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Tenho de confessar, mesmo antes de começar já estou a duvidar da minha razão. Mas, mesmo assim, vou continuar. Numa altura em que o país está atravessar uma enormíssima crise de recursos financeiros, fará sentido, com toda a pujança e cagança, levar para a frente o projecto “Guimarães, Capital Europeia 2012”? É certo que é uma iniciativa europeia e já com compromissos assumidos há anos, mas mesmo assim! Num tempo em que se pedem sacrifícios e mais sacrifícios aos portugueses em geral; numa altura em que os bombeiros, por falta de verbas, estão a deixar cair os braços –basta lembrar aqui os constantes apelos de João Silva em tudo o que é meio local de informação para que se ajude os Bombeiros Voluntários de Coimbra-; basta olhar à nossa volta, são comerciantes a caírem na indigência por falta, descarada, de subsídio de desemprego –o que leva a supor que não se atribui porque, se o consignassem, mais de metade dos lojistas encerrariam imediatamente; basta dar uma volta à noite pela Baixa, é uma dor de alma verificar o elevado número de sem-abrigo, que se encontram a dormir enrolados em cartões e alguns em cobertores, em tudo o que é rebate de porta e junto à Loja do Cidadão. Quando se vê um quadro daqueles começamos por interrogar que espécie de sociedade é esta que se está a criar. E, continuando um pouco a análise, facilmente se chega ao questionar da razão deste folclore “Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012” e outros que, se calhar, apesar da retracção económica e como se estivéssemos no melhor dos mundos, continuarão a realizar-se pela Europa.
Não quero com isto parecer uma espécie de “velho do Restelo”, que diz mal de tudo e de todos. Nada disso! O que quero dizer é que se o circo faz falta, muito mais fará o pão. E com isto, com este princípio, penso também nos estádios de futebol cheios, nos concertos musicais e outros eventos caríssimos. Tenho a certeza de que não devemos levar a vida como eremitas, mas também, perante os factos, não podemos embarcar totalmente na filosofia epicurista e, sem pensar no dia de amanhã, gozarmos obsessivamente o dia como se fosse o último. O que quero dizer é que temos todos de ser comedidos nos gastos. É certo que perante as notícias repetidas do nosso desastre nos apetece atirar a manta ao chão e dizer: “que se lixe, se não tenho futuro, vou viver intensamente o presente!”
No meu entendimento, já que fui habituado a nunca gastar tudo o que se tem, creio que este exemplo que vem de cima –mesmo relevando o compromisso-, em dar circo e mais circo ao povo, acho que não está certo. Sobretudo quando o Governo e o BCE, Banco Central Europeu, continuam a impor-nos condições draconianas para cortar verbas na cultura em geral. Pelo menos, no meu entendimento há qualquer coisa que não bate certo, não estará correcto.
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