terça-feira, 10 de janeiro de 2012

GENTE DA NOSSA RUA (17)



Há certas pessoas na cidade
que nunca deveriam morrer,
são símbolos de antiguidade,
luzes brilhantes no anoitecer,
património da humanidade,
dão-nos força para viver;

Passamos por elas uma vida,
achamos que sempre ali estiveram,
são marcos numa praça esquecida,
em gestos simples nos acolheram,
semáforos tricolores numa avenida,
nunca um sorriso nos mereceram;

Até que um dia, uma tarde qualquer,
por ali passamos novamente,
sentimos o nosso coração encolher,
falta uma peça naquele ambiente,
é como um luar de Agosto a chover,
uma tristeza nos invade docemente;

Só então damos conta da ingratidão,
de tanta injustiça que cometemos,
é bem certo que foi por distracção,
mas, repare-se, não desvalorizemos,
agora é preciso tomar mais atenção,
é uma pessoa com alma… olhemos!


 Não sou fotógrafo, nem percebo nada de fotografia. Olho para alguém ou um qualquer cenário e se vejo algo que me “toque” os sentidos disparo. Nos últimos três anos reuni milhares de imagens.
Lembrei-me de separar umas dezenas e publicar aqui diariamente três. A esta exposição vou chamar-lhe “gente da nossa rua”. Infelizmente, alguns dos retratados já não estão entre nós. De qualquer modo, sublinho, este relembrar é sempre sob a óptica do respeito e consideração por alguém anónimo ou nem por isso que passa ou passou por nós. A escolha é minha e não tem qualquer pendor de favor.
Gostava de, um dia destes, passar estas fotos do virtual para o tangível e fazer uma exposição aí num local público da Baixa. Se, entre os leitores, houver um mecenas que queira patrocinar. Faça o favor de dizer alguma coisa.
Então já sabe, diariamente, colocarei três fotos diferentes e sempre com uma poesia que compus a relembrar que é preciso olhar para com quem nos cruzamos.

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