LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA
Para além do texto "NA BAIXA RESPIRA-SE NATAL", deixo também as crónicas "O ÚLTIMO SUSPIRO DO SACRIL(ÉGIO)"; "TOMAR O PULSO À RUA"; "REFLEXÃO: PARA ONDE CAMINHAMOS, SENHOR?"; e ainda os textos "O REGRESSO DO ARDINA DA SAUDADE"; e "NOITE BRILHANTE NO MERCADO"
NA BAIXA RESPIRA-SE NATAL
Com a presença de Barbosa de
Melo, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, foram oficialmente inauguradas
as iluminações de Natal. Quase ao mesmo tempo, e por iniciativa da APBC,
Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, chegou o Pai Natal, uma obra
escultórica da ARCA, à Praça 8 de Maio, transportado num camião dos Bombeiros
Voluntários de Coimbra, e o som melodioso de música natalícia invadiu todas as
ruas, becos e ruelas. Saliento que todas estas iniciativas têm um custo zero
para os mercadores. Há na Baixa um espírito de Natal à solta. Vive-se por aqui
uma ternura que não se sentia há muito tempo.
Naturalmente que haverá sempre
quem não esteja de acordo com estas ações. Para uns os enfeites estão muito
pobrezinhos; para outros criticam o facto de só as duas ruas principais merecerem
serem ornamentadas; para outros, perante a grave crise, estão contra estas
manifestações alusivas ao Menino Jesus. No tocante ao som, para uns, a música
que está a tocar não tem qualidade, deveriam passar mais canções brasileiras;
para outros a toada está muito alta.
Têm razão? Têm e não têm. Antes
de explicar esta minha deliberação ambígua, convém esclarecer que há sempre, no
mínimo, duas maneiras de ver as coisas: a visão dos que estão próximo e a dos
que estão longe. Depois, mesmo nestas duas posições geográficas, a influir na
apreciação, conta muito a forma como se está perante o mundo. Se estamos em paz
com ele teremos uma avaliação positiva e até desvalorizamos e damos uma margem
de dúvida para os promotores. Se estamos mal, se a vida nos desiludiu ou corre
mal, tornamo-nos azedos, mal-humorados, pessimistas, e dizemos mal de tudo e
todos. Somos todos iguais nesta prospetiva.
Claro que, como em tudo, haverá
sempre um meio-termo entre dois polos. Se me pedissem um conceito talvez o
designasse por bom senso, bom agradecimento por quem faz alguma coisa por nós.
E ao proceder assim, teremos sempre de menosprezar as posições radicais. Mesmo
assim, olhando um pouco às críticas, por exemplo, se alguns consideram que o
som está alto, é muito fácil de tentar harmonizar os interesses: baixa-se um
pouco. Relativamente aos reparos de se ornamentarem apenas as ruas da calçada,
a meu ver, estes comentários têm perfeita razão de ser. Não se pode entender que
todos os arcos estejam concentrados nas Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz
e a Rua da Sofia não merecesse um único ornamento de atenção. Esta artéria,
conjuntamente com as citadas, é uma das mais importantes da Baixa. Basta
lembrar a sua monumentalidade e ser candidata a Património Mundial pela Unesco.
Para além deste “esquecimento”, lamenta-se também verificar que a autarquia não
tivesse previamente contactado a APBC e, juntas, combinarem um plano de acordo,
isto sem que houvesse aumento de custos –que, quanto a mim, a Câmara Municipal
ao reduzir as verbas, mas sem erradicar, esteve muito bem. Todos os
comerciantes lhe devem agradecer, pelo menos se tiverem memória. É bom não
esquecer que até 2001 os custos alegóricos à quadra eram a expensas dos lojistas.
O ÚLTIMO SUSPIRO DO SACRIL(ÉGIO)
Morreu na semana passada o
Sacril. Tinha à volta de 50 anos. Como é que se pode morrer tão novo?
Interrogarão alguns mais chegados. Para outros, mais que certo, dirão, estava
numa altura ótima para deixar este mundo de aflições. Afinal meio século é
sempre o meio de qualquer coisa, neste caso metade de 100 anos. Mas quem chega
lá, à centúria, salvo exceções, já não vive, arrasta-se, sobrevive. O Sacril morreu
desta doença da moda. Dizem que foi a mudança dos costumes que o condenou
inexoravelmente. Parece que é um vírus que anda por aí à solta e tão depressa
não haverá antídoto. Já há quem lhe chame a peste negra destes tempos. Mas este
seu perecimento deixa saudades? Se calhar não. Afinal é mais um que partiu. E
que importa isso? É certo que nos primeiros dias vamos notar a sua falta, mas
depois habituamo-nos e passa. A vida é uma roda que vai girando devagar para
uns e a correr para outros. De vez em quando lá cai um raio da circunferência,
mas imediatamente outro tomará o seu lugar e a cidade, que é feita de todos mas
ninguém em especial, na sua continuidade assente nestes figurantes, no seu
caminhar insensível rumo ao futuro, não se sabendo onde fica nem a quem
pertence, prossegue a sua marcha silenciosa sem proferir um lamento de dor.
Só quem convive muito de perto
com o falecido sofre. Sofre não. Padece, mingua de amargura. Contava-se por cá,
à “boca sussurrada”, aqui e acolá, como manda a lei da ética no bairro, que o
Sacril estava nas últimas. Dizia-se que era por isto e por aquilo. Como sou o
coscuvilheiro de serviço –gostava de ser cangalheiro, ganhava muito mais, e
tinha futuro garantido, mas já há muitos-, há dias e antes do último suspiro, num
daqueles gestos afirmativos, vi a Sandra, uma das familiares diretas do Sacril,
muito magra e com um espírito de grande angústia pesada a envolver todo o seu
frágil corpo de mulher bela de trinta e poucos anos. Comecei por pedir desculpa
por me estar a meter na sua vida particular e interroguei se era verdade o
Sacril estar muito doente e se corria risco de vida? E a Sandra, já muito
debilitada, em manifestação de alguém que vai perder um familiar chegado, sem
força anímica, não conseguiu conter as lágrimas, que lhe caíram em turbilhão
por aquele rosto lindo, mas muito fragilizado. “É verdade, sim, senhor Luís. É
muito duro o que nos está acontecer! Ao morrer o meu estabelecimento Sacril falece
uma parte de mim, um pedaço de carne de todos nós, o coração da minha família. Ali
está a vida dos meus pais, que, para ver se nos aguentávamos, já há muito que
não nos cobravam renda, a mim e à minha irmã. São 50 anos de história que se
perdem, que se esvaem como água por entre os dedos, aqui na Rua das Padeiras,
como estas lágrimas que escorrem pela minha cara. É muito duro! Não merecíamos
isto! É um castigo demasiado grande. Somos quatro pessoas a viver da loja. Não
dá para continuar. Deixou de ser rentável, e não é por falta de esforço de
todos os que lá trabalhamos. Nunca imaginei uma coisa destas! Nasci ali, senhor
Luís. Como é que vou viver sem o Sacril? Ali está a minha alma, todo o meu ser.
É tudo para mim! Não sei se vou aguentar. Há uns meses que ando a emagrecer
cada vez mais. Já há muito que não consigo dormir. Mesmo com os fármacos que me
receitaram não consigo descansar. O que vai ser de mim sem a minha loja, senhor
Luís?”
TOMAR O PULSO À RUA
Vivemos todos presos a
estereótipos, a apriorismos, a frases que apanhamos nos outros e as tomamos
como verdadeiras, nossas, sem pensar.
A semana passada foi inaugurado o
som musical nas ruas da Baixa. Trata-se de uma feliz iniciativa da APBC,
Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, no sentido de tornar as artérias
mais alegres, uma vez que, por vários motivos e sobretudo a crise, se encontram
tão tristonhas e desertificadas. O que eu não imaginava é que a propagação
sonora em todo o quarteirão formado pelo Largo da Portagem, Ferreira Borges,
Visconde da Luz, Sofia e demais ruas e becos estreitos, poderia ser fatal para uma
atividade: a dos músicos que tocam na via pública. Logo a seguir, e ainda no
mesmo dia, o Paolo Vasil, acordeonista romeno, e o Lourenço Pina, tocador de
viola e cantante cabo-verdiano, ambos músicos da recente formada “Orquestra de
músicos de Rua de Coimbra”, vieram ter comigo muito preocupados e a suplicar:
“ó senhor Luís, a música nas colunas está muito alta. Assim não podemos tocar.
Como é que vamos ganhar a vida? Se o senhor pudesse falar com quem manda nisto
para baixar um bocadinho do volume…”. A seguir o Lourenço disse uma coisa que
me colocou em choque: “ó senhor Luís, na segunda-feira eu preciso de ganhar
2,50 euros para ir comer à Cozinha Económica. Assim, com o som tão alto, não
posso tocar e também não posso comer…”
Sem entrar em grandes tiradas
reflexivas, gostava de chamar a atenção para este caso. Este homem,
diariamente, aufere na rua o seu sustento. Mais: bastam-lhe dois euros e meio
para aguentar esta vida nesta terra tão desgraçada para tantos e prometida para
ele. Era bom que todos pensássemos nisto quando nos lamentamos porque não temos
isto e aquilo.
Felizmente, falei com o Armindo
Gaspar, presidente da APBC, e, numa compreensão digna de louvar, o som foi
baixado para o mínimo. Penso que amanhã já todos os músicos de rua, naquelas
artérias, estarão mais felizes com um simples gesto de rodar um botão.
São tantas as vezes que pensamos
que estas pessoas ganham fortunas diariamente –e acredito que haverá quem ganhe
de facto muito- que até nos esquecemos daqueles que pouco auferem. Talvez valha
a pena pensar nisto.
REFLEXÃO: PARA ONDE CAMINHAMOS, SENHOR?
Na semana passada encerrou o
estabelecimento Sacril, uma casa com cerca de 50 anos de existência, na Rua das
Padeiras. Quatro pessoas ficaram desempregadas. Três famílias, duas sócias e um
funcionário, ficaram seriamente afetadas no seu bem-estar já por si, até aí,
depauperante. Até ao fim do ano, durante este mês, pelo que se consta aqui na
Baixa, cerca de meia-dúzia de lojas irão encerrar. Todos nós, como
participantes num jogo de peças de dominó alinhadas, e que vão caindo uma a
uma, assistimos todos a este ir ao chão impávidos e serenos e sem nada se
fazer. É como se, pacificamente, aceitássemos este devir como desígnio divino.
Por outro lado, passamos a olhar para estas desgraças do nosso vizinho como uma
fatalidade normal. Acontece que estamos a assistir a um extermínio comercial
que não tem nada de normal. É uma anormalidade em que estão a cair muitas
famílias na insolvência, na pobreza e na desgraça. O que é necessário fazer
para todos acordarmos que esta situação não pode continuar? Se, porventura, não
nos toca o destino do nosso confinante, por momentos e do ponto de vista
egoísta, pensemos que o nosso fim também estará próximo.
O REGRESSO DO ARDINA DA SAUDADE
Há uma semana, neste mesmo dia de
sexta-feira, durante a tarde, a título experimental, as ruas da Baixa foram
invadidas pelo saudoso grito do ardina: “OLHOOOOÓ… DESPERTAR! É P’RÓ MENINO E
P’RÁ MENINA! TRAZ A NOTÍCIA DO MACHADO QUE VAI RACHAR A CÂMARA AO MEIO! …
OLHOOOOÓ DESPERTAR!”
Quem assim gritava a plenos
pulmões era o Victor Manuel Lucas. E quem é o Victor? Calma, eu vou contar
tudo. Faça o favor de não me pressionar. É que em stresse não funciono. Não dou
uma “p’ra caixa”. Não sei se me entende. Vou então continuar. Recomeço por
dizer que o Victor, para além de ser uma pessoa humilde e a quem o trabalho não
mete medo, é um “self made man”. Um homem dos sete ofícios. Foi pintor de
construção civil. Neste momento é vendedor nas diversas feiras de velharias da
zona centro, é pintor de artes plásticas, autodidata, é restaurador de arte na
Lousã, onde reside, e tanta coisa que nem sei. Mas vamos lá contar como é que o
Lucas é “arrastado” para uma nova função: a de ardina. Como muitos leitores
saberão, o jornal O Despertar é o mais antigo semanário de Coimbra no ativo. Do
alto dos seus 95 anos, tal como outros irmãos mais novos na imprensa, vive com
dificuldade. Desde o atual proprietário Lino Vinhal, que adquiriu o título à
família Fausto Correia com a promessa de não o deixar morrer, até à diretora,
Zilda Monteiro, que é uma espécie de “faz tudo”, e passando pelo abnegado
esforço do Carlos Dinis, na paginação, todos “dão o litro”. De uma forma
altruísta e desinteressada, na vanguarda do jornal está uma vasta equipa que
corre por amor à camisola. Como colaboradores escrevem a Alda Belo, a Alda
Constança, a Clara Luxo Correia, o Eduardo Proença Mamede, o João Baptista, o
Joaquim Belizário Borges, o Joaquim Vieira, o José Andrade, a Lucinda Ferreira,
o Manuel Bontempo, a Paula Alexandra Almeida, o Sansão Coelho, o António
Piedade e a mais recente aquisição, transferido de um grande jornal nacional e
que agora nem recordo o nome, o Luís Fernandes, que por acaso, sou eu. Gostaria
de referir também o José Soares, desaparecido do nosso meio dos vivos há pouco
tempo, e que durante muitos anos deu o seu melhor para que este semanário
continuasse a surgir nas bancas semanalmente.
Continuando, nas calmas, vou
agora então contar como é que surgiu esta ideia de voltarmos novamente a ouvir
o grito do jornaleiro, e que tanta nostalgia nos transmite, nas ruas da cidade.
Aconteceu por acaso. Conversamos todos sobre este assunto e decidiu-se fazer a
experiência. Por parte da administração apenas pretende a divulgação deste meio
de informação. Não está em causa o custo da edição. Como tal, e sendo assim, o
que interessa mesmo é que você adquira e leia O Despertar. Se não puder pagar
os 75 cêntimos de capa fale com o Victor, o “novo ardina da saudade”, que,
tenho a certeza, ele não deixará de lho entregar. Fale é com ele. Não lhe atire
um olhar de distanciamento.
Hoje e no futuro o tempo vai
andar para trás na Baixa. Como o ensaio preliminar correu muito bem, ficam os
leitores a saber que todas as sextas-feiras o Victor vai encantar-nos com o seu
pregão: “OLHOOOÓ DESPERTAR!”. Gostaria só de chamar a atenção de que a
permanência deste novo e respeitado ardina passará sempre por si. Dê-lhe um
sorriso de consideração e, sobretudo, se puder, adquira-lhe o jornal.
NOITE BRILHANTE NO MERCADO
Paulo Diniz, o presidente da
Associação do Comércio dos Mercados de Coimbra, estava feliz. A primeira “noite
branca” realizada no Mercado Municipal D. Pedro V, no último sábado,
ultrapassou as expectativas. Sem disfarçar o contentamento foi dizendo: “Foi
bom! Muito bom, mesmo! O mercado esteve cheio de gente como já não se via há
muito tempo. Os próprios vendedores e meus colegas, na participação, excederam-se
e estiveram a comerciar até às 22h30. O pessoal vendeu bem e até por isso,
também, foi muito satisfatório.”
Como foi noticiado pel’O
Despertar esta iniciativa, que visa captar novos públicos e chamar a atenção
para o comércio tradicional, estava programada para ser realizada em simultâneo
com uma “noite branca” na Baixa conjuntamente com a APBC, Agência para a
Promoção da Baixa de Coimbra. Por razões de logística desta agência, uma vez
que não estavam reunidas condições de funcionamento, teve de ser cancelada. Segundo
Armindo Gaspar, presidente desta agremiação, “desta vez não foi possível
fazermos o evento, mas contamos futuramente trabalhar de braço dado com o
mercado municipal. A nossa “praça” é uma extensão da Baixa e não nos vemos de
outra forma. Infelizmente, por motivos alheios à nossa vontade, foi impossível
começarmos já, mas proximamente vai mesmo acontecer”. E o que pensa desta
relação bilateral Paulo Diniz? Estas alegorias são para continuar? “Claro que são
para continuar. E é evidente que pensamos persistir na comparticipação com a
APBC. Foi pena, de facto, não acontecer já hoje, mas cá estamos para
trabalharmos juntos no futuro.”
E os vendedores? Como é que viram
esta iniciativa brilhante no mercado? Vamos ouvir Clídia Neves: “foi bom. Muito
bom! Para compensar até vendemos bem. Veio muita gente; sobretudo jovens que
nunca tinham vindo ao mercado. Era bem patente a sua admiração por tudo o que
viam; pela nossa simpatia, pela nossa espontaneidade. Aqui respira-se povo,
você entende?”
Ao lado a irmã, Irídia Neves, enquanto
arruma uns produtos na prateleira, mete também a colher”: “as pessoas viam os
preços e ficavam admiradas, por aqui ser tudo mais barato. Ficavam surpreendidas
pela nossa naturalidade. Alguns, sobretudo gente nova que nunca tinha vindo cá,
disseram que o mercado parecia uma grande família.”
E o que pensa o mercador Luís
Carlos Carvalho? “Foi muito bom. Tivemos aqui milhares de pessoas. Repare que
hoje era feriado, pois, mesmo assim, as pessoas acorreram em massa. O ponto
alto foi aquando da atuação do Orfeon Académico de Coimbra. Estava aqui um mar
de gente. Felizmente, para ser ouro sobre azul, vendeu-se bastante. E acima de
tudo o convívio que se formou entre vendedores e compradores foi fantástico. Nós
aqui somos uma grande família. Sabe? Tire aqui uma fatia de bolo-rei e beba um
copinho de jeropiga. Vai?”
O DEZEMBRO DE TODAS
AS NOITES BRANCAS
Nos próximos dias 14 e 21, deste
mês de dezembro, respetivamente à sexta-feira, vão realizar-se duas “noites
brancas” até às 23h00. Segundo Armindo Gaspar, “em reunião de direção da APBC,
entendemos efetuar estas duas iniciativas por ser dezembro, o “mês do
comércio”. Como no anterior projeto de realizar a ”noite branca” ao sábado não
tivemos adesões suficientes por parte dos comerciantes, desta vez, alteramos
para a sexta-feira. Além disso, para não cansar muito, em vez de se ir até à
meia-noite, iremos até às 23h00. Naturalmente que convidamos o Mercado
Municipal para nos acompanhar nesta iniciativa a favor do comércio
tradicional.”
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