sexta-feira, 22 de junho de 2018

CLASSIFICAÇÃO DA UNESCO: JORNALISMO PAGO PARA PORTUGUÊS VER

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(Imagem apanhada no Google)





mostra a nu que a entidade pública Universidade de Coimbra,
à custa do erário público, é capaz de tudo para, de forma
interesseira, impor a sua verdade construída e assente num
umbiguismo exacerbado”


Na edição de ontem o jornal PÚBLICO, num suplemento patrocinado de sete páginas e mais duas de publicidade, sobre os cinco anos da inscrição da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia, na Lista de Património Mundial da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, mostrou como, a troco de contra-pagamento, se pode dar um exemplo de jornalismo no seu pior.
Enquanto leitor diário de jornais locais e nacionais eu já sabia que o mundo da imprensa escrita em papel caminhava num terreno sem chão, lodoso e peçonhento, e cada vez mais inclinado para o desaparecimento de grandes títulos que fizeram história -como é o caso do Diário de Notícias que, no próximo mês, vai apenas ser publicado uma vez por semana e na Internet. Mas, no fundo, bem no fundo, sempre tive esperança de um retorno, e um deles, a meu ver e até agora, por perseguir uma linha editorial de independência, quer de partidos políticos, quer do grande capital manipulador, seria o PÚBLICO.
Com o trabalho encomendado ao diário fundado por Belmiro de Azevedo, ontem publicado, fiquei com a certeza de que estamos cada vez mais a caminhar para o charco.
Na minha modesta opinião de leitor, o jornal portuense, em paradigma, mostrou o pior que se pode “vender” a um universo de adquirentes de informação: uma reportagem enviesada, onde o elogio barato ao pagador sobressai, manipulada, atentatório aos bons usos e costumes e a uma independência jornalística que se exige. Uma espécie de corrompimento legal, declarado e aceite tacitamente na frase “Suplemento Patrocinado”. Quanto teria custado a encomenda realizada pela Universidade de Coimbra, é a questão acessória. Já quanto à inquirição principal nem precisa de grande exercício de análise: mostra a nu que a entidade pública Universidade de Coimbra, à custa do erário público, é capaz de tudo para, de forma interesseira, impor a sua verdade construída e assente num umbiguismo exacerbado. Mais: que, sem oposição do poder local que convive de braço dado, é uma cidade maior dentro de uma cidade menor. É a prova provada que, sendo um Estado dentro de outro Estado, é uma espécie de Vaticano encravado.
Quem leu a peça do PÚBLICO, ontem, certamente como eu, ficou com a certeza de que Coimbra, em relevância, é somente composta pelo património classificado pertencente à Universidade e… ao Café Santa Cruz, que era referido na peça duas vezes pelos seus pastéis Crúzios. Para além do considerado pelo articulista só o deserto. A restante cidade, fora da área onde as faculdades estão implantadas, é um vazio, não existe. Nada que surpreenda! Os indícios, para quem quiser ver, são mais que muitos


UMA BOA LIÇÃO DADA PELO “CALINAS”


Quem faz o favor de ler o que escrevo sabe que, volta e meia, ando de candeias às avessas com a imprensa que se faz na cidade. Na maioria dos dias que compõe um ano, é um jornalismo apagado, sem chama, sem glória e rendido aos poderes instituídos na cidade. De trás para a frente, lê-se transversalmente um jornal da cidade em três minutos.
Pois pasme-se! Desta vez o local Diário de Coimbra (DC), em especial pelos seus 88 anos de existência, transcendeu-se. Como a querer dar uma palmada de luva branca ao concorrente nacional PÚBLICO, o diário do emérito Adriano Lucas apresenta hoje um trabalho de cinco estrelas sobre os cinco anos da classificação como Património Mundial.
Sem publicidade paga pela Universidade de Coimbra, o DC, ouvindo todos os actores, desde o Reitor da Universidade, passando por outros órgãos do poder representativo, até moradores e comerciantes, dá hoje uma lição de como fazer bom jornalismo, livre e independente.
Curiosamente os patrocinadores deste caderno especial com 32 páginas vão desde uma página inteira apadrinhadas pelos Forum Coimbra, pela Auto-Industrial, pela CIM-RC, Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra, e Iberocar, ren-a-car, até pequenos anúncios de juntas de freguesia, instituições públicas e privadas e dos melhores do nosso comércio e da nossa indústria que representam a cidade dos estudantes.

Duas vezes parabéns ao Diário de Coimbra.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como a Universidade de Coimbra é a principal e única razão pela qual Coimbra está na lista do património mundial, seria muito estranho que não dessem relevo à Universidade. Aliás, a universidade é a única instituição que realmente funciona em Coimbra e o seu reitor tem-se revelado um excelente gestor do seu património. Se não fosse a universidade, Coimbra tinha um terço dos seus visitantes. Mas Coimbra é uma cidade tão mesquinha que não é capaz de ver isso. Nas entrevistas, o reitor farta-se sempre de apelar ao esforço das restantes instituições. O que leva como resposta, são textos deste. Eu sou de Viseu, não se importam os coimbrinhas de transferir a universidade para Viseu, e livram-se assim do que não querem?