(Imagem do Campeão das Províncias)
Em
Alcarraques, na zona de Coimbra, há uma fábrica de transformação
de baganha cuja "emissão de gases e de partículas sólidas,
libertados para a atmosfera com cheiros cada vez mais nauseabundos e
frequentes" que incomoda cada vez mais os residentes.
Pode
ler aqui a notícia no Campeão das Províncias (clique em cima).
Começo
com duas ressalvas que, para a minha avaliação ser profunda, sem
estes dois tópicos de certo modo esvaziam quase totalmente o que vou
escrever a seguir: não domino este caso em concreto e não moro
próximo desta fábrica.
Como
conheço ao de leve (pelos jornais) um acontecimento muito parecido, passado
também com uma produção de bagaço de azeitona em Lameira de São
Geraldo, tomo a liberdade de plasmar o que aconteceu nesta pequena
aldeia, entre a Mealhada e o Luso.
Esta
fábrica, após uma pressão ininterrupta dos moradores em redor
sobre o executivo mealhadense durante vários anos, encerrou
definitivamente há cerca de quatro anos, se a memória não me
atraiçoa.
Não
me lembro de ter visto, por parte deste poder local da terra do
leitão, alguém a defender um investimento de alguns milhões de
euros e a cerca de meia centena de empregos que foram para o galheiro
-sim, porque, pelo que li na altura, esta indústria dava trabalho a
cerca de 50 pessoas.
Não
me lembro de ver ou ler alguém do poder local pugnar um direito de
implantação que cabia por inteiro ao empresário, dono da fábrica,
que não conheço. Isto porque o empreendimento tinha cerca de 60
anos sempre a laborar no mesmo local. Mais, na altura em que começou
a confecção a zona de inserção era um descampado sem uma barraca
em redor das instalações fabris.
Ora,
por conseguinte, foi este poder político, sempre pronto a apoiar as
maiorias, que durante várias décadas licenciou habitações à sua
volta.
Como
se vê, levando em conta as minhas afirmações, foi este mesmo poder
local que, sempre lesto a advogar empresas e criação de emprego
para a sua região nas campanhas eleitorais, sem direito a epitáfio
enterrou sumariamente o sonho, o investimento e o esforço de um
empresário que, até ao último momento, lutou para continuar.
No
reverso, em discursos que ninguém leva a sério, a nível
governamental, municipal e acompanhados em coro pelos partidos,
pede-se a todos os santinhos que influenciem empresários para criar
riqueza. Como é que se pode com as políticas medíocres e
hipócritas de gente que, verdadeiramente, apenas está interessado
no voto e perpetuar a sua continuidade?
A
questão que me leva a
interrogar é: como é que, neste clima económico onde se patrocina
e financia quem nada faz, ainda há gente que continua a remar contra
a maré?
1 comentário:
Senhor Luis, que conhece pouco ou nada do assunto, nota-se bem. Se em vez de se dedicar à prosa encaralocada, fosse falar com as pessoas afetadas pela poluição, teria sido melhor, digo eu, é só uma sugestão. Não são os políticos que lá moram, são as pessoas comuns, que também trabalham e têm de viver, e por acaso os políticos até demoraram dezenas de anos a atuar. Como sabe, até há alguns anos, ninguém ligava nada a problemas de poluição. Os empresários criavam riqueza e por isso tinham direito a deitar a m. que quisessem para os rios e e para o ar. Porque, não sei se sabe (não sabe nada, afinal), aquelas populações afetadas são de uma vasta região em redor. A poluição do ar tem a particularidade original de não ficar confinada a um raio de 100 metros… Pelos vistos, ficou irritado por haver quem ouça a população. Pelos vistos, para si, o industrial ganhou uma espécie de direito de usucapião a poluir. É uma teoria original, pelo menos.
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