"Caros Sócios e Amigos:
Angústia para o jantar
Amanhã vai ter lugar o Jantar de
Natal dos Bombeiros. É um jantar tradicional de “amigos e irmãos”, organizado
pelos próprios bombeiros, e para o qual eu, tal como os restantes membros dos
Corpos Sociais da Associação Humanitária, fomos convidados.
É habitual, no final,
dirigir-lhes, na qualidade de presidente da Direcção, algumas palavras. E é
aqui que surge a angústia: o que dizer-lhes, para além do trivial. Que
palavras de futuro e de esperança, que perspectivas de futuro, face ao
novo ano que se aproxima?
Sinceramente não sei. Depois de
dois anos, de uma batalha intensa pelo reconhecimento da sua dedicação, do seu
trabalho, da sua generosidade e coragem, não sinto que Coimbra (cidadãos;
empresas; poder político; academia; instituições; etc) se mostre interessada em
lhes fazer justiça e se mobilize para lhes dar o apoio que justamente
merecem.
Há algumas honrosas excepções,
que são conforto e incentivo à não desistência, mas como é que se compreende
que uma instituição de utilidade pública e sem fins lucrativos, com 123 de
serviço humanitário, que cumpre diariamente, com homens e mulheres voluntários,
24 sobre 24 horas, a missão de proteger e socorrer todos, não consegue ter mais
do que 5% de sócios de uma população de mais de 140.000 habitantes?
Mais, Coimbra não é um Município,
nem uma Cidade qualquer. Há aqui um elevadíssimo número de universitários, quadros
técnicos superiores, uma significativa classe média-alta (perdoem-me o termo) a
quem se pede uma simples quota de 12 euros/ano, sublinho 12 euros/ano, e
de que não se encontra resposta.
O que é que lhes poderei dizer
quando, ainda hoje, não foi recebida a segunda metade do subsidio atribuído
pela Câmara para o corrente ano, uma receita essencial para o
funcionamento e sobrevivência da instituição?
O que é que lhes poderei dizer
quando a maior parte da empresas que nos apoiavam deixaram pura e simplesmente
de ajudar – algumas por evidentes reflexos da crise -, mas outras surgiram sem
que delas se consiga qualquer resposta, como se o seu sucesso e o
desenvolvimento económico desta Cidade e deste Município não passasse em muito
pela segurança e bem-estar de que os bombeiros voluntários são, em parte, um
importante garante?
Que perspectivas de sobrevivência
e de eventuais melhorias desta instituição, que tantos problemas têm, lhes
posso transmitir como seu líder institucional?
Amanhã direi algumas palavras. Mais
emotivas que racionais. Entretanto vou viver com esta angústia até ao Jantar!
João Silva
Presidente da Direcção
MAIS SÓCIOS, MAIS FUTURO!"
Presidente da Direcção
MAIS SÓCIOS, MAIS FUTURO!"
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