terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ORA LEIA ESTA CARTA DO PRAVDA, ESCRITA HÁ 9 MESES

(RETIRADO DA WEB)



Em 22 de Março do ano transacto, jornal russo "Pravda.ru" escreveu 4 páginas sobre Portugal

 Thursday, 17 March 2011

Foram tomadas medidas draconianas esta semana em Portugal pelo Governo liberal de José Sócrates, um caso de um outro governo de centro-direita pedindo ao povo português a fazer sacrifícios, um apelo repetido vezes sem fim a esta nação trabalhadora,  sofredora, historicamente deslizando cada vez mais no atoleiro da miséria.

 
E não é por eles serem portugueses.
 
Vá ao Luxemburgo, que lidera todos os indicadores socioeconómicos e
 você vai descobrir que doze por cento da população é portuguesa, o povo
 que construiu um império que se estendia por quatro continentes e que
 controlava o litoral desde Ceuta, na costa atlântica, tornando a costa
 africana até ao Cabo da Boa Esperança, a costa oriental da África, no
 Oceano Índico, o Mar Arábico, o Golfo da Pérsia, a costa ocidental da
 Índia e Sri Lanka. E foi o primeiro povo europeu a chegar ao
 Japão... e Austrália.

 Esta semana, o Primeiro-ministro José Sócrates lançou uma nova onda
 dos seus pacotes de austeridade, corte de salários e aumento do IVA,
 mais medidas cosméticas tomadas num clima de política de laboratório
 por académicos arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contacto
 com o mundo real, um esteio na classe política elitista Portuguesa no
 Partido Social Democrata e Partido Socialista, gangorras de má gestão
 política que têm assolado o país desde os anos 80.

 O objectivo? Para reduzir o défice. Por quê?
 Porque a União Europeia assim o diz. Mas é só a UE?
 Não, não é. O maravilhoso sistema em que a União Europeia se deixou
 ser sugada é aquele em que a agências de Ratings, Fitch, Moody's e
 Standard and Poor's, baseadas nos estados unidos da América (onde
 havia de ser?) virtual fisicamente controlam as políticas fiscais,
 económicas e sociais dos Estados-Membros da União Europeia através da
 atribuição das notações de crédito.

 Com amigos como estes organismos, e Bruxelas, quem precisa de
 inimigos? Sejamos honestos. A União Europeia é o resultado de um pacto
 forjado por uma França tremente e com medo, apavorada com a Alemanha
 depois que suas tropas invadiram seu território três vezes em setenta
 anos, tomando Paris com facilidade, não só uma vez mas duas vezes, e
 por uma astuta Alemanha ansiosa para se reinventar após os anos de
 pesadelo de Hitler. França tem a agricultura, a Alemanha ficou com os
 mercados para sua indústria.

 E Portugal? Olhem para as marcas de automóveis novos conduzidos por
 motoristas particulares para transportar exércitos de "assessores"
 (estes parecem ser imunes a cortes de gastos) e adivinhem de qual país
 eles vêm? Não, eles não são Peugeot e Citroen ou Renault. Eles são
 Mercedes e BMWs. Topo-de-gama, é claro.

 Os sucessivos governos formados pelos dois principais partidos, PSD
 (Partido Social Democrata, direita) e PS (Socialista, de centro), têm
 sistematicamente jogado os interesses de Portugal e dos portugueses
 pelo esgoto abaixo, destruindo sua agricultura (agricultores
 portugueses são pagos para não produzir) e sua indústria (desapareceu)
 e sua pesca (arrastões espanhóis em águas lusas), a troco de quê?
 O quê é que as contrapartidas renderam, a não ser a aniquilação total
 de qualquer possibilidade de criar emprego e riqueza em uma base
 sustentável?

 Aníbal  Cavaco da Silva, agora presidente, mas primeiro-ministro durante
 uma década, entre 1985 e 1995, anos em que estavam despejando bilhões
 através das suas mãos a partir dos fundos estruturais e do
 desenvolvimento da UE, é um excelente exemplo de um dos melhores
 políticos de Portugal. Eleito fundamentalmente porque é considerado
 "sério" e "honesto" (em terra de cegos, quem vê é rei), como se isso
 fosse um motivo para eleger um líder (que só em Portugal, é) e como se
 a maioria dos restantes políticos (PSD/PS) fossem um bando de
 sanguessugas e parasitas inúteis (que são), ele é o pai do défice
 público em Portugal e o campeão de gastos públicos.
 
A sua "política de betão" foi bem concebida, mas como sempre, mal
 planeada, o resultado de uma inepta, descoordenada e, às vezes
 inexistente localização no modelo governativo do departamento do
 Ordenamento do Território, vergado, como habitualmente, a interesses
 investidos que sugam o país e seu povo.
 
Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção
 de pontes e auto-estradas para abrir o país a Lisboa, facilitando o
 transporte interno e fomentando a construção de parques industriais
 nas cidades do interior para atrair a grande parte da população que
 assentava no litoral.

 O resultado concreto, foi que as pessoas agora tinham os meios para
 fugirem do interior e chegar ao litoral ainda mais rápido. Os parques
 industriais nunca ficaram repletos e as indústrias que foram criadas,
 em muitos casos já fecharam.

 Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE vaporizou
 em empresas e esquemas fantasmas. Foram comprados Ferraris. Foram
 encomendados Lamborghini. Maserati. Foram organizadas caçadas de
 javali em Espanha. Foram remodeladas casas particulares. O Governo e
 Aníbal Silva ficou a observar, no seu primeiro mandato, enquanto o
 dinheiro foi desperdiçado. No seu segundo mandato, Aníbal Silva ficou
 a observar os membros do seu governo a perderem o controle e a
 participarem. Então, ele tentou desesperadamente distanciar-se do seu
 próprio partido político. E ele é um dos melhores.

 Depois de Aníbal Cavaco da Silva veio o bem-intencionado e humanitário, António
 Guterres (PS), um excelente Alto Comissário para os Refugiados e um
 candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um buraco negro
 em termos de (má) gestão financeira. Ele foi seguido pelo diplomata
 excelente, mas abominável primeiro-ministro José Barroso (PSD) (agora
 Presidente da Comissão da EU, "Eu vou ser primeiro-ministro, só que
 não sei quando") que criou mais problemas com seu discurso do que ele
 resolveu, passou a batata quente para Pedro Santana Lopes (PSD), que não tinha
 qualquer hipótese ou capacidade para governar e não viu a armadilha.
 Resultando em dois mandatos de José Sócrates; um Ministro do Ambiente
 competente, que até formou um bom governo de maioria e tentou
 corajosamente corrigir erros anteriores. Mas foi rapidamente asfixiado
 por interesses instalados.

 Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este
 primeiro-ministro, são o resultado da sua própria inépcia para
 enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crise
 mundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo
 foram buscar três triliões de dólares de um dia para o outro para
 salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis, enquanto nada foi
 produzido para pagar pensões dignas, programas de saúde ou projectos
 de educação).

 E, assim como seus antecessores, José Sócrates, agora com minoria,
 demonstra falta de inteligência emocional, permitindo que os seus
 ministros pratiquem e implementem políticas de laboratório, que
 obviamente serão contra-producentes.

Pravda.Ru entrevistou 100 funcionários, cujos salários vão ser reduzidos. Aqui estão os
 resultados:

 -Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou trabalhar menos
 (94%).

-Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou fazer o meu
 melhor para me aposentar cedo, mudar de emprego ou abandonar o país
 (5%).

 -Concordo com o sacrifício (1%) Um por cento.

 

Quanto ao aumento dos impostos, a reacção imediata será que a economia encolhe ainda mais enquanto as pessoas começam a fazer reduções simbólicas, que
 multiplicado pela população de Portugal, 10 milhões, afectará a
 criação de postos de trabalho, implicando a obrigatoriedade do Estado
 a intervir e evidentemente enviará a economia para uma segunda (e no
 caso de Portugal, contínua) recessão. Não é preciso ser cientista de
 física quântica para perceber isso. O idiota e avançado mental que
 sonhou com esses esquemas, tem resultados num pedaço de papel, onde
 eles vão ficar. É verdade, as medidas são um sinal claro para as
 agências de ratings que o Governo de Portugal está disposto a tomar
 medidas fortes, mas à custa, como sempre, do povo português. Quanto ao
 futuro, as pesquisas de opinião providenciam uma previsão de um
 retorno para o PSD, enquanto os partidos de esquerda (Bloco de
 Esquerda e Partido Comunista Português) não conseguem convencer o
 eleitorado de suas ideias e propostas.

 Só em Portugal, a classe elitista dos políticos PSD/PS seria capaz de

 punir o povo por se atrever a ser independente. Essa classe, enviou os
 interesses de Portugal no ralo, pediu sacrifícios ao longo de décadas,
 não produziu nada e continuou a massacrar o povo com mais castigos.
 Esses traidores estão levando cada vez mais portugueses a questionarem
 se deveriam ter sido assimilados há séculos, pela Espanha. Que
 convidativo, o ditado português "Quem não está bem, que se mude".
 Certo, bem longe de Portugal, como todos os que possam, estão fazendo.
 Bons estudantes a jorrarem pelas fronteiras fora. Que comentário
 lamentável para um país maravilhoso, um povo fantástico, e uma classe
 política abominável.
 
 
Timothy Bancroft-Hinc


(RECEBIDO POR E-MAIL)


Sem comentários: