quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A RES PUBLICA... DAS BANANAS

(IMAGEM DA WEB)



 O Governo acaba de anunciar que vai extinguir os feriados do 1 de Dezembro e 5 de Outubro.
Antes de prosseguir, como salvaguarda, gostaria de dizer que não sou um republicano muito convicto. Pelo que sei, pelo que leio, enferma dos mesmos vícios da Monarquia. Basta debruçarmo-nos um pouco sobre o período entre 1890, com as críticas mordazes de Rafael Bordalo Pinheiro, e 1910 para verificarmos que os dois sistemas políticos sofrem do mesmo cancro: benefício claro da mesma família aristocrática.
Continuando, depois da ressalva, nesta supressão dos feriados, há uma questão que é notória: fará algum sentido ainda no ano passado o Estado ter gasto cerca de 10 milhões –vou repetir, dez milhões- de euros nas comemorações do Centenário da República e este ano acabar com a sua efeméride?
Pode até argumentar-se que o Governo do ano passado, de Sócrates, era Socialista e o deste ano, de passos Coelho, é Social-democrata. Mas isto diz o quê? Sei lá! Se calhar que o primeiro, Socialista, não olhava a meios para atingir os fins… de propaganda e o segundo, Social-democrata, que não olha aos fins para cortar nos meios… mesmo caindo no ridículo e na falta de respeito por quem é Republicano e sente a causa profundamente.
A diferença entre o custo e o benefício justificará esta medida? Estou convencido que não. Mais ainda, por uma questão de equidade na análise, vamos colocar numa balança de dois pratos de um lado a comemoração da República e do outro a efeméride do 25 de Abril. Porque razão pesará mais a data da revolução dos cravos? Por ser mais recente e estar mais avivada na memória? E este argumento é convincente? Para quem? Bom, se calhar, para os que hoje, à custa do derrube do Estado Novo, enriqueceram de sobremaneira.
Já agora, especulando ironicamente e tentando encontrar razão onde não há, pensando melhor, provavelmente o Governo até estará certo ao apagar com uma borracha a data de 5 de Outubro. Senão vejamos: “República” vem do latim “Res publica, que significa coisa pública, de todos, do colectivo. Ora se nos últimos anos todos temos assistido a um progressivo desgaste do seu sentido de partilha societário em benefício de alguns, é lógico que não se entende continuar a elevar-se algo que se arrasta pelas pedras da calçada. Às tantas foi por isto mesmo que se apagou a luz republicana. O que podiam era ter explicado. É ou não é? Evitava eu de estar para aqui a deitar fumo pelas orelhas.
Voltando novamente ao sério, é com estas decisões que, por um lado, se começa a entender como é que as Finanças Públicas estão no charco, por outro, porque é que há uma onda crescente de hostilização aos políticos que governam ou governaram o país.
Esta decisão, perante o acontecimento do ano passado, no mínimo, deveria merecer deste Governo algum respeito. É uma decisão demasiadamente caricata para conseguir compreender.


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