Segundo os jornais de hoje da cidade, Diário as Beiras e Diário de Coimbra, “Comandante da Polícia Municipal punido com 45 dias de suspensão.”
Citando o diário de Coimbra, “Euclides Santos, comandante da Polícia Municipal, será suspenso por 45 dias. O processo disciplinar instaurado pela Câmara de Coimbra na sequência do e-mail de Boas Festas, com mulheres em trajes menores e em que fazia votos de “relações sexuais incríveis”, enviado, por engano, a todos os funcionários da autarquia foi votado, ontem pelos vereadores presentes na primeira reunião de 2012.
Tomada por votação secreta, no final da reunião de ontem do executivo municipal –situação que motivou mesmo o pedido por parte do presidente João Paulo Barbosa de Melo para que jornalistas e funcionários da autarquia abandonassem a sala das sessões-, a deliberação foi aprovada com oito votos a favor, um contra e um branco.”
Não há dúvida que o executivo surpreende... pela negativa. E, a meu ver, muito mais a oposição. Votar a favor num caso destes –tratou-se de um engano e com retratação do autor- será o mesmo, por analogia e com algum exagero, que condenar alguém à morte por mero acidente causal por parte do arguido.
Sinceramente, tenho muita pena que a oposição não tenha visto que estava perante um caso de diminuta relevância social –apesar da decisão do instrutor do processo, ao dar-lhe importância jurídica e sancionatória, duvido que, em caso de recurso de Euclides Santos, o Tribunal Administrativo ratifique esta deliberação. Aliás, pela sua honra, pela sua dignidade profissional, faço votos para que o comandante da PM impugne tal parecer. Não é só a sua posição que está em causa, é, sobretudo, o clarificar, o saber em que lugar, deste desenvolvimento de que tanto se fala, se coloca a cidade perante um “bacoquismo” desta envergadura. O saber o que pensa, em sentença, o Tribunal Administrativo deste caso, é fundamental. Ainda é cedo para saber o que vai acontecer, mas se, eventualmente, o tribunal não der provimento à pretensão da Câmara Municipal como é que fica o executivo perante os munícipes? E a oposição? É assim, com tomadas de posição paroquiais e mais consentâneas com países da América Latina, que quer conquistar a autarquia?
Num tempo em que se discute a “barriga de aluguer”, é, no mínimo, caricato, patético, esta tomada de posição pelos vereadores. Num país e numa época em que foi legalizado o casamento homossexual, parece incrível como é que alguém pode, com discernimento absoluto, vir condenar um envio –por engano, convém sublinhar- de umas imagens com mulheres em trajes íntimos. Nem sequer falamos de mulheres nuas, mas sim semi-vestidas.
Um lamento profundo por este executivo que temos. Um grande abraço de solidariedade a Euclides Santos e que, nesta hora, ainda tenha forças para continuar a lutar pela verdade. Pelo respeito e decência que a cidade merece, este caso não pode ficar assim. É Coimbra que está em causa. Os habitantes do distrito, de modo algum, se podem rever nesta resolução. É Portugal que é posto em cheque.
Parecido com isto, só me ocorre quando, em 1992, Sousa Lara, então subsecretário da Cultura, vetou o romance de José Saramago “Evangelho Segundo Jesus Cristo” para concorrer ao Prémio Literário Europeu com o argumento de que o mais tarde Nobel da Literatura não representava Portugal.
Passados 20 anos verificamos que ainda há muitos “Sousa Laras” por aí. Ainda há muitos esqueletos nos armários mal arrumados e mal explicados. Triste país. Triste Cidade de Coimbra!
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1 comentário:
Ao ler hoje nos jornais locais e nacionais a suspensão do Comandante da Policia Municipal sem que ele ainda tenha sido notificado deu-me vómitos.
Em relação ao email que levou o Comandante Euclides Santos a ser suspenso de funções, não sei se foi enviado por lapso ou conscientemente, mas isso também é irrelevante e comparado com o tratamento que a Câmara Municipal dá aos seus munícipes e comerciantes até posso dizer que é um bombom.
Euclides Santos até ao momento no meu entender é o melhor Comandante que a Policia Municipal teve, digo isto com total imparcialidade porque não conheço nenhum deles pessoalmente.
Este assunto devia ter sido tratado só internamente como qualquer outro procedimento disciplinar e não fazerem o julgamento publicamente com tem sido feito.
Gostava de deixar ficar aqui uma pergunta a quem me quiser responder:
A pessoa ou pessoas que fizeram chegar o dito email aos jornais não incorrem no mesmo tipo de procedimento disciplinar?
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