quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

COMO LAVAR A ALMA ATRAVÉS DE UM LIVRO




 Segundo o Diário de Coimbra de hoje, “Carlos Encarnação e João Rebelo lançam segunda-feira, em Coimbra, obra conjunta que é um “olhar crítico sobre o projecto”... com sugestões.”
Continuando a citar o jornal, “(...) É para contar a história de uma obra exemplar na forma como não se deve decidir uma obra pública que Carlos Encarnação, ex-presidente da Câmara Municipal de Coimbra e da Mesa da Assembleia.Geral da Metro Mondego, e João Rebelo, ex-vereador e representante da autarquia na Metro Mondego ao longo de vários anos “Como não decidir uma obra pública – Um metro da Razão ao Erro” (...)”
Ao constatar esta notícia, em que dois sujeitos, respectivamente Encarnação, presidente da autarquia de Coimbra durante quase uma dezena de anos, e Rebelo, vice-presidente deste último durante quase 5 anos, foram activamente pedras-de-toque fundamentais nesta decisão/frustração do Metro Mondego -começo por bater com a mão na testa várias vezes para ver se estou acordado- pergunto-me se estarei a ler bem. Quer dizer, estes dois autarcas, que tiveram uma responsabilidade directa neste processo, que à custa da promessa do metro ligeiro de superfície serviu para ganhar sucessivas eleições, que a expensas do mítico metro mandaram esventrar a prometida avenida central sem terem o projecto aprovado, têm o descaramento de, lavando as mãos como Pilatos, virem dar lições e atirar a culpa para os outros? Ou, se calhar, estarei enganado e contrariamente, assumindo a sua parte de culpa, vêm lavar a alma? É possivel que se trate exactamente desta intenção. Afinal já estão com uma certa idade e vale mais acertar já aqui contas na Terra, com o povo de Coimbra, do que deixar tudo lá para o Inferno. Sim, Inferno, porque estes dois sujeitos, enquanto eleitos por sufrágio, defenderam mais os seus interesses partidários e pessoais -no sentido da sua reeleição e assegurar os seus lugares- do que convinha ao colectivo, e, por isso, é lá o seu lugar.
Espero, sinceramente -sem o mínimo de fé- que o livro seja uma retratação. Se assim não for, em metáfora, este acto, até parece o vulgar comportamento do pirómano: ateia o fogo, goza o espectáculo, ajuda a apagá-lo e, no fim, ainda critica os bombeiros.
Se isto não fosse triste, e com elevados custos para a cidade e para os residentes além-Ceira, até dava vontade de rir. Mas, também é certo, já estamos habituados a tudo, mesmo a faltas de vergonha como esta.

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