Quem aqui faz o favor de seguir o que escrevo saberá que não tenho muito por costume em plasmar aquele tipo de notícias que, andando de transmissão em transmissão por e-mail, de tanto serem batidas, acabam por criar em nós um sentimento de repulsa. Estou a referir-me a pensões de reforma de A, B e C. Sei lá, mais uns carros novos de uma autarquia –como é o caso da notícia de ontem, do semanário Campeão das Províncias e hoje do Diário de Coimbra, sobre o facto da Câmara Municipal ter adquirido 3 viaturas Peugeot em sistema de “renting” e por troca das anteriores.
O que quero dizer é que é preciso filtrar a informação. Nem sempre o que parece é –quase nunca é. O que noto, nos dias que correm, é que facilmente se envereda por um pensamento fácil e único. E nem é preciso muito, basta tão só que o emissor da notícia tenha alguma credibilidade e estatuto no meio para a informação passar de mão-em-mão, de cabeça-em-cabeça, como rastilho e seja tomada como certa sem questionar a fonte. Já escrevi aqui vários textos sobre a cada vez maior necessidade de qualquer um de nós não embarcar no primeiro comboio que lhe apareça pela frente. E não estou armado em Rodin, o Pensador, nada disso. Não tenho qualquer atributo maior do que um qualquer anónimo ignorante, mas, por enquanto –sei lá!-, para pensar ainda não se paga imposto.
Antes de ir ao fulcro da questão que me levou a escrever este apontamento, perante o bombardeamento diário de informação dou por mim a ficar perdido no meio de tanto tiroteio. Às vezes, por momentos, dou por mim a julgar-me pássaro e lá de cima do céu a olhar cá para baixo. E o que vejo? Num palco, nem tão grande quanto isso, vejo uma série de “maestros” em pé, a gesticularem como sinaleiros, a darem indicações a uma turba imensa de populaça. Lá mais atrás, sentados comodamente em cadeiras folheadas a ouro e bem almofadadas, estão outros. Presumo que estes que estão acomodados serão os ministros do Governo. Os que estão a dar indicações serão elementos agora na oposição e que há muito pouco estiveram sentados nas cadeiras atrás de si esperando o momento certo para lá voltarem. E, lá de cima do meu ponto de observação, como infiro o comportamento da multidão? Vejo que a molhe, sem questionar, segue cegamente as indicações dos regentes. Pareço notar que poucos se apercebem de que estão a ser manipulados e a obedecer a um plano previamente estudado. No fundo estão a fazer o que os ocupantes do palanque querem que se faça, em seu benefício e no estrito sentido dos seus mais primários interesses.
E agora vou então ao tema que me instigou a escrever. Ou seja, o título do jornal Público: “”Estado está a pagar rendas para utilizar prisões que tinha vendido.”
Embora venha na linha do que escrevi atrás, só terá similitude, no sentido de apelar à reflexão. Como é que há três anos foram vendidas, pelo menos, quatro cadeias –Lisboa, Pinheiro da Cruz, Coimbra e Castelo Branco- e agora o Estado paga elevadas rendas para as continuar a usar? Claro que isto não será nada de novo, basta nos lembramos de um edifício dos CTT alienado aqui na cidade de Coimbra há poucos anos. Basta recordar as cerca de 120 toneladas de ouro vendidas por ordem do antigo governador do Banco de Portugal –e agora vice do Banco Central Europeu-, Vítor Constâncio. E a pergunta que gostava de deixar no ar, porque é que estas pessoas, como se fossem recompensadas pela sua incompetência, continuam a subir nas carreiras profissionais? Porque não se faz como na Irlanda e são julgadas por gestão danosa?
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