segunda-feira, 29 de abril de 2013

JORNADAS CIDADÃS DO CPC



 Na tarde deste domingo, último, num anfiteatro bem composto do Conservatório de Música de Coimbra e com cerca de duas centenas de pessoas, o independente Movimento Cidadãos Por Coimbra (CPC) apresentou a síntese das sessões de debate programático realizadas durante a manhã e a apresentação dos cabeças de lista à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal de Coimbra.
Com uma mesa de painel constituída por Luísa Bebiano Correia, Catarina Martins, Isabel Campante, José Dias, José Vieira Lourenço, Fátima Carvalho e Pedro Rodrigues foi exarado o resultado das intervenções matutinas. Em resumo de explanação dos vários oradores, fica um cheirinho do que lá se passou. Por parte de Catarina Martins, professora universitária, foi dito o seguinte: “É preciso travar a discussão do PDM, Plano Diretor Municipal, que está a ser feito no maior dos segredos. É necessário acreditar na reabilitação urbana, impedir a edificação de novas construções e apostar na renovação de novos moradores para o centro da cidade. É preciso travar a privatização da água. Deve-nos preocupar também os SMTUC, Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra."
Fátima Carvalho, ex-sindicalista, defendeu que “estamos todos a precisar de esperança. É necessário envolver os cidadãos. Por isso mesmo temos de saber o que pensam. Se eles não vêm aqui, teremos nós de ir até eles. A economia da cidade é melhor do que a sua política. Há uns anos atrás viam-se alguns dos seus sectores a fazer parte do empobrecimento. Agora verificamos que há muitos mais sectores a incluir este enfraquecimento. Há na cidade um empobrecimento encapotado. Temos de nos preocupar com esta pobreza envergonhada. Há muita gente desesperada com os serviços públicos.”
José Vieira Lourenço, professor, enfatizou: “A política de inclusão não pode ser uma política de exclusão. Porque não criar sítios para os cidadãos dormirem a sesta? O Conselho Municipal de Educação não funciona. A última ata é de 2008. Vivemos em uma cidade cujo peso do passado pesa demasiado na relação com o presente. É preciso colocar as desigualdades de avesso. Todos temos a ganhar com a partilha.”
Pedro Rodrigues, ator e encenador, em sumário das jornadas, concluiu que “não há falta de oferta cultural na cidade, há é uma insuficiente e desequilibrada visibilidade para o exterior do que aqui se faz. As instituições trabalham de costas voltadas, como por exemplo a Câmara Municipal e a Universidade. Temos aí dois fatores muito importantes na cidade: a candidatura a Património Mundial, pela Unesco, e a inauguração do Convento de São Francisco.”
No período reservado ao público presente, Carlos Sá Furtado, professor, interrogou: “Há 2000 fogos desabitados na cidade? Havendo tantas casas vazias vai-se continuar a construir?”
Serafim Duarte, deputado na Assembleia Municipal, exclamou: “Se há um assunto importante a tratar é a revitalização do centro urbano. Por mais “Noites Brancas” e outras iniciativas que se façam serão sempre paliativos. É urgente desenvolver a revivificação e ocupação da Baixa. Não precisamos de mais espaços. É preciso densificar os existentes. A Rua da Sofia tem uma série de antigos colégios desabitados. O Terreiro da Erva e a Praça do Comércio precisam de atividades âncora.”
Pedro Bingre, professor, em resposta a uma intervenção na plateia de um cidadão sobre o que se passa na Baixa comercial, defendeu que “construiu-se uma casa nova em cada 6 minutos. (Na última década) o PIB, Produto Interno Bruto, subiu cerca de 40 por cento e a dívida hipotecária cresceu para os 2300 por cento. Vivemos em uma cidade que vive do rentismo –especulação absolutista das rendas. Os comerciantes têm de vender cada vez a mais baixo preço e as rendas mantêm-se. Aos estudantes a mesma coisa. É urgente acabar com esta exploração. Não se pode permitir que alguns proprietários parasitem num setor tão importante para a cidade.”
Sob a música de fundo dos Deolinda, “Agora sim, damos a volta a isto. Agora sim há pernas para andar”, subiram ao palco o mandatário, Abílio Hernandes, docente da Faculdade de Letras, e os candidatos à Assembleia Municipal e à autarquia, respetivamente José Reis, diretor da Faculdade de Economia de Coimbra, e Ferreira da Silva, reconhecido advogado na cidade.



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