segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
RESPOSTA A UMA QUESTÃO
(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Em relação ao assunto supra e que dá título a este comentário, “Contudo continuo com uma dúvida,
sendo pequena comerciante, e recorrendo à "fatura simplicada", de que forma
comunico às finanças as ditas faturas que eventualmente passe?
Tenho que usar o portal das
finanças e inscrever-me nalgum sítio?
O meu IVA é trimestral, portanto
as vendas são dadas através do portal das finanças?
Agradeço imenso que me ajude,
pois sinto-me completamente perdida nesta altura.
Muito obrigado pela sua atenção.
Melhores cumprimentos.
Fátima Pacheco"
RESPOSTA DO EDITOR
Muito obrigada, Fátima Pacheco por
me colocar a questão. Porém, antes de responder, devo alertá-la de que sou um
simples e pequeno comerciante como a senhora. Isto é, não sou especialista em Direito
Fiscal, nem aproximado, nem coisa que o valha. Como tenho notado, aqui na
Baixa de Coimbra, o desnorte é total em relação a esta matéria, entendi escrever
o post identificado, quem sabe, certamente, com alguns lapsos de interpretação por
falta de conhecimento. Todavia, tentando entender o espírito do legislador, no
sentido de que o que está em causa é a emissão de documento no acto de compra e
venda –que, como sabe, não é nada de novo, por lei, os vendedores já estavam
compelidos a cumprir esta obrigação há muito tempo-, foi assim que elaborei o
pequeno texto, mais no sentido de poder ajudar com uma pequena resposta, uma luz ao fundo do túnel, do que
outra coisa qualquer. Evidentemente que deveriam ser as associações de classe a
fazer este esclarecimento, mas, como parece, jazem mortas e enterradas.
Respondendo, agora à sua pertinente
questão, tudo indica que a comunicação que refere, feita mensalmente no mês
subsequente, é realizada através do site das Finanças. Começa por entrar na
página do Fisco, seguidamente clica na indicação “A-fatura”. A seguir coloca a
senha e o seu número de contribuinte fiscal. Dá o montante total das vendas no
mês referenciado, incluindo os números da primeira e última factura. Atenção
que todas as vendas com número de contribuinte dos adquirentes de bens terão de
ser notificadas uma a uma. Não sei se consegui ser claro, mas, dentro da minha
ignorância subjacente, tentei.
Um bom Ano Novo. Sobretudo sem
aborrecimentos fiscais.
sábado, 29 de dezembro de 2012
BOM DIA, GENTE DE ESPERANÇA...
2012 - 2013
Tenham a certeza de que um Novo Ano
chegará e com ele, naturalmente, novas nuvens negras. Mas, como não há nuvem no céu que sempre dure nem sol na eira que não acabe, tenham a absoluta convicção de que
teremos boas abertas para o período que se aproxima embora alternando com
temporal. Sempre foi assim ao longo da história do Homem. A Natureza mostra-nos
isso mesmo todos os dias, durante todo o ano dividido em quatro estações tão
antagónicas ente si. Basta lembrar a diferença entre Verão e Inverno. Tenhamos
esperança no futuro. Não desanimemos. Não baixemos os braços perante a
adversidade. Não nos deixemos contagiar pelo nevoeiro envolvente. Lutemos com
todas as nossas forças. Pensemos nos nossos pais e avós e na vida difícil que
tiveram. Sobreviveram e, a nós filhos e netos por vezes quase uma dezena,
criaram-nos e fizeram mais do que podiam para fazer de nós pessoas de bem. Pela
sua memória, lutemos. Esta é a nossa terra. O chão sagrado que viu nascer toda
a nossa identidade e sangue lusitano. Batamo-nos por eles e sem pudor. Como mortos antes
de morrer, não permitamos que nos enterrem vivos como mostrengos sem valor. Como
guerreiros em defesa do seu território, não admitamos que atentem contra a nossa
dignidade de alma lusa, demos as mãos aos nossos vizinhos e, todos juntos, defendamos
os ideais em que sempre acreditámos. Na hora da tempestade unamo-nos e façamos
um círculo contra a desventura do tempo por obra e graça humana. A bonança chegará. Caminhemos em
frente, em direcção ao horizonte, em busca do Monte de Sião, segundo a Bíblia,
a fortificada cidadela de David, a cidade de Deus.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
CARTA ABERTA DO PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DOS BOMBEIROS
"Caros Sócios e Amigos:
A seguir transmito a Carta Aberta
que deixo à Vossa consideração.
Voto de um Bom Ano 2013.
Com amizade e consideração,
João Silva
Carta Aberta
Aos Partidos Políticos
Aos Candidatos às Eleições
Autárquicas de 2013, no Município de Coimbra
Aos Cidadãos de Coimbra
Aos Cidadãos de Coimbra
No dia da Cidade, em 4 de Julho
de 2011, expus numa Carta Aberta, dirigida a Autarcas, Empresas e Cidadãos de
Coimbra, um conjunto de preocupações e suscitei uma reflexão e uma resposta
colectiva, sobre Protecção Civil e a sua organização e estruturação no nosso
Município.
O objectivo expresso foi o de
colocar a questão da Protecção Civil na agenda da cidade, das empresas e dos
cidadãos porque, sendo uma área da maior relevância, vivia um alheamento
colectivo que, como dizia: “... não pode continuar e os Bombeiros
Voluntários de Coimbra precisam de saber, de uma vez por todas, qual o papel
que lhe reconhecem e, consequentemente, qual o apoio que estão dispostos a
dar-lhes.”.
Atrevi-me, então, a aduzir um
vasto conjunto de argumentos para motivar a reflexão e a escrever: “É que, ou
há um sobressalto cívico e político relativamente à actividade e às condições
dos Bombeiros Voluntários de Coimbra e se decide colocá-los como uma verdadeira
prioridade em termos de apoio consistente, ou então teremos de nos interrogar
se merece a pena viver um quotidiano de insuportável desconsideração e
pedinchice.”
Terminava com o seguinte apelo: “Caso
os cidadãos, empresários e poder político entendam que somos dispensáveis e que
não se justifica o seu apoio então que o digam claramente porque este não é,
não pode ser, mais um tempo de enganos. Temos direito a respostas claras e
concretas. Basta de indefinições!”.
A resposta foi de uma eloquência
atroz: silêncio!
Como consequência foi necessário
aumentar a pedinchice para “não deixar cair” uma instituição, com 123 anos de
serviço e dedicação a Coimbra e ao País, a quem foram concedidas, entre outras,
a Medalha da Ordem Militar de Torre Espada e a Medalha de Ouro da Cidade de
Coimbra, pelos relevantes serviços prestados.
Concluí, assim, que na minha
Cidade, dita do Conhecimento, não havia motivação para debater as questões da
Protecção Civil, nem verdadeiro empenhamento para modernizar uma instituição
que tem uma prática secular de serviço de voluntariado activo, com um nível
relevante de preparação, e que continuou, apesar do alheamento geral, a ser
diariamente solicitada.
Habituado a assumir missões, com
sentido de responsabilidade, serviço público e amor a Coimbra, e porque 2013 é
um ano de eleições autárquicas, e, por isso, um ano de reflexão colectiva e de
escolhas determinantes para o Municipio, sinto ter o dever de apelar a todas as
forças políticas e aos respectivos candidatos para que inscrevam a Protecção
Civil nas suas preocupações e apresentem nos seus programam eleitorais, para
sufrágio dos eleitores, propostas coerentes e concretas que permitam resolver a
questão das instalações, apetrechamento e funcionamento dos Bombeiros
Voluntários de Coimbra.
Peço-lhes que tenham presente a
importância do que está em causa, dos riscos que o Municipio enfrenta e dos
mecanismos de protecção que necessita e, consequentemente, a resolução da
situação insustentável que vive a Associação e, em particular, o seu Corpo de
Bombeiros.
Estes são os votos para o Ano de
2013 do presidente da Direcção da AHBVC, que acaba o seu mandato no próximo mês
de Outubro mas que deseja, a bem de Coimbra e desta Associação, que a próxima
Direcção disponha de condições para realizar o sonho de décadas de conseguir
instalações funcionais e dignas para os Bombeiros Voluntários de Coimbra.
Coimbra, 27 de Dezembro de 2012
João Silva
(Presidente da Direcção da
Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra)
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE....
Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "BAIXA, QUARTA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO":
"Venda ambulante foi alvo da PM: segundo o Campeão das Províncias, “A Polícia Municipal (PM) de Coimbra identificou, hoje, três pessoas de etnia cigana que se dedicavam à venda ambulante na praça de 8 de Maio, revelou fonte da corporação.
Por ter sido interceptada roupa
presumivelmente contrafeita, o caso foi comunicado à Autoridade de Segurança
Alimentar e Económica (ASAE).
A intervenção da PM, para efeitos
de contra-ordenação, foi ditada pelo facto de a venda ambulante ser
impraticável naquele local.”
ATENÇÃO PEQUENOS COMERCIANTES DO REGIME SIMPLIFICADO
(Imagem de Leonardo Braga pinheiro)
Como se sabe, embora ainda ande muita confusão
no ar, a partir do próximo dia primeiro de Janeiro, para todas as transacções
comerciais –repito, para todas, mesmo de valor irrisório-, é obrigatória a emissão
de um documento comprovativo no acto da compra e venda. Obrigatoriamente, no
mês seguinte o comerciante terá de enviar para a autoridade tributária o
movimento realizado no seu estabelecimento.
Ao que parece, sendo um operador com um volume de vendas anual inferior a 100 mil euros, em escolha, há
três meios para estar em conformidade com a lei:
-O primeiro será adquirir um
programa de computador certificado -atenção a este pormenor importante- e, estando ligado à Internet, a comunicação é imediata;
-O segundo é adquirir uma máquina
registadora que emita facturas, mas neste caso o comerciante terá de enviar
para as Finanças todo o movimento realizado no mês anterior;
-O terceiro será optar pela “Factura
Simplificada” manual. Neste caso terá de, com urgência, mandar fazer numa
tipografia vários livros de “Facturas Simplificadas” e sempre que efectue uma
venda emite o documento à mão com a descrição do bem. Também neste caso o comerciante se obriga a comunicar no mês seguinte o que movimentou no período mensal antecedente.
Se ainda não optou por qualquer um dos dois
sistemas, programa de computador ou máquina registadora, sugiro-lhe que procure
uma tipografia e mande fazer um ou dois livros de “facturas simplificadas”.
Assim, a partir do próximo dia 1 de Janeiro, estará dentro da lei e não terá
qualquer problema. Por outro lado, mesmo que opte pela automatização, ter um
livro à mão é sempre necessário em caso de avaria, por exemplo. Volto a lembrar
que é obrigatório e as anteriores denominadas “Vendas a Dinheiro” já não
servem.
A título de esclarecimento, este
novo documento fiscal na apresentação é praticamente igual ao anterior, apenas
com umas leves diferenças. Agora, para além de ter de apresentar em título bem
claro “Factura Simplificada”, com entrada deste novo regime, desaparecem os
vulgares recibos nas vendas a crédito e que eram passados no acto de liquidação. A “Factura
Simplificada”, como é obrigatória no acto da compra e venda, passa a funcionar
automaticamente como recibo. Para quem compra, se quiser deduzir o IVA, ou outro fim, não esquecer que é preciso,
antes da emissão do título, dar o NIF, Número de Identificação Fiscal, ao vendedor.
Ainda, insistindo, gostava de
sublinhar que, para a autoridade fiscal, o que está em causa é a passagem
imediata de documento e não a forma da emissão, electrónica ou manual. Ou seja,
quem quiser pode escolher a factura manual, uma vez que, pelo menos para já em
que anda tudo aflito e sem saber o que fazer à vida, segundo consta, quer a
máquina registadora ou programa e computador ultrapassam os 1000 euros de custo.
ARTIGOS RELACIONADOS
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/fisco-comerciantes-faturas-impostos/1405061-1730.html
http://economico.sapo.pt/noticias/governo-sem-tolerancia-para-atrasos-nas-facturas-electronicas_159285.html
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
O ORGULHO DE PERTENCER À OMRC
O Lourenço Pina é um empenhado membro da denominada "Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra". Quem passou hoje na Rua Visconde da Luz, e se apercebeu, teria "sentido" o orgulho com que ele ostentava o seu certificado. Bonito de ver. Não se esqueça do Lourenço, não? Quando lá passar recorde que ele está a desempenhar um serviço, a tornar aquela rua menos triste e taciturna.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
BAIXA, QUARTA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO
É meio-dia desta quarta-feira a
seguir ao Natal. Está um dia bonito, vistoso e brilhante, com o sol a invadir
os largos e praças e as artérias de maior amplitude. A Rua Eduardo Coelho,
sendo estreita, apenas é bafejada pela claridade do astro-rei aqui e ali e faz
algum frio. O movimento de transeuntes, como estrada de dois sentidos, é normal
e igual a outro qualquer dia da semana. Nesta outrora via de artífices
sapateiros, a maioria das lojas está aberta hoje –no seguimento de um costume
antigo, por troca do comércio estar a funcionar nos feriados de 1 e 8 de Dezembro,
encerra em 26 de Dezembro e 2 de Janeiro.
Como se partisse em busca do sol
redentor de força anímica que me alimenta a alma, sigo em direcção à Praça 8 de
Maio, passando pela Rua do Corvo que tal como a antecedente está com os
negócios a meio-gás. No antigo Largo de Sansão, com uma luminosidade que apetece
abraçar e levar para a minha rua, fazendo analogia com os demais, poucos
negócios estão abertos para receber clientes. Há um pormenor que salta à vista:
a base do pedestal em que se encontra a escultura alegórica ao Pai Natal e em
frente ao Panteão Nacional está acompanhado de uma exposição de camisolas a
serem alienadas por ciganos, presumivelmente de contrafacção. No murete em
frente ao Banco Espírito Santo e Café Santa Cruz, este hoje encerrado, como roupa a corar
em estendal, a mesma coisa. Disse-me um comerciante da zona que volta e meia
aparece a Polícia Municipal e estes vendedores rapidamente fogem, mas quando os
cívicos viram costas retornam aos seus lugares conquistados à força da teimosia.
Penso para mim se, pela ilicitude, devo condenar ou não estas pessoas por estarem
ali a cuidar da sua vida. Em rápido julgamento sumário, fazendo analogia e
levando em conta que cerca de 40 por cento dos comerciantes não se deram ao
trabalho de abrir neste dia, acabo por absolvê-los. Cá por mim, podem vender à
vontade hoje, nem que seja para dar uma lição aos lojistas, que passam a vida a
queixar-se de que as coisas estão muito más mas, para além de hoje, na
segunda-feira praticamente encerraram todos a meio da tarde. Há crise? Onde?
Onde pára esta senhora? Deve ser apenas um fantasma ondulante que paira no ar.
Façam o favor de vender hoje à vontade senhores comerciantes ciganos.
Entro na Rua Visconde da Luz e mais
uma vez dou de caras com os raios solares. Sem pedir licença, sem inibição e
com a minha permissão, o sol beija-me todo da cabeça até aos pés. Também nesta
calçada de via larga o movimento de passantes é contínuo. Fazendo comparação
novamente, a amostra é igual: só uma maioria de lojas está aberta. Mais à
frente, na mesma rua e traseiras da igreja de São Tiago, o Lourenço Pina, que
faz parte da “Orquestra de Músicos de Rua”, canta e toca viola e,
provavelmente, pede a todos os santos que o ajudem a conseguir 3 euros para
conseguir sobreviver diariamente. O Pina, outrora pescador cabo-verdiano pobre e agora doente,
é muito humilde e contenta-se com pouco. Talvez essa seja a razão de ele morar
numa casa de favor no Beco dos Marthas, ao lado do Portugal dos Pequenitos,
onde chove, não tem móveis, electricidade, gaz ou outros apetrechos que são
essenciais ao bem-estar de qualquer um de nós. Estranhamente o Lourenço, num
sorriso de menino que ainda acredita no Pai Natal e na boa-vontade dos homens,
sorri. Pergunto-me de que se rirá ele? Da sorte que lhe calhou em sina, ou do fado
que lhe calhou em destino? Em solilóquio, penso para com os meus botões que
vivemos num mundo naturalmente injusto, desequilibrado, e paradoxal. Quem mais
reclama é sempre o que mais tem e mais poderia fazer pela vida se estivesse
disposto a isso, se tivesse predisposição para o esforço e entrega ao
desenvolvimento próprio e por arrastamento à colectividade. Hoje não vivemos
apenas uma crise financeira. Em paralelo com esta, como desencadeante, em
subsequência, temos vários problemas para resolver. Um deles é as pessoas terem
de reconhecer que estão mais pobres e, pelo menos para se manterem com um nível
de vida aceitável, terão de trabalhar o dobro para ganhar metade do que auferiam
noutros tempos de economia pujante. Não vou discutir o mérito desta injustiça
latente, apenas o afloro em constatação. Esta é a realidade. Podemos
dissecá-la? Podemos sim, e até à exaustão, mas a dialéctica não evitará a realidade
nua e crua. Pelo que vejo à minha volta, parece-me, a maioria ainda não tomou
conta deste modo de coisas e, como adormecidos, continuam a bailar num estado
de entorpecimento e a enganar-se a si próprios. Sem retirar a valoração à
reivindicação justa, no meu entendimento, a única forma de sair desta(s) crise(s)
será através da entrega ao trabalho. Pode argumentar-se que o Estado, através
de impostos de confisco, está a ser um predador de quem labora, é verdade, e
contribui para a desmotivação e para o “arremessar a toalha ao chão”. Mas
podemos dar-nos ao luxo de desistir? Nesta altura do campeonato, pessoas como
eu que já passaram o meio-século, podem ousar abandonar tudo? Vão viver de quê?
Voltando à minha caminhada, estou
agora no Largo da Portagem. O sol espreguiça-se todo e com os seus metafóricos
braços apanha todos em redor. Que inveja tenho de não trabalhar aqui. Como
sempre as esplanadas estão bem compostas. Neste “hall” da cidade, hoje,
contrariamente a outros colegas de hotelaria que encerraram, nesta praça do “mata-frades" Joaquim António de Aguiar, está tudo aberto. E sigo em direcção à Praça do
Comércio. Em amostra similar só algumas, poucas, lojas sorriem para o público.
Vamos esperar que todos acordem
para a verdade e que não se deixem submergir por esta lassidão que, como nuvem
tóxica, nos envolve a todos e faz perder a esperança. Tenhamos fé que esta maré
negra há-de passar. DESPERTEMOS!
OS MÚSICOS DE RUA NA PRIMEIRA PÁGINA DO DC

Numa
terra pacata como Coimbra onde os acontecimentos rareiam -diria que existem
muitos, mas por deficiente informação não chegam ao receptor- e até, felizmente
a "Criminalidade está a Baixar", o concerto da denominada
"Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra" dado ontem no Pavilhão de
Portugal ajuda a fazer a capa do Diário de Coimbra. Sem falsa modéstia, foi
bom? Com uma sala bem composta, foi muito bom. Foi excelente, do ponto de vista
da eficiência? Não, foi razoável. Mas, tendo em conta o fundo social que está
por trás desta ideia -e que se houvesse uma maior envolvência do público-alvo
deste plano poderia contribuir também para baixar ainda mais a criminalidade- e levando em nota os poucos ensaios efectuados, correu muito bem.
Sentir ali, ontem, como eu apreendi, o ar ufano, de importância, e de reconhecimento que os músicos de rua manifestavam, só por isso, valeu a pena. Com a ajuda incomensurável de Emília Martins, presidente da direcção da Orquestra Clássica do Centro, com este pequeno passo, tenho a certeza, estamos a tornar o mundo melhor. Espero que ao passarmos por um músico a mostrar o seu talento na rua nos lembremos que aquela pessoa tem uma história, muitas vezes cheia de percalços, e, para além de contribuirmos com uma moeda, precisamos de olhar para ele como um prestador de serviços e não como um pedinte. É tudo uma questão de conceitos? Pode ser. Mas, neste curto ou longo caminho que é a vida, aprendemos todos os dias. Se esta iniciativa servir para reflectirmos e ajudar a tornar mais digno este trabalho de quem se mostra nas artérias da cidade, já ganhámos pela intenção.
Sentir ali, ontem, como eu apreendi, o ar ufano, de importância, e de reconhecimento que os músicos de rua manifestavam, só por isso, valeu a pena. Com a ajuda incomensurável de Emília Martins, presidente da direcção da Orquestra Clássica do Centro, com este pequeno passo, tenho a certeza, estamos a tornar o mundo melhor. Espero que ao passarmos por um músico a mostrar o seu talento na rua nos lembremos que aquela pessoa tem uma história, muitas vezes cheia de percalços, e, para além de contribuirmos com uma moeda, precisamos de olhar para ele como um prestador de serviços e não como um pedinte. É tudo uma questão de conceitos? Pode ser. Mas, neste curto ou longo caminho que é a vida, aprendemos todos os dias. Se esta iniciativa servir para reflectirmos e ajudar a tornar mais digno este trabalho de quem se mostra nas artérias da cidade, já ganhámos pela intenção.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
UM CONVITE NESTE NATAL PARA SI

Amanhã, dia de Natal, a
denominada “Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra”, pelas 17h00, fará a sua
estreia pública no Pavilhão de Portugal, no Parque Verde da cidade. Como mentor desta ideia, gostaria de o convidar a estar
presente. Não é porque ache que seja um espectáculo de grande eficiência, estou
certo de que não será, porque não tivemos tempo de ensaios suficiente. E sem tempo nada atinge uma
graduação média. No entanto, apesar disso, contará a intenção e como estes
prestadores de serviço do nosso quotidiano se entregaram de “alma e coração” a
este projecto.
Naturalmente que não pode faltar
o agradecimento e o empenho demonstrado pela presidente da direcção da Orquestra
Clássica do Centro, Emília Martins. O meu muito obrigado.
Quanto a si, já sabe, se puder
compareça. Seria um bom gesto, de boa vontade, para com estes artistas que, sem
nada pedirem em troca, lá estarão amanhã. Quem mostra algo de criativo precisa
de público. Sem ele sente-se vazio e sem vida.
Feliz Natal, esta noite, amanhã e
todos os dias que entrarem na nossa vida. Um grande abraço.
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...
Daniel deixou um novo comentário
na sua mensagem "UMA NOITE PARA ESQUECER":
Na minha opinião, falharam dois aspectos muito importantes.
O primeiro é a divulgação, é muito importante que haja uma boa divulgação nos jornais regionais, cartazes, panfletos, etc. e que o programa seja atractivo, porque a Noite Branca por si só não traz gente à Baixa. Falha da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, que está encarregue de organizar o evento.
O segundo é a participação dos comerciantes, que devem ter as suas lojas abertas e acima de tudo honrar os compromissos. Provavelmente, a APBC só avançou com a iniciativa porque havia muitas lojas que tinham prometido abrir até às 23h00, caso contrário seria cancelada.
Por acaso, o público foi escasso, mas caso houvesse muita gente nas ruas, como na noite em que houve marchas, o que pensariam as pessoas ao verem que as lojas estavam quase todas fechadas? Já não é a primeira Noite Branca em que a maioria das lojas está fechada. Se for sempre assim estas iniciativas deixam de ter sucesso, e é isso que já está a acontecer.
sábado, 22 de dezembro de 2012
UMA FOLHA CAÍDA NO NATAL
UMA FOLHA CAÍDA NO NATAL
É Dezembro…
Uma folha cai… lentamente…
Ziguezagueia por entre a amálgama de gente,
gente apressada, escrava do tempo,
insatisfeita, faces duras sem contento,
pisam a folha, alinhados em parada, com tacões,
ecoam na calçada… como centuriões,
as pedras vibram, com tanta precisão,
uma pedrinha solta-se na multidão,
alguém a pontapeia, ao acaso, em estopada,
e ela rolando, por cá e lá, vai sendo chutada;
O vento sopra, cortante, e a folha voa,
e de cima, olha para baixo, vê à toa,
este exército mal ordenado,
como se estivesse condenado,
a andar, a andar, sem se render,
mesmo sabendo que vai desaparecer,
Uma folha cai… lentamente…
Ziguezagueia por entre a amálgama de gente,
gente apressada, escrava do tempo,
insatisfeita, faces duras sem contento,
pisam a folha, alinhados em parada, com tacões,
ecoam na calçada… como centuriões,
as pedras vibram, com tanta precisão,
uma pedrinha solta-se na multidão,
alguém a pontapeia, ao acaso, em estopada,
e ela rolando, por cá e lá, vai sendo chutada;
O vento sopra, cortante, e a folha voa,
e de cima, olha para baixo, vê à toa,
este exército mal ordenado,
como se estivesse condenado,
a andar, a andar, sem se render,
mesmo sabendo que vai desaparecer,
continua a querer mais, a ambicionar
mesmo que por um metro de terra tenha de matar
e o menino de olhos tristes, cara meiga, faça chorar,
o que importa nesta guerra é o feito, o vencer,
a infelicidade não conta, mesmo sabendo que se vai morrer;
E de novo a
folha cai… lentamente…
Um louco ri sozinho… desalmadamente,
pega na folha, com carinho, o anormal,
afaga-a com a mão, como se fosse um pardal,
faz caretas, gesticula, dança ao vento com nobreza,
embala a folha, dá-lhe beijos, filha da natureza,
nem o frio, a refrear o ímpeto, lhe faz mal,
ele sabe que é festa, não sabe que é Natal,
não sente a solidão, não conhece abraços,
não compreende a razão de tantos laços,
Um louco ri sozinho… desalmadamente,
pega na folha, com carinho, o anormal,
afaga-a com a mão, como se fosse um pardal,
faz caretas, gesticula, dança ao vento com nobreza,
embala a folha, dá-lhe beijos, filha da natureza,
nem o frio, a refrear o ímpeto, lhe faz mal,
ele sabe que é festa, não sabe que é Natal,
não sente a solidão, não conhece abraços,
não compreende a razão de tantos laços,
E de tantos rostos fechados com ar formal;
Alguns presentes e
sacos enfeitados,
tantas almas embrulhadas,
tanto amor materializado,
tanto calor humano… desperdiçado
entre o dever e o ser,
só é gente com… o ter,
e a folha… lentamente,
nos braços de um demente,
sorri… para a turba disforme,
e pensa a folha, se eu falasse… uma frase conforme,
mesmo com a voz do tonto rouco, gritaria em altos berros:
AFINAL QUEM É O LOUCO??!
tanto amor materializado,
tanto calor humano… desperdiçado
entre o dever e o ser,
só é gente com… o ter,
e a folha… lentamente,
nos braços de um demente,
sorri… para a turba disforme,
e pensa a folha, se eu falasse… uma frase conforme,
mesmo com a voz do tonto rouco, gritaria em altos berros:
AFINAL QUEM É O LOUCO??!
A SEBENTA DE NATAL DE "PAD ZÉ"
(CLIQUE EM CIMA PARA AMPLIAR)
"Pad Zé" foi o mais célebre boémio coimbrão de 1900.
Leia aqui a sua biografia, com a devida vénia do Jornal A Guarda.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
UMA NOITE PARA ESQUECER
(Aspecto da Rua das Padeiras às 21h30)
Este dia de hoje, com mais uma “Noite
Branca” em promoção entre os comerciantes e a APBC, Agência Para a Promoção da
Baixa de Coimbra, estava contratualizado que se estenderia até às 23h00 com o
comércio aberto. Entre a Praça do Comércio e a Praça 8 de Maio, atravessando as
ruas estreitas, cerca das 21h30, apenas 9 lojas estiveram prontas a receber o
pouco público que ousou calcar as pedras da calçada. No Largo do Poço eram mais
os membros do coro do que transeuntes ou lojistas. Nas ruas largas, entre o
Largo da Portagem e a Praça 8 de Maio, uma dúzia de estabelecimentos mantiveram
o acordado com a agência.
E nem sequer o factor tempo,
neste caso, pode ser dado como desculpa. Fosse lá por que São Pedro tivesse um
rebate de consciência ou não –depois do dia nebuloso e de chuva "morrinhenta" de hoje-, a
verdade é que esteve um resto de dia de temperatura amena e cálida. Como quem diz uma
óptima noite para se acabar o dia –e não o mundo conforme estava anunciado pelo
calendário Maya.
Então a questão que se coloca é
saber se vale a pena continuar a apostar no slogan “Noite Branca”. Fará algum
sentido convidar uma série de grupos de coros e ranchos folclóricos para virem
animar a Baixa e estarem abertos menos de 20 estabelecimentos? Pode
continuar-se a anunciar na imprensa que “a magia de Natal invade a Baixa” com
alegria e muito comércio aberto e depois acontecer uma coisa destas? Que ideia
leva quem nos visita numa noite destas e que encontra tudo encerrado após lhe
ter sido garantido que as lojas estariam prontas para o receber? É certo, volto
a repetir, que poucos visitantes, quem sabe já escaldados de outras vezes,
responderam ao convite, mas, nem que viesse apenas um, se foram convocados não será obrigação dos lojistas estarem cá para lhes desejarem as boas noites e que
voltem mais vezes?
Não se pode continuar nesta
apatia e fazer que se faz sem valer a pena. Se os visados, os comerciantes, não
querem acabe-se com isto de uma vez por todas e depressa. O que estamos a
assistir é uma hipocrisia completa. Ainda há dias conversava com um colega
comerciante da Rua das Padeiras que se indignava todo porque a maioria
assinava, comprometendo-se a estar aberto, e depois não cumpria. Ora esse mesmo
negociante hoje, nesta “Noite Branca” esteve encerrado. Aliás, na Rua das
Padeiras nem um só comerciante e casa de hotelaria abriram portas.
Às 22h15, quando o coro convidado
para actuar no Largo do Poço começou a cantar melodias de Natal, só três lojas
comerciais continuavam abertas: uma no Largo da Freiria e duas na Rua da Louça.
Volto a fazer a pergunta: para
que se continuam a fazer este tipo de iniciativas? Para acabar com o que resta
da pouca confiança que existe no consumidor e que ainda continua a preferir a
Baixa? Para confundir completamente o cliente que ainda continua a ter gosto em
fazer aqui as suas compras? Qual é o seu objecto? Ajudar a hotelaria? Creio que
não, porque a maioria também encerrou à hora normal, ou seja pouco depois das
19 horas.
A BAIXA NO SEU "RAM RAM" E O JOHNY B. GOODE"
São 17h40 desta sexta-feira 21 de
Dezembro, data que a civilização Maya, há cerca de 3000 anos, deixou escrito
que hoje seria o fim do mundo. Há quem diga que é tudo uma questão de interpretação.
Pelos vistos, o que a civilização "mesoamericana" - diz na Wikipédia, significa
aproximadamente de “América intermédia” e que ficavam ali para o sul do México,
não sei se estão a ver- queria dizer é que hoje é o fim de um ciclo e o
princípio de uma nova Era, em que os habitantes da Terra
podem sofrer uma transformação espiritual. Ou seja, para os Mayas, hoje
começaria um novo tempo. Faz ou não sentido? Claro que faz! No fundo, não é o
que todos estamos à espera?
Fosse ou não por isso, o “Johny
B. Goode” –é a alcunha de um dos muitos personagens que vagueiam por estas ruelas
estreitas da Baixa diariamente e que a foi furtar ao Chuck Berry, numa célebre
canção de 1958-, acompanhado com a sua bicicleta e a tocar a campainha –e cuja “duas
rodas” está para ele como a guitarra estava para o Chuck Berry- aos quarenta
minutos para as 18 horas, com a Rua Eduardo Coelho praticamente às escuras
porque os candeeiros públicos só despertam para a noite quando ela já invadiu
completamente o Centro histórico, decidiu apanhar hoje uma grande “carraspana”,
para não variar. Ora bem, sendo sério e levando à letra o calendário Maya, não
sei se o “Johny” estará a despedir-se de uma nova vida para entrar noutra igual
ou não. O que sei é que o “B. Goode” procura uma namorada. Disse –me ele ali
mesmo a cru, neste fim de dia, que parece ser o fim do mundo por ter tão poucas
pessoas a passar nesta outrora movimentada via. Assim com cara séria, porque com
sentimentos e desejos alheios não se pode brincar, ainda lhe atirei: diz-me lá,
“Jonhy” que género de mulher procuras? Isto pode parecer “badalação” mas não é.
Conheço por aqui algumas raparigas, quem sabe eu não pudesse fazer a ponte
entre os dois? Bolas, estamos no Natal! O que uma pessoa puder fazer pelos
outros nesta altura faz. É ou não é? Nem que seja para alimentar a alma perdida
de alguém. É ou não é? Mas o “B. Goode”, sei lá se não me levou a sério ou por
dificuldades em distender a língua que estava meia entaramelada, como se
tivesse comido laranjas já velhas, mirradas e sem sumo, assim como algumas
figuras do PSD, não respondeu e continuou a tocar a sineta. Eu seja ceguinho se
ele não me pareceu o Paulo Portas a chamar atenção dos eleitores que não tem
nada a ver com as medidas deste Governo em cortar nas pensões sociais. É lógico
que com as devidas distâncias. O “Johny” só quer mesmo uma namorada e não quer
saber patavina de política.
Podemos também ser acometidos de
uma pertinácia: por que razão me veio o rapaz falar de um “arranjinho” com uma
futura namorada? Então eu sei lá? Faço cada pergunta a mim próprio que até fico
burro. Palavra! Posso aventar que à medida que o mundo gira em direcção à
meia-noite, em torno do seu imaginário eixo, ainda faltam umas horas e tudo
pode acontecer. Por outro lado, especulo, ninguém fala com o “B. Goode”, anda
tudo tão absorvido pela crise, num certo clima egoísta. Mesmo nos poucos que
passam, cada transeunte leva consigo o seu pequeno mundo, dentro deste universo
que ainda pode acabar hoje, fechando-se hermeticamente nos seus pensamentos,
embrulhando as angústias em papel pardo de tristeza, cortando os seus sonhos
com tesoura grande, de alfaiate, e rendendo-se ao declínio das suas ambições. Com
tantas preocupações, como é que alguém pode ter tempo para falar com o homem?
Se ele ao menos estivesse bem vestido, com roupa de cerimónia, e, em vez da “bicicle”
pintada a trincha tivesse um Mercedes para a substituir –assim como o sucateiro
lá do norte, que foi empurrado para a rua pelo bancário, e que logo mesmo a
seguir chamou as televisões e até conseguiu mandar gravar em filme o soldado GNR e tudo-,
ainda vá que não vá. Se fosse dono de um "carrão" e, às vezes, em vez de se fazer
escoltar com um cão cheio de carraças e pulgas, tivesse um puro “Serra da
Estrela” a dificuldade em arranjar uma amante estava excluída. É que uma pessoa
não vale apenas pelo que tem mas também pelo que aparenta.
Por que é que comecei a escrever
estas linhas sinuosas e que não se entende nada onde quero chegar? Não faço a
mínima ideia. Se calhar será pela eventualidade de o mundo ainda acabar hoje.
DEUS ABUSADOR
(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Já não bastava há uma semana São
Pedro ter mandado chover a cântaros, vai daí, hoje, data da “Noite Branca”
anunciada, voltou a fazer a mesma coisa. Isto é o quê? Brincamos é? Lá porque o
santo é o Senhor das águas do Universo pode dar-se ao luxo de actuar assim
arbitrariamente? E Deus, que hierarquicamente superintende os serviços de
Pedro, não se manifesta? Está certo isto?
Tal-qualmente como há oito dias a
APBC tem grupos corais contratados para actuar nesta “Noite Branca” e em que
algumas lojas da Baixa, presumidamente, estarão abertas até às 23h00. Quer
dizer, “estarão” se Deus quiser e se perante esta descarada “birrice” do seu
chefe de serviços não estragar tudo.
Está bem que foi chato a APBC, há
umas semanas atrás por alegada falta de meios, ter desmarcado o acordo feito
anteriormente como Mercado Municipal D. Pedro V, mas, que diabo –salvo seja-,
já chega de vingança por parte do Senhor das chaves de todas as fechaduras
deste mundo e do outro. Há uma semana atrás, aqui, ainda duvidei que pudesse
haver conluio, contrato, entre a santidade e o presidente da Associação dos
Mercados de Coimbra, Paulo Diniz, mas hoje, com este tempo de morrinha, de
chuva miúda, estou esclarecido: São Pedro está “feito” com o nosso simpático
talhante da nossa “praça”. É duplamente injusto. Primeiro, porque duvido que o
Senhor das barbas brancas e molho de chaves a tiracolo compre lá alguma coisa.
Segundo, toda a gente o conhece bem lá na venda de peixe, carne e hortaliças. É
preciso colocar-se em bicos de pés e castigar assim os mercadores da Baixa só
para mostrar a sua omnipotência? Estamos perante um reiterado abuso de direito.
É um escandaloso atrevimento de posição dominante. Já agora, podemos especular,
por que razão é que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que por
acaso até português, não se insurge e pede a intervenção dos seus pares para
que este monopólio seja desfeito de uma vez por todas? E o nosso Governo
português? Porque nunca obrigou Deus a ter livro de reclamações? E até vou mais
longe: esta prepotência não deveria interessar ao menino Jesus? Se as crianças
têm um poder imenso junto dos pais, por que razão o salvador não se interessa
por isto? Ah, ainda não nasceu?! Pode ser, mas quando vir a luz vai ser igual.
Igual, não. Pior. Muito pior!
Continuando, já agora, há oito
dias dava de alvitre que Armindo Gaspar, presidente da APBC, deveria, com
urgência, enviar uma carta registada com aviso de recepção a Deus a manifestar
o seu total descontentamento. Enviou? Sei lá! É mais que certo que não fez nada.
Apesar de haver quem diga que segue com atenção o que se escreve neste blogue
e, eventualmente, algumas vezes tomará em boa conta o que aqui se recomenda,
esta é a prova consumada que o Gaspar não liga nenhuma ao que escrevo. Está
certo? Claro que não! Está erradíssimo. Sobretudo para mim, que sempre me
alegrava o ego e mostrava que alguém me dava atenção. Mas qual quê? Tenho de
continuar na minha absoluta carência e perdido nos labirintos da ignorância.
Não é preciso ser doutor de leis
para verificar que, em nome do superior interesse dos comerciantes, o Gaspar
deveria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance. Não sei muito bem o quê,
mas, por exemplo, já que Deus não acolhe as nossas preces, deveria convocar uma
manifestação em frente à igreja de Santa Cruz, com grandes cartazes: “São
Pedro, demita-se! Estamos fartos da sua arrogância e insensibilidade!”
É óbvio que estou a escrever
assim, mas não sei que medida teria tomado o Armindo. Vamos aguardar pelos
próximos dias. Uma coisa tenho a certeza: ele vai manifestar o seu
descontentamento ao Criador por ser tão injusto para todos nós.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
LEIA O DESPERTAR...

LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA
Para além do texto "PROPOSTA DA CASA DO COMERCIANTE ADIADA", deixo também as crónicas "DESESPERANDO PELAS COMISSÕES DOS SMTUC"; "EM NOME DE DEUS; CABAZES DELTA NA BAIXA; e ainda "REFLEXÃO: HAJA PACIÊNCIA!"
PROPOSTA DA CASA DO COMERCIANTE ADIADA
Nesta segunda-feira, última, na
reunião do executivo, por parte da Coligação por Coimbra foi apresentada uma
proposta para aprovação de cedência de um espaço situado no Mercado Municipal
D. João V para a futura sede da Casa do Comerciante da Cidade de Coimbra (CCCC).
A moção acabaria por ser retirada pelo vereador José Belo, que é jurista, e
perante uma dúvida levantada por Carlos Cidade, também jurista e vereador do
Partido Socialista.
O que aconteceu? Será a pergunta
mais comum, neste momento, aqui na Baixa. Fui ouvir Carlos Cidade, que disse o
seguinte: “a proposta foi retirada porque, do ponto de vista dos requisitos
legais, quem a fez esqueceu-se desses pormenores importantes para quem tem que
decidir, levando a quem decide, se o tivesse feito, a cometer uma ilegalidade”.
Pode ser mais claro, Carlos? Interrogo. “Mas é simples, a Câmara não pode, nos
termos da lei, contratualizar com entidades que não tenham personalidade
jurídica, quer individual quer coletiva, e esse pormenor tem que ser resolvido
primeiro. Ou seja, para haver consignação por
parte da autarquia, é necessário a CCCC ter os estatutos promulgados, com
Número de Identificação de Pessoa Coletiva. A Câmara não pode aprovar um
contrato com entidades que não existem! É ilegal e implica perda de mandato!”
E o que diz José Belo? Não sei.
Apesar da tentativa, não consegui o contacto direto com este representante da
maioria e ouvir o seu depoimento. Mesmo sem lhe chegar próximo, porque tenho as
minhas fontes, posso adiantar é que graças à boa vontade dos dois vereadores,
Carlos Cidade e José Belo, o “quid pro quo”, tomar uma coisa por outra, está
sanado e, a breve prazo, com a publicação dos Estatutos da CCCC, a proposta
voltará ao executivo e desta vez será aprovada por unanimidade e no total
espírito da lei.

DESESPERANDO PELA COMISSÃO DOS SMTUC
Fui alertado por um dos muitos operadores
dos quiosques da Baixa, que pediu o anonimato. Contactei vários e todos
corroboraram o mesmo. Vamos ler as declarações do primeiro: “ó Luís, tens de
escrever sobre o que se está a passar connosco. Temos um contrato estabelecido
com os SMTUC, Serviços Municipais de Transportes Urbanos de Coimbra, de
carregar eletronicamente os passes e as senhas. Acontece que, nos últimos meses,
estão a atrasar-se no pagamento de comissões. Em Novembro pagaram o Setembro. É
muito chato. Já viste? Nesta altura em que estamos todos necessitados de
financiamento e carregados com despesas, resolvem não cumprir com o acordado?
Os SMTUC recebem diariamente na conta bancária o movimento correspondente. E
nós? Será que não contamos para os serviços municipalizados? Temos as nossas
despesas diárias; pagamos antecipadamente o IVA correspondente e sem receber o
que temos por direito em correspondência. Isto está mal. Precisamos de dinheiro
para os nossos custos. Está certo isto? Podes escrever uma crónica sobre este
caso?”
EM NOME DE DEUS
Que o homem é o lobo do homem não
me escandaliza. Quem escreveu a frase pela primeira vez foi Thomas Hobbes
-1588-1679. Para este filósofo da Idade Moderna “o homem é lobo do homem”,
porque no “Estado de Natureza” em que se encontram “os homens são perfeitamente
iguais, desejam as mesmas coisas, têm as mesmas necessidades e o mesmo instinto
de auto preservação. Para este grande filósofo inglês o “estado natural” é o
conflito, o dissenso, a guerra. As guerras existem porque todos concorrem pelo
mesmo fim, pelas mesmas coisas. A disputa acontece porque o homem é um ser
obsessivamente ambicioso. Nunca está satisfeito com o que tem. Quer cada vez
mais e, para alcançar o que não tem, não olha a meios para atingir os fins. Por
outro lado, o homem é um ser inacabado, incompleto, e tendo consciência desta
imperfeição, na inquietação, abalança-se para a frente em busca de respostas
que possam colmatar as suas dúvidas existenciais cada vez maiores, sobretudo
assentes na catarse: “quem sou eu? O que faço aqui? Para onde vou?”. É também
aqui, nesta interrogação metafísica, pela incapacidade de refutação
convincente, que o humano se vira para o transcendente e, na sua fé, sem
questionar, se vira para Deus e para o Seu poder supremo e omnipotente.
Continuando sem respostas, mas aceitando o dogma como axioma, verdade sem
contestação, para na sua mania de encontrar réplicas para todas as questões e
aceita a impossibilidade de não ver para crer.
Não tenho dúvida em afirmar que o
homem, sem resposta objetiva e clara para o que o move, a balouçar entre o bem
e o mal, procura cada vez mais a perfeição e, dentro da sua natural propensão
para a injustiça, tenderá cada vez mais em sublimar a iniquidade e ser
equitativo. Naturalmente que neste caminhar ao longo da vida, em busca de uma solução
filosófica às suas questões, se misturam as necessidades de poder, riqueza e
reconhecimento. E é exatamente nesta mistura de contenda, ambição e
notabilidade que assenta o progresso e desenvolvimento.
Isto tudo para dizer que não me
escandaliza que a pessoa, nas suas relações bilaterais, seja e continue a ser
imperfeita e injusta. O que me indigna é que em nome da sua crendice, em nome
do seu acreditar, sobretudo quando se encontra numa posição de extrema
fragilidade económica, alguém, uma igreja, em nome de Deus, em Seu nome, se
aproveite da sua debilidade. Em face deste prospeto, estamos perante um exemplo
acabado. É preciso denunciar esta nova forma de aliciamento social.
CABAZES DE NATAL DELTA NA BAIXA
Em protocolo com a Câmara
Municipal de Coimbra, os cafés Delta distribuíram na cidade, e também na Baixa,
um total de 40 cabazes de Natal. Segundo António Prates e Patrícia Santos, representantes
da empresa, esta ideia saída diretamente de Rui Nabeiro, o proprietário da
prestigiada marca de cafés, é uma iniciativa inserida na rubrica “Tempo para
dar” e praticada há vários anos pela Delta no país. Este ano, tendo em conta as
necessidades mais abrangentes de uma maior fatia da população, foi alargada a
mais cidades portuguesas, entre estas Coimbra.
REFLEXÃO: HAJA PACIÊNCIA!
Foi em 19 de fevereiro, último,
que um grupo de comerciantes se apresentou no executivo camarário a lembrar a
autarquia que esta se encontrava em dívida para com os lojistas. Estava em
causa uma obrigação plasmada em ata de 14 de outubro de 2002, em que se
transcrevia que, em compensação para os mercadores da cidade e pela construção
do Fórum Coimbra, a edilidade cedia um terreno no Planalto de Santa Clara para
a construção da “Casa do Comerciante”. Por parte dos manifestantes foi dito
que, por não haver dinheiro para a edificação, para começar e sem esgotar a
obrigação, se pedia um espaço já construído na Baixa, cedido a título não
oneroso, para iniciar os primeiros passos deste projeto sem fins lucrativos.
Na altura, em fevereiro, apesar
das palavras simpáticas de toda a vereação, executivo e oposição, pelo
presidente Barbosa de Melo foi dito que “agora sim, o comércio atravessa uma
crise muito grande, não tenho dúvidas”. Passado quase um ano, depois da
situação comercial se ter agravado e, sem resultados à vista, o mesmo grupo de
comerciantes ter repetido a reivindicação em junho no plenário da Câmara, ainda
não está resolvida esta questão de cumprimento de promessa. Escolhendo as
palavras para não ferir suscetibilidades, porque estamos em período de
pré-eleições autárquicas, gostaria de salientar que este arrastar no tempo é
inconcebível; consome a alma do mais paciente cidadão e leva à desistência. Os
eleitos político-partidários, numa espécie de jogo hipócrita de assédio imoral,
estão sempre a apelar à participação cívica dos cidadãos na vida pública mas
depois, “a posteriori”, na prática, em vez de colaborarem e tudo fazerem para
elevarem a autoestima de quem quer participar e, em simpatia, levar outros ao
mesmo exemplo, em contraproducente, remetem-se num silêncio insultuoso. Neste “dolce
far niente”, neste ficar quedo e mudo, há uma provocação implícita, um desprezo
por quem, gratuitamente e sem nada pedir em troca, quer fazer alguma coisa pelo
meio coletivo. Talvez valha a pena pensar nisto!
BOLACHA AMERICANA, QUEM NÃO A COME NÃO MAMA
Já há cerca de um ano e meio
falei, aqui, do senhor Carlos Alberto da Silva. De tempos a tempos aí vem ele de
Aveiro, no “machimbombo”, no comboio, e desemboca em Coimbra, na Baixa, que é
uma cidade que gosta muito, diz-me a sorrir. Desde os 12 anos que vende “pró
menino e p’ra menina”. Apesar das coisas estarem muito más e se vender pouco,
não consegue viver sem este vício.
Se o encontrar, leitor, se puder,
compre-lhe um saquinho com 5 bolachas. Custam 2,50 euros. São uma delícia.
Acredite que sei do que escrevo. Se gostamos de ver estes típicos vendedores
entre nós, a única forma de os mantermos por cá, é comprando-lhes o seu artigo. Não
esqueça, não?!?
Boas festas. Bom Natal e feliz Ano
Novo para este e outros vendedores do povo que tanto encanto nos distribuem gratuitamente nas nossas ruas.
TEXTOS RELACIONADOS
AINDA HÁ GENTE ASSIM...
"O episódio aconteceu em Celeirós, Braga, no balcão do Santander Totta e motivou já uma queixa às autoridades. Um homem, dono de uma sucata, foi impedido de levantar um cheque dentro da dependência por «estar mal vestido» de acordo com o bancário, relata o Jornal de Notícias."
LEIA MAIS AQUI, NO SOL
São pequenos episódios infelizes como este que nos mostram a diferença entre um trabalhador bancário e um operário. É alguma coisa nova? Não. Sempre foi assim. Então porquê a admiração? Pois, essa é mesmo a questão. Mas não vale a pena perder tempo com catarse psicanalíticas. Uma recomendação à direcção do Santander: por amor do santo protector de todo o dinheiro do mundo, demitam este homem. Se não for pedir muito, façam uma troca: o sucateiro vai para gerente bancário e o funcionário do banco vai trabalhar para a sucata.
VALHA-NOS NOSSA SENHORA DA (DES)GRAÇA E DA POUCA VERGONHA

"Relvas recebeu 14 mil euros de reforma"
"O ministro Adjunto já está reformado. Miguel Relvas, de 51 anos, optou por suspender a sua pensão quando aceitou integrar o Governo liderado por Passos Coelho, dando cumprimento à lei que impede a acumulação de salários com pensões aos titulares de cargos políticos.
A subvenção vitalícia de Relvas é de 2800 euros por mês. No ano passado, a Caixa Geral de Aposentações pagou mais de 14 mil euros ao ministro Adjunto a título de pensão vitalícia, um pagamento que foi suspenso quando tomou posse no actual Governo."
LEIA AQUI O CORREIO DA MANHÃ.
LEIA AQUI O CORREIO DA MANHÃ.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
A TERRÍVEL PARTIDARITE
(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Não me tenho na conta de ser o
melhor da “cantareira”. Não me julgo exemplo para ninguém. Como tantos milhares
de portugueses da minha geração, comecei a trabalhar ainda criança. Então com
10 anos, em 1966, mal finalizei a então escola primária, como era conhecida,
saí de casa dos meus pais e nunca mais parei de trabalhar até hoje. Encontrei
há dias o meu primeiro cartão da então “Caixa de Previdência do Distrito de
Coimbra, tem a data de inscrição de 1 de Setembro de 1968. Ou seja, com 56
anos, retirando alguns meses que perdesse na transição de empregos, terei cerca
de 44 anos de descontos. Até hoje, felizmente, nunca estive de baixa, mas sou,
naturalmente usufrutuário do Serviço Nacional de Saúde como outro qualquer
cidadão e também não me julgo com mais direitos por isso.
A minha formação intelectual foi
conseguida com o trabalho diário, com o que fui lendo e apreendendo e pelo
fazer continuado, e nos intervalos –estudando à noite. A minha educação foi
feita a “martelo”, pela experiência empírica da vida. Via aqui, ali e acolá
como se relacionavam as pessoas, fui memorizando a sua metodologia e fazendo
igual. No escrever textos a mesma coisa. Foi lendo tudo o que me aparecia, colocando
em prática no papel. Foi assim que aprendi –hoje, quando pego em folhas de jornal da
década de 1980 e 1990 onde estão crónicas que lá plasmei na “página do leitor” de diários da cidade até me arrepio com tantas "calinadas". Mas foi assim, dando erros atrás
de erros, que aprendi. Fui um poço de virtudes até agora? Não senhor! Fui o que
pude ser e me deixaram. Como outros, sou apenas e só o resultado de várias
circunstâncias. Tentei sempre satisfazer com as minhas obrigações para com todos
os que me rodeavam, incluindo instituições. Tive sempre uma preocupação: cumprir
para ter o registo criminal limpo. Até hoje tenho. Tive sorte? Sim, claro, mas
não tanto quanto possa parecer. A fronteira entre o imaculado e o pecado é uma
linha ténue. É o fio de uma navalha. O mesmo é dizer que qualquer de nós, a qualquer momento, pode ser
criminoso. Começou logo no cumprimento do serviço militar quando chamei “maçarico”
–que era uma grande ofensa- a um sentinela à porta de armas e que me chateou a
cabeça. Se calhar, se lhe tivesse arremessado um calhau era menos grave. Mas,
na tropa dessa altura, apelidar “um praça”, um miliciano, de “maçarico” era
blasfémia. Foi um dos muitos sapos que engoli ao longo da vida. E foram muitos.
De tal forma que, por mais que tente, não consigo emagrecer. Naquele caso,
recordado agora à colação, fui chamado ao comandante e a questão era tão
simples quanto isto: “ou pede desculpas ao sentinela, e no caso de ele as
aceitar retira a ofensa, ou avança-se para inquérito e provavelmente prepare-se
para uma posterior sanção. É óbvio que optei pelo pedido de explicações e a
coisa ficou sanada.
Depois, ao longo da vida, foram
acontecendo coisas parecidas e sempre se resolveram da melhor forma. Algumas
vezes dobrei a espinha contra a vontade? Ui! Tantas que nem sei! Que remédio!
Quando não restava outro caminho, o que havia de fazer? De herói?
Já fui constituído arguido três
vezes. Em duas delas fui absolvido e na terceira, por ter pedido a instrução do
processo, foi-me dada razão, e já não houve julgamento –foi há cerca de três
anos, por ter escrito aqui uma notícia sobre uma loja que encerrou na Baixa e
deixou um funcionário com 40 anos de casa na rua. Tive sorte? Claro que sim,
mas fiz por isso. Ou seja, não me coloquei nos braços do acaso e à espera que o
destino me bafejasse com o seu sentido crítico de justiça. Nada disso. Fui
sempre defendido por uma boa advogada, a Drª Helena Mendes –que, passando a publicidade
merecida, para além de fazer o favor de ser minha amiga, é competentíssima,
séria e de uma estirpe justa como já não há. Provavelmente, com todo o respeito
pelos causídicos nomeados para este efeito, se me deixasse defender por um
qualquer advogado oficioso, a minha sorte poderia não ter sido a mesma. “Ter sorte”
não passa de uma opção em escolher o caminho certo e na subsequência das acções
continuadas tudo se encaixar magistralmente. “Ter sorte” é estarmos no momento
exacto e na hora certa de um acontecimento futuro que dá para o bem.
Contrariamente ao que se pensa, nada é fortuito e resultado do acaso. Tudo é
fruto de consequência e desfechos imbricados uns nos outros. A mesma acção idêntica
em um indivíduo diferenciado pode não confluir no mesmo efeito. Tal como no
direito, cada caso é um caso, jamais haverá dois iguais. Nos pormenores há
sempre algo singular.
E comecei a escrever esta crónica
com uma intenção: apenas escrever sobre a “partidarite”. Mas inevitavelmente caio
na deriva e misturo alhos com bugalhos. Como já é hábito, acabo por escrever
pouquíssimo do tema que tencionava fazer quando escrevi o primeiro parágrafo.
Como este texto já vai longo,
tenho mesmo de plasmar o que lhe deu origem. Estamos a começar um período de
pré-eleições autárquicas. Começo a aperceber-me da forma como as pessoas mudam
radicalmente. Bons chefes de família, assertivos e calmos, de repente
transformam-se em máquinas vorazes de conveniências obscuras. Parece que perdem
a noção do ridículo e transfiguram-se em algo detestável e abominável. Por
outro lado, e para piorar as coisas, desligam-se do azimute, que é o tão
apregoado superior interesse colectivo, e passam a olhar só para o seu umbigo.
É certo que, como bandeira desfraldada ao vento, fazem anunciar o desapego a
toda a hora, mas não passa de um pregão popular de vendedores de “banha da cobra”.
Entrámos no “vale tudo”. Se preciso for, para captar votos, arruínam-se planos
sem pejo nem arpejo. O que conta é que a oposição não leve a melhor. Se a
cidade e se os seus munícipes ficam mal isso não interessa nada. O que importa
é cada uma das facções ficar por cima. Parece que estes candidatos, nestas
alturas próximas de eleições, desligam a racionalidade e mostram o pior que há
dentro deles. Repare-se que estas pessoas, para além de terem tido uma educação
normal, tiveram uma formação intelectual superior. Como é que, perante certas
atitudes destes fulanos, um tipo rústico, brutalhado e sem maneiras, como eu
fica? Talvez mais burro… não?!?
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