LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA
Para além do texto "PROPOSTA DA CASA DO COMERCIANTE ADIADA", deixo também as crónicas "DESESPERANDO PELAS COMISSÕES DOS SMTUC"; "EM NOME DE DEUS; CABAZES DELTA NA BAIXA; e ainda "REFLEXÃO: HAJA PACIÊNCIA!"
PROPOSTA DA CASA DO COMERCIANTE ADIADA
Nesta segunda-feira, última, na
reunião do executivo, por parte da Coligação por Coimbra foi apresentada uma
proposta para aprovação de cedência de um espaço situado no Mercado Municipal
D. João V para a futura sede da Casa do Comerciante da Cidade de Coimbra (CCCC).
A moção acabaria por ser retirada pelo vereador José Belo, que é jurista, e
perante uma dúvida levantada por Carlos Cidade, também jurista e vereador do
Partido Socialista.
O que aconteceu? Será a pergunta
mais comum, neste momento, aqui na Baixa. Fui ouvir Carlos Cidade, que disse o
seguinte: “a proposta foi retirada porque, do ponto de vista dos requisitos
legais, quem a fez esqueceu-se desses pormenores importantes para quem tem que
decidir, levando a quem decide, se o tivesse feito, a cometer uma ilegalidade”.
Pode ser mais claro, Carlos? Interrogo. “Mas é simples, a Câmara não pode, nos
termos da lei, contratualizar com entidades que não tenham personalidade
jurídica, quer individual quer coletiva, e esse pormenor tem que ser resolvido
primeiro. Ou seja, para haver consignação por
parte da autarquia, é necessário a CCCC ter os estatutos promulgados, com
Número de Identificação de Pessoa Coletiva. A Câmara não pode aprovar um
contrato com entidades que não existem! É ilegal e implica perda de mandato!”
E o que diz José Belo? Não sei.
Apesar da tentativa, não consegui o contacto direto com este representante da
maioria e ouvir o seu depoimento. Mesmo sem lhe chegar próximo, porque tenho as
minhas fontes, posso adiantar é que graças à boa vontade dos dois vereadores,
Carlos Cidade e José Belo, o “quid pro quo”, tomar uma coisa por outra, está
sanado e, a breve prazo, com a publicação dos Estatutos da CCCC, a proposta
voltará ao executivo e desta vez será aprovada por unanimidade e no total
espírito da lei.
DESESPERANDO PELA COMISSÃO DOS SMTUC
Fui alertado por um dos muitos operadores
dos quiosques da Baixa, que pediu o anonimato. Contactei vários e todos
corroboraram o mesmo. Vamos ler as declarações do primeiro: “ó Luís, tens de
escrever sobre o que se está a passar connosco. Temos um contrato estabelecido
com os SMTUC, Serviços Municipais de Transportes Urbanos de Coimbra, de
carregar eletronicamente os passes e as senhas. Acontece que, nos últimos meses,
estão a atrasar-se no pagamento de comissões. Em Novembro pagaram o Setembro. É
muito chato. Já viste? Nesta altura em que estamos todos necessitados de
financiamento e carregados com despesas, resolvem não cumprir com o acordado?
Os SMTUC recebem diariamente na conta bancária o movimento correspondente. E
nós? Será que não contamos para os serviços municipalizados? Temos as nossas
despesas diárias; pagamos antecipadamente o IVA correspondente e sem receber o
que temos por direito em correspondência. Isto está mal. Precisamos de dinheiro
para os nossos custos. Está certo isto? Podes escrever uma crónica sobre este
caso?”
EM NOME DE DEUS
Que o homem é o lobo do homem não
me escandaliza. Quem escreveu a frase pela primeira vez foi Thomas Hobbes
-1588-1679. Para este filósofo da Idade Moderna “o homem é lobo do homem”,
porque no “Estado de Natureza” em que se encontram “os homens são perfeitamente
iguais, desejam as mesmas coisas, têm as mesmas necessidades e o mesmo instinto
de auto preservação. Para este grande filósofo inglês o “estado natural” é o
conflito, o dissenso, a guerra. As guerras existem porque todos concorrem pelo
mesmo fim, pelas mesmas coisas. A disputa acontece porque o homem é um ser
obsessivamente ambicioso. Nunca está satisfeito com o que tem. Quer cada vez
mais e, para alcançar o que não tem, não olha a meios para atingir os fins. Por
outro lado, o homem é um ser inacabado, incompleto, e tendo consciência desta
imperfeição, na inquietação, abalança-se para a frente em busca de respostas
que possam colmatar as suas dúvidas existenciais cada vez maiores, sobretudo
assentes na catarse: “quem sou eu? O que faço aqui? Para onde vou?”. É também
aqui, nesta interrogação metafísica, pela incapacidade de refutação
convincente, que o humano se vira para o transcendente e, na sua fé, sem
questionar, se vira para Deus e para o Seu poder supremo e omnipotente.
Continuando sem respostas, mas aceitando o dogma como axioma, verdade sem
contestação, para na sua mania de encontrar réplicas para todas as questões e
aceita a impossibilidade de não ver para crer.
Não tenho dúvida em afirmar que o
homem, sem resposta objetiva e clara para o que o move, a balouçar entre o bem
e o mal, procura cada vez mais a perfeição e, dentro da sua natural propensão
para a injustiça, tenderá cada vez mais em sublimar a iniquidade e ser
equitativo. Naturalmente que neste caminhar ao longo da vida, em busca de uma solução
filosófica às suas questões, se misturam as necessidades de poder, riqueza e
reconhecimento. E é exatamente nesta mistura de contenda, ambição e
notabilidade que assenta o progresso e desenvolvimento.
Isto tudo para dizer que não me
escandaliza que a pessoa, nas suas relações bilaterais, seja e continue a ser
imperfeita e injusta. O que me indigna é que em nome da sua crendice, em nome
do seu acreditar, sobretudo quando se encontra numa posição de extrema
fragilidade económica, alguém, uma igreja, em nome de Deus, em Seu nome, se
aproveite da sua debilidade. Em face deste prospeto, estamos perante um exemplo
acabado. É preciso denunciar esta nova forma de aliciamento social.
CABAZES DE NATAL DELTA NA BAIXA
Em protocolo com a Câmara
Municipal de Coimbra, os cafés Delta distribuíram na cidade, e também na Baixa,
um total de 40 cabazes de Natal. Segundo António Prates e Patrícia Santos, representantes
da empresa, esta ideia saída diretamente de Rui Nabeiro, o proprietário da
prestigiada marca de cafés, é uma iniciativa inserida na rubrica “Tempo para
dar” e praticada há vários anos pela Delta no país. Este ano, tendo em conta as
necessidades mais abrangentes de uma maior fatia da população, foi alargada a
mais cidades portuguesas, entre estas Coimbra.
REFLEXÃO: HAJA PACIÊNCIA!
Foi em 19 de fevereiro, último,
que um grupo de comerciantes se apresentou no executivo camarário a lembrar a
autarquia que esta se encontrava em dívida para com os lojistas. Estava em
causa uma obrigação plasmada em ata de 14 de outubro de 2002, em que se
transcrevia que, em compensação para os mercadores da cidade e pela construção
do Fórum Coimbra, a edilidade cedia um terreno no Planalto de Santa Clara para
a construção da “Casa do Comerciante”. Por parte dos manifestantes foi dito
que, por não haver dinheiro para a edificação, para começar e sem esgotar a
obrigação, se pedia um espaço já construído na Baixa, cedido a título não
oneroso, para iniciar os primeiros passos deste projeto sem fins lucrativos.
Na altura, em fevereiro, apesar
das palavras simpáticas de toda a vereação, executivo e oposição, pelo
presidente Barbosa de Melo foi dito que “agora sim, o comércio atravessa uma
crise muito grande, não tenho dúvidas”. Passado quase um ano, depois da
situação comercial se ter agravado e, sem resultados à vista, o mesmo grupo de
comerciantes ter repetido a reivindicação em junho no plenário da Câmara, ainda
não está resolvida esta questão de cumprimento de promessa. Escolhendo as
palavras para não ferir suscetibilidades, porque estamos em período de
pré-eleições autárquicas, gostaria de salientar que este arrastar no tempo é
inconcebível; consome a alma do mais paciente cidadão e leva à desistência. Os
eleitos político-partidários, numa espécie de jogo hipócrita de assédio imoral,
estão sempre a apelar à participação cívica dos cidadãos na vida pública mas
depois, “a posteriori”, na prática, em vez de colaborarem e tudo fazerem para
elevarem a autoestima de quem quer participar e, em simpatia, levar outros ao
mesmo exemplo, em contraproducente, remetem-se num silêncio insultuoso. Neste “dolce
far niente”, neste ficar quedo e mudo, há uma provocação implícita, um desprezo
por quem, gratuitamente e sem nada pedir em troca, quer fazer alguma coisa pelo
meio coletivo. Talvez valha a pena pensar nisto!
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