sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

DOS BOMBEIROS VEM A ANGÚSTIA PARA O JANTAR



"Caros Sócios e Amigos:

Angústia para o jantar

 Amanhã vai ter lugar o Jantar de Natal dos Bombeiros. É um jantar tradicional de “amigos e irmãos”, organizado pelos próprios bombeiros, e para o qual eu, tal como os restantes membros dos Corpos Sociais da Associação Humanitária, fomos convidados.
É habitual, no final, dirigir-lhes, na qualidade de presidente da Direcção, algumas palavras. E é aqui que surge a angústia: o que dizer-lhes, para além do trivial. Que palavras de futuro e de esperança, que perspectivas de futuro, face ao novo ano que se aproxima?
Sinceramente não sei. Depois de dois anos, de uma batalha intensa pelo reconhecimento da sua dedicação, do seu trabalho, da sua generosidade e coragem, não sinto que Coimbra (cidadãos; empresas; poder político; academia; instituições; etc) se mostre interessada em lhes fazer justiça e se mobilize para lhes dar o apoio que justamente merecem.
Há algumas honrosas excepções, que são conforto e incentivo à não desistência, mas como é que se compreende que uma instituição de utilidade pública e sem fins lucrativos, com 123 de serviço humanitário, que cumpre diariamente, com homens e mulheres voluntários, 24 sobre 24 horas, a missão de proteger e socorrer todos, não consegue ter mais do que 5% de sócios de uma população de mais de 140.000 habitantes?
Mais, Coimbra não é um Município, nem uma Cidade qualquer. Há aqui um elevadíssimo número de universitários, quadros técnicos superiores, uma significativa classe média-alta (perdoem-me o termo) a quem se pede uma simples quota de 12 euros/ano, sublinho 12 euros/ano, e de que não se encontra resposta.
O que é que lhes poderei dizer quando, ainda hoje, não foi recebida a segunda metade do subsidio atribuído pela Câmara para o corrente ano, uma receita essencial para o funcionamento e sobrevivência da instituição?
O que é que lhes poderei dizer quando a maior parte da empresas que nos apoiavam deixaram pura e simplesmente de ajudar – algumas por evidentes reflexos da crise -, mas outras surgiram sem que delas se consiga qualquer resposta, como se o seu sucesso e o desenvolvimento económico desta Cidade e deste Município não passasse em muito pela segurança e bem-estar de que os bombeiros voluntários são, em parte, um importante garante?
Que perspectivas de sobrevivência e de eventuais melhorias desta instituição, que tantos problemas têm, lhes posso transmitir como seu líder institucional?
Amanhã direi algumas palavras. Mais emotivas que racionais. Entretanto vou viver com esta angústia até ao Jantar!
João Silva
Presidente da Direcção

MAIS SÓCIOS, MAIS FUTURO!"

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