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Jorge Neves deixou um novo comentário na sua mensagem "A REVOLTA DOS FRUTEIROS":
Entrei hoje na Loja do Pan e conferi o seguinte: ele tem a mesma uva em caixas diferentes de venda ao publico, uma das caixas a 0.59 cêntimos e a outra caixa a 1.49 euros. Como já estive no ramo posso garantir que é possível fazer este preço de o.59 cêntimos o kg. Como? É simples, se eu for ao Mercado Abastecedor a poucos minutos dele encerrar compro todo o tipo de fruta e legumes a baixo custo.
Por outro lado se tiver condições para comprar caixas de fruta ou legumes de 1ª categoria mas já com alguns toques de amadurecimento, algumas folhas amareladas, e as comprar, e fizer a respectiva escolha na minha loja, também me sai a baixo custo, logo consigo vender muitíssimo mais barato. Isto dá trabalho, é preciso ter tempo e condições. Nesta área os chineses são muito mais espertos que os comerciantes portugueses. Atenção que não estou a defender o Pan nem a criticar a sua conduta.
Deixo aqui uma sugestão:
Porque razão os donos das frutarias da Baixa de Coimbra não se juntam e fazem as compras em grupo? Aposto que comprando em grande quantidade o produto sairá muito mais barato.
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NOTA DO EDITOR
Deixo aqui uma sugestão:
Porque razão os donos das frutarias da Baixa de Coimbra não se juntam e fazem as compras em grupo? Aposto que comprando em grande quantidade o produto sairá muito mais barato.
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NOTA DO EDITOR
Obrigado, Jorge, pelo comentário. Respeito e aceito completamente o seu ponto de vista, porém, em contraditório, tenho de escrever umas coisas que me saltaram quando você escreveu este seu texto.
1-Como sabe, sou comerciante, já de cabelos brancos e com alguma idade.
Sou do tempo em que se trabalhava no comércio para se ganhar dinheiro. Isto é, os comerciantes trabalhavam e, ao fim do dia, retirando todos os custos, crescia uma fatia generosa a que chamamos lucro. Era muito grande? Não sei, nem vou usar bitola. Com esta margem de comercialização havia emprego no comércio. Por sua vez o consumidor, tendo em conta a inflação e o pagamento de impostos directos e indirectos, tinha uma margem que, mesmo sabendo que o merceeiro ou outro ganhava bem, dava para adquirir os melhores produtos e de grande qualidade. Ambos, comerciantes e consumidores viviam felizes.
2-Sobretudo a partir de 1995 –com a assinatura de adesão de Portugal à Organização Mundial de Comércio- entrámos nesta rampa de declínio de preços. Também porque, devido ao índice de desenvolvimento da população, houve deslocação do sector Primário para o Terciário, para o comércio e serviços. Com esta invasão assistimos a uma concorrência selvagem do tipo “salve-se quem puder”. As grandes áreas comerciais, por sua vez, vieram institucionalizar a lei do mais forte.
Em paridade e transversalmente a todos os bens transmissíveis, para conseguir acompanhar a filosofia do “comprar muito por pouco”, os artigos reduziram extraordinariamente a qualidade ao mesmo tempo que os preços iam baixando. Por outro lado, se as margens de lucro se iam reduzindo, por outro, proporcionalmente, íamos assistindo progressivamente a cada vez mais encerramentos de fábricas e pequenos negócios tradicionais.
3 –Começo por interrogar: quem ganhou com este ininterrupto abaixamento de preços? A meu ver uma classe e um grupo. A classe foi os consumidores em geral, que somos todos. O grupo foi os países emergentes do terceiro-mundo, nomeadamente, entre outros, a China e a Índia.
Ora, poderemos pensar que se ganharam os consumidores –que somos todos-, então aparentemente, estamos numa transformação económica onde só há um verso de uma hipotética medalha e, portanto, todos vencedores.
Acontece que tudo na vida é de dupla-face, e aqui, naturalmente, também existe reverso. E qual é? Basta olhar em volta, uma crise aguda com incidência directa nesse consumismo que assentou em duas premissas: crédito fácil para produtos de baixo preço e acessíveis a todos. E os custos de toda esta deflação que estamos a viver e mal calculada gestão das Finanças Públicas pelos economistas encartados? Um desemprego de 12,7 por cento e um encerramento brutal de quase uma centena de empresas por mês. Tenho de lembrar também uma questão que quase nunca é referida: os custos para a saúde pública. Quantas pessoas morrem de cancro diariamente devido às transformações de produtos que, tendo em conta só o lucro fácil, provocam milhões de mortes no mundo inteiro.
Valeu a pena este deslizar de preços pelo cano abaixo? Hoje vivemos mais felizes? Não responda já, porque a procissão ainda vai no adro.
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2 comentários:
Ora ai é que está, senhor Jorge Neves.
Quem não sabe ser caixeiro, que feche a loja.
aqui não se trata de quem tem razão,tanto o Luís como o Jorge dizem coisas correctas,não se pode dizer que um ou outro estão errados.Apenas expõem perspectivas diferentes do mesmo assunto.
O que se deve salientar é o facto de algumas benesses para o consumidor,como o abaixamento de preços de alguns bens,posteriormente terão alguns prejuízos.Este é um assunto muito complexo,tem muitos aspectos a bordar,não só económicos mas soci8ais também.E o português,mais do que outros povos,ilude-se muito,só «vê» o que lhe interessa no momento amanhã logo se vê.Se posso comprar as uvas a .49 porquê comprar a 1.49?
Abraço,Marco
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