"Morreu Pedro Osório", foi assim que a notícia, escrita e falada, foi apresentada ontem.
Quando vejo desaparecerem vultos enormes da nossa cultura, grandes como o maestro Pedro Osório, sinto sempre um nó na garganta. Se estivessem noutro qualquer país da Europa teriam sido, legitimamente, laureados pelo mundo inteiro. Cá, em Portugal, não. É apenas mais um que se vai. Não sei se nos últimos tempos de vida, este grande músico passou mal -porque ontem ao vê-lo, ainda com vida, em entrevista na televisão, com um aspecto um pouco desleixado, até isso me ocorreu. Espero que não, uma vez que, felizmente, os artistas têm essa grande obra, a Casa do Artista, onde se podem acolher e morrer com dignidade.
É lógico que estou a "chover no molhado", mas é triste o nosso país atribuir tão pouco valor, em importância, à Cultura. Todos os nossos vizinhos europeus sabem que a cultura gera riqueza material e imaterial, aqui parece que não. Ninguém se importa com a nossa memória colectiva. Poucos vêem que é a nossa identidade de povo que está em causa. O resultado está à vista. Basta olhar à volta e atentar neste grande nome que nos deixa. Claro que há excepcções -estou a lembrar-me de Amália Rodrigues-, mas quando a excepção confirma a regra, perde a sua perenidade e deixa de o ser.
Em vida, a maioria de nós -incluindo eu- nunca nos lembrámos de Pedro Osório. Agora que desapareceu, durante uns dias, vamos todos ouvir músicas deste artista finado, depois, lentamente, passará a ser um nome apenas guardado na memória dos mais velhos. Está mal, não está?! Afinal para que valeu Deus ou a Natureza darem talentos a estas pessoas se depois, enquanto vivem e têm potencialidades de mostrarem o que valem, quem mais teria a ganhar, desenvolvendo-os e apoiando-os, não o faz? Triste, não é?!
Sentidos pêsames para a família enlutada do Grande Maestro Pedro Osório.
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