Ontem estive a ver o programa dos “Prós e Contras”, da RTP1, da dona Fátima Campos Ferreira. Confesso, perante tantos iluminados da economia, virei para o canal à espera de me sentir melhor. É que, sinceramente, nos últimos tempos, cada vez me julgo mais imbecil. É certo que nunca fui um inteligente esclarecido, tenho de o dizer. Mas, agora, é mesmo demais. Sinto-me burro, palavra! E o grave é que até me podia considerar um jumento daqueles que andam para aí, que o são, mas as orelhas não se notam. Pior! Muito pior! Sinto-me mesmo uma cavalgadura, daquelas que não se aproveita nada. Nem os arreios valem um cêntimo furado.
Então, ontem, numa réstia de esperança, lá liguei a caixa que transformou o mundo. Mas vi logo que não me ia safar. Quando comecei a correr o painel de oradores e não vi lá o Medina Carreira, disse cá com os meus botões: “vai dar uma volta Toino, que aqui não te safas!. Falta aí o animador de todos os painéis económicos”. Mas, como todos os jericos, eu sou teimoso, e, mais uma vez, cá conversei com a minha camisa que comprei nos ciganos por 5 euros e que está mesmo a precisar de reforma. Os colarinhos, coitadinhos, de tão surrados que estão, parecem a argumentação do Manuel Alegre a explicar ontem aos militares aquele caso da deserção para Argel.
Bom, mas continuando, lá fui ouvindo o Nogueira Leite comentar que as auto-estradas são importantes para o país pelo aumento de tráfego. Fiquei completamente zonzo. Ai, isso fiquei! Comecei cá a pensar: “então, ó Toino, tens um carro com mais de dez anos, que chia mais que a porta de madeira da senhora Albertina, que, tal como a dona, não vê óleo há mais de trinta anos. Porta e proprietária, gemem como tudo. Parece coisa má! Ora então, se quando vais para qualquer lado, para evitar o pagamento, tomas os caminhos alternativos, para que servem mais auto-vias? Comprar um novo popó, Toino, tira o cavalinho da chuva”.
Depois ouvi o Silva Lopes. Quer dizer aqui já fiquei mais descansado porque não estando o Medina Carreira estava ele, que é o reverso do “bota abaixista”, um pouco mais “soft”, é certo. Enquanto ele ia falando, eu ia olhando as suas rugas, e, mentalmente, ia pensando porque qual a razão de, sendo aposentado com uma reforma dourada, não estar de chinelos calçados à lareira. De repente lembrei-me que ontem nem estava tanto frio assim…e bom, lá o desculpei.
Depois vi o Campos e Cunha –ó pá, aquela barbicha fica-lhe bem. Dá-lhe um ar de Robin dos Bosques! Só não entendi como tendo ele sido ministro das finanças do primeiro governo porque é que ele está tão ressabiado. Matutei, matutei e cheguei à conclusão que eu não entendia porque sou lerdo. É óbvio.
Depois gostei de ouvir o senhor doutor Nazaré a defender o TGV e o Aeroporto. Gostei da sua convicção. O homem parece um actor de cinema. Às vezes fechava os olhos e tinha a certeza que quem estava a falar era o Pepê Rapazote, o dono do café, na novela da SIC, do “Prefeito Coração”. Assim com aquela voz bem colocada e timbrada. Porque é que o doutor Nazaré não seguiu as belas artes? Juro, fartava-me de me interrogar. Naturalmente que não tinha resposta. Mas gostei da sua performance em palco. Ai , isso gostei!
E aquele banqueiro, também já de ar cansado, que parecia ter mais de 90 anos…ai! Como é que ele se chama? Isso…é esse mesmo: João Salgueiro. Gostei mais daquela parte em que ele, quase se pôs em pé –parecia um garnizé-, estava mesmo a ver que ia dar uma bicada nas fuças do doutor Nazaré. Ai, eu seja ceguinho se não gostei daquilo. Gostei mesmo. Depois a coisa lá serenou. Também era normal. A gente sabe que estes debates são igualzinhos aos filmes indianos, saídos de “Bellwood”, acabam sempre aos beijinhos e abraços.
Estava lá um espanhol, por acaso também simpatizei com ele. Não percebi nada do que disse, mas acho que estava cheio de razão. E gostei sobretudo da barbicha à “Zé do Telhado”. Ficava-lhe bem. Ai, isso ficava! Enquanto ele ia debitando umas teorias em “espanholês” eu ia pensando que, se calhar, também deveria deixar crescer os meus pêlos na fronha. Sempre me dava um ar mais sério. Tenho um problema, é que a minha barba foi semeada em dia de muito vento, tem longas clareiras, quase que dá para fazer um aeródromo civil. Mas isso o que é que importa?
Resumindo, não percebi nada desta lição de economia e finanças. Fiquei na mesma. Aliás, fiquei muito pior. Senti-me igualzinho à burra do “Jaquim” “pitrolino”. É certo que lá arranjei uma desculpa para a minha falta de entendimento. Lá pensei: “ó Toino, se eles não se entendem, e não percebem nada daquilo que defendem, como é que tu, alma de Deus, queres perceber o incompreensível? Vai mas é dormir, Toino!”. E eu fui…
1 comentário:
Realmente isto é de uma pessoa andar às aranhas!!!
Se geríssemos os nossos negócios como esta gente gere o país, já 'távamos todos a dormir na rua!!!
Agora se os políticos recebessem conforme a gestão que fazem do país, os cofres de Portugal estariam cheios!!!
Eu nem me importava de pagar um imposto extra para dar bónus a um Ministro da Economia se ele, não só nos tirasse do buraco, como juntasse, ao saldo positivo, dinheiro suficiente para TGV e aeroportos sem nos enterrar ainda mais como estes totós querem fazer!!!
Só espero que o PCP e o Bloco de Esquerda os tenham no sítio para que os projectos megalómanos (que nos tornarão arrendatários de banqueiros um pouco por todo o mundo) sejam adiados e, se possível, indefinidamente!
Se, em vez de cobrar portagem em SCUTs que não apresentam uma alternativa não-paga viável, legalizassem o casamento homossexual, aposto que o dinheiro da papelada compensava de largo!!!
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