Quando uma bela mulher de meia-idade passa,
todos desviam os olhos e olham a sua graça,
a rapariga nova olha e vê nela uma ameaça,
o rapaz novo disfarça e “arreganha a taça”,
pensando nas voltas que daria à “mulheraça”,
a mulher velha, em suspiro profundo, repassa,
com inveja, pensa na época da sua peitaça,
em que todos os homens mediam a linhaça,
hoje, com outra beleza, contempla na vidraça
o tempo correndo na vida que se torna escassa,
o homem velho gira os olhos e aprecia a pernaça,
imaginando uma noite de amor que se esfumaça
na relatividade da existência que se despedaça,
mas que em tudo conduz ao sexo que embaraça,
com tanta sensualidade até a calçada desfaz a couraça,
as pedras sorriem ao serem pisadas por esta loiraça,
olham para cima e acariciam aquela beleza que enlaça
e que faz ressuscitar um morto em sonho de devassa.
Sem comentários:
Enviar um comentário