quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A CARTA A GARCIA -DO PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DOS BOMBEIROS



Caros Sócios e Amigos
 Faz hoje, dia 6 de Outubro, um ano que a actual Direcção dos Bombeiros Voluntários de Coimbra tomou posse. Assinalando a data publiquei no Diário de Coimbra a carta que a seguir transcrevo para conhecimento, renovando o pedido de que ajudem os Bombeiros Voluntários de Coimbra.
Qualquer donativo pode ser feito por cheque para os Bombeiros Voluntários de Coimbra.
Saudações amigas,
João Silva

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE COIMBRA, UM CAMINHO DIFÍCIL.
 Quando há um ano a actual Direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra tomou posse tinha consciência das dificuldades e dos problemas com que se ia confrontar, para mais assumindo o “objectivo impossível” de resolver o problema das suas instalações e em especial do Quartel dos Bombeiros.
Contudo, não contou nos problemas identificados com a dificuldade essencial que é, aliás, muito comum em Coimbra de um enorme alheamento dos cidadãos e também das empresas relativamente a questões essenciais da vida colectiva, nomeadamente a Protecção Civil e particularmente a organização, funcionamento e financiamento de um dos seus pilares fundamentais: os Bombeiros.
Apesar da tentativa de colocarmos na agenda dos munícipes e dos empresários de Coimbra esta questão, a verdade é que o resultado é uma enorme frustração. Por mais iniciativas tentativas que tenhamos vindo a fazer de sensibilização directa e indirecta os resultados são praticamente nulos.
Claro que não dispomos de meios financeiros que nos permitam desenvolver projectos de marketing e tudo o que fazemos resulta da boa vontade dos funcionários da Associação e da ajuda generosa de alguns cidadãos, o que, neste tempo e nesta sociedade da imagem e do supérfluo, não leva aos resultados desejados.
Temos utilizado o correio electrónico (mais rápido e económico) e o correio normal para expormos as nossas dificuldades e pedirmos ajuda mas, das centenas de cartas enviadas às mais diversas personalidades e empresas, temos recebido uma percentagem ínfima de respostas.
Das empresas contactadas não recebemos mais do que meia dúzia de respostas positivas e respostas negativas referindo a crise ou que o apoio aos Bombeiros não se inscreve no seu plano de marketing. Com efeito, sabemos que muito do actual marketing empresarial assenta em “investimentos” fabulosos no “apoio” a actividades desportivas ou em anúncios com desportistas ou treinadores, todos profissionais principescamente pagos, e que por razão desses contratos espantosos, não é possível atribuir um apoio de algumas centenas de euros aos Bombeiros.
Sabemos que os bombeiros não são mediáticos, nem sexy - apesar de publicamente serem reconhecidos como os “profissionais” que mais confiança oferecem aos cidadãos -, e que não podem fazer publicidade nas suas fardas ou nas sua viaturas e equipamentos, mas isto não interessa para nada aos ditames do marketing e aos seus progenitores que lamentavelmente nas situações de emergência ou de necessidade de socorro não recorrem aos fantásticos ídolos que nos apresentam como motivos de atracção.
Nos momentos difíceis e cruciais chamam os bombeiros! Sem preocupações de contas e sobretudo sem a preocupação de saber que aqueles homens e mulheres que os socorrem o fazem diariamente de forma voluntária e bastantes vezes com risco das suas vidas.
Quanto aos muitos cidadãos de conhecido status social e académico contactados poucos responderam. Na generalidade temos o silêncio.
Portanto a maior e principal dificuldade que neste primeiro ano a Direcção da AHBVC tem vindo a enfrentar é a do chocante alheamento de uma Cidade e de um Munípio perante uma instituição que há 122 anos lhe vem prestando relevantes serviços, bem como à Região e ao País. Aliás, apetece perguntar como foi possível deixá-la chegar a este estado de necessidade e se não vêm interesse na sua continuidade e na sua acção.

Por outro lado o apoio institucional em Coimbra é muito reduzido. Sabemos que a Câmara tem elevados encargos com a manutenção da Companhia de Bombeiros Sapadores mas também sabemos que os Bombeiros Voluntários são um complemento imprescindível nas intervenções de socorro e que o apoio anual da Câmara não difere muito do apoio que dá a alguns espectáculos musicais ou de outra natureza sem deixar de reconhecer que estes são importantes e que para garantia da segurança dos espectadores são muitas vezes chamados, a título gratuito, os Bombeiros Voluntários.
De outras instituições o apoio é nulo, sendo excepção meia dúzia de freguesias num universo de 31.
É caro ter Bombeiros dirão alguns, pois bem, parafraseando uma frase batida é de questionar: “Se é caro ter Bombeiros vejam quanto custa não os ter.”
Assim o grande “murro no estômago” que esta Direcção apanhou neste ano foi o de se confrontar o quase desprezo com que esta Associação Humanitária é encarada por tantos que a poderiam ajudar com o valor de alguns cafés ou de uma pequena refeição, dado que a quota mínima é de 12 euros ano.
Custa a aceitar a falta de músculo cívico que se nota em Coimbra e a incapacidade de, numa dita “Cidade do Conhecimento”, conseguir sobrepor o essencial ao acessório, levando a que esteja em risco o futuro de uma Instituição Humanitária e um Corpo de Bombeiros que tem como lema “Serviço e Dedicação.
João Silva
Presidente da Direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra

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