quinta-feira, 1 de março de 2012

ABSTRACÇÃO



ABSTRACÇÃO


Um homem dorme no banco da calçada,
pelo aspecto parece ser estrangeiro,
se calhar, estará a sonhar com a amada,
que lá longe, há muito, não vê o carteiro,
terá saudades de uma carta amiudada,
já ninguém escreve um texto inteiro,
a facilidade tornou-se agigantada,
não se imagina um príncipe herdeiro,
apenas uma história mal-alinhavada,
saciar o desejo e retirar algum dinheiro,
a felicidade passou a ser aligeirada,
as relações estão presas em cativeiro,
à mínima discussão há bofetada,
esqueceu-se o santo casamenteiro,
já não há prendas na consoada,
rosa vermelha na mão do namoradeiro,
um jantar à luz de vela encantada,
que tempo é este? Interroga o caminheiro,
nas brumas da dolência descansada.


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