Por Coimbra (CPC) apresentou a síntese das sessões de debate programático realizadas
durante a manhã e a apresentação dos cabeças
de lista à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal de Coimbra.
Com uma mesa de painel
constituída por Luísa Bebiano Correia, Catarina Martins, Isabel Campante, José
Dias, José Vieira Lourenço, Fátima Carvalho e Pedro Rodrigues foi exarado o
resultado das intervenções matutinas. Em resumo de explanação dos vários
oradores, fica um cheirinho do que lá
se passou. Por parte de Catarina Martins, professora universitária, foi dito o
seguinte: “É preciso travar a discussão do
PDM, Plano Diretor Municipal, que está a ser feito no maior dos segredos. É
necessário acreditar na reabilitação urbana, impedir a edificação de novas
construções e apostar na renovação de novos moradores para o centro da cidade.
É preciso travar a privatização da água. Deve-nos preocupar também os SMTUC,
Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra."
Fátima Carvalho, ex-sindicalista,
defendeu que “estamos todos a precisar de
esperança. É necessário envolver os cidadãos. Por isso mesmo temos de saber o
que pensam. Se eles não vêm aqui, teremos nós de ir até eles. A economia da
cidade é melhor do que a sua política. Há uns anos atrás viam-se alguns dos seus
sectores a fazer parte do empobrecimento. Agora verificamos que há muitos mais
sectores a incluir este enfraquecimento. Há na cidade um empobrecimento encapotado.
Temos de nos preocupar com esta pobreza envergonhada. Há muita gente desesperada
com os serviços públicos.”
José Vieira Lourenço, professor,
enfatizou: “A política de inclusão não
pode ser uma política de exclusão. Porque não criar sítios para os cidadãos
dormirem a sesta? O Conselho Municipal de Educação não funciona. A última ata é
de 2008. Vivemos em uma cidade cujo peso do passado pesa demasiado na relação
com o presente. É preciso colocar as desigualdades de avesso. Todos temos a
ganhar com a partilha.”
Pedro Rodrigues, ator e encenador,
em sumário das jornadas, concluiu que “não há falta de oferta cultural na cidade, há é uma insuficiente e desequilibrada
visibilidade para o exterior do que aqui se faz. As instituições trabalham de
costas voltadas, como por exemplo a Câmara Municipal e a Universidade. Temos aí
dois fatores muito importantes na cidade: a candidatura a Património Mundial,
pela Unesco, e a inauguração do Convento de São Francisco.”
No período reservado ao público
presente, Carlos Sá Furtado, professor, interrogou: “Há 2000 fogos desabitados na cidade? Havendo tantas casas vazias vai-se
continuar a construir?”
Serafim Duarte, deputado na
Assembleia Municipal, exclamou: “Se há um
assunto importante a tratar é a revitalização do centro urbano. Por mais “Noites
Brancas” e outras iniciativas que se façam serão sempre paliativos. É urgente
desenvolver a revivificação e ocupação da Baixa. Não precisamos de mais espaços.
É preciso densificar os existentes. A Rua da Sofia tem uma série de antigos
colégios desabitados. O Terreiro da Erva e a Praça do Comércio precisam de
atividades âncora.”
Pedro Bingre, professor, em
resposta a uma intervenção na plateia de um cidadão sobre o que se passa na
Baixa comercial, defendeu que “construiu-se
uma casa nova em cada 6 minutos. (Na última década) o PIB, Produto Interno Bruto,
subiu cerca de 40 por cento e a dívida hipotecária cresceu para os 2300 por
cento. Vivemos em uma cidade que vive do rentismo –especulação absolutista
das rendas. Os comerciantes têm de vender
cada vez a mais baixo preço e as rendas mantêm-se. Aos estudantes a mesma
coisa. É urgente acabar com esta exploração. Não se pode permitir que alguns
proprietários parasitem num setor tão importante para a cidade.”
Sob a música de fundo dos Deolinda, “Agora sim, damos a volta a isto.
Agora sim há pernas para andar”, subiram ao palco o mandatário, Abílio
Hernandes, docente da Faculdade de Letras, e os candidatos à Assembleia
Municipal e à autarquia, respetivamente José Reis, diretor da Faculdade de
Economia de Coimbra, e Ferreira da Silva, reconhecido advogado na cidade.
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