sábado, 1 de dezembro de 2012

NA BAIXA RESPIRA-SE NATAL



 Ontem, com a presença de Barbosa de Melo, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, foram oficialmente inauguradas as iluminações de Natal. Quase ao mesmo tempo, e por iniciativa da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, chegou o Pai Natal, uma obra escultórica da ARCA, à Praça 8 de Maio, transportado num camião dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, e o som melodioso de música natalícia invadiu todas as ruas, becos e ruelas. Saliento que todas estas iniciativas têm um custo zero para os mercadores. Há na Baixa um espírito de Natal à solta. Vive-se por aqui uma ternura que não se sentia há muito tempo.
Naturalmente que haverá sempre quem não esteja de acordo com estas acções. Para uns os enfeites estão muito pobrezinhos; para outros criticam o facto de só as duas ruas principais merecerem serem ornamentadas; para outros, perante a grave crise, estão contra estas manifestações alusivas ao Menino Jesus. No tocante ao som, para uns, a música que está a tocar não tem qualidade, deveriam passar mais canções brasileiras; para outros a toada está muito alta.
Têm razão? Têm e não têm. Antes de explicar esta minha deliberação ambígua, convém esclarecer que há sempre, no mínimo, duas maneiras de ver as coisas: a visão dos que estão muito próximo e a dos que estão longe. Depois, mesmo nestas duas posições geográficas, a influir na apreciação, conta muito a forma como se está perante o mundo. Se estamos em paz com ele teremos uma avaliação positiva e até desvalorizamos e damos uma margem de dúvida para os promotores. Se estamos mal, se a vida nos desiludiu ou corre mal, tornamo-nos azedos, mal-humorados, pessimistas, e dizemos mal de tudo e todos. Somos todos iguais nesta prospectiva.
Claro que, como em tudo, haverá sempre um meio-termo entre dois polos. Se me pedissem um conceito diria que talvez o designasse por bom senso, bom agradecimento por quem faz alguma coisa por nós. E ao proceder assim, teremos sempre de menosprezar as posições radicais. Mesmo assim, olhando um pouco às críticas, por exemplo, se alguns consideram que o som está alto, é muito fácil de tentar harmonizar os interesses: baixa-se um pouco. Relativamente aos reparos de se ornamentarem apenas as ruas da calçada, a meu ver, estes comentários têm perfeita razão de ser. Não se pode entender que todos os arcos estejam concentrados nas Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz e a Rua da Sofia não merecesse um único ornamento de atenção. Esta rua, conjuntamente com as citadas, é uma das mais importantes da Baixa. Basta lembrar a sua monumentalidade e ser candidata a Património Mundial pela Unesco. Para além deste “esquecimento”, lamenta-se também verificar que a autarquia não tivesse previamente contactado a APBC e, juntas, combinarem um plano de acordo, isto sem que houvesse aumento de custos –que, quanto a mim, a Câmara Municipal ao reduzir as verbas, mas sem erradicar, esteve muito bem. Todos os comerciantes lhe devem agradecer, pelo menos se tiverem memória. É bom não esquecer que até 2001 os custos alegóricos à quadra eram a expensas dos lojistas.

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