Meu caro anónimo devo dizer-lhe que estou surpreendido pelas suas palavras. Não porque me sinta incomodado com o seu comentário, como deve calcular, só ficaria se o que afirma fosse verdade, acontece que o que escreve é um ror de mentiras.
Vou rebater, ponto por ponto, tudo o que, a coberto do anonimato, refere.
1-“os pais receberam uma indemnização bastante avultada da seguradora, suficiente para uma correcta reabilitação e para um resto de vida tranquila”
Informo-o que já não vivo com a falecida mãe do Miguel desde 1979. Quando o meu filho teve o acidente, foi do conhecimento público, eu vivia com uma senhora e ambos, nessa altura, tínhamos um Snack-bar no Avenida, no terceiro piso. Para além da minha reforma militar não tinha nenhuma necessidade de me aproveitar do dinheiro do Miguel. Se o dinheiro foi mal gasto nunca foi da minha responsabilidade. Saliento, no entanto, que a incapacidade do meu filho, atestada clinicamente, era de 95%;
2-“Acontece que o dinheiro serviu apenas para que a mãe (que realmente faleceu no ano passado, ou inicio deste, não sei bem precisar) se demitisse permanentemente da vida activa, recusando trabalhar mais.”
Meu caro(a), embora a minha ex-mulher já tivesse falecido e não esteja cá para se defender, é minha obrigação repor a verdade. A Maria de Fátima, há data do acidente do Luís Miguel, trabalhava numa empresa de limpeza para o BPA, Banco Português do Atlântico, há 16 anos. Em consequência do acidente a Fátima começou a faltar muito ao trabalho para cuidar do filho. Foi sempre uma boa mãe. Foi sempre uma mãe-galinha, devo ressalvar esta sua grande qualidade. Em subsequência a empresa moveu-lhe um processo de despedimento, vindo, mais tarde, a minha ex-mulher a ganhar a causa em tribunal;
3- “A mãe comprou um “papa-reformas”, e uns tarecos valentes lá prá casa.”
Meu caro(a), devo dizer-lhe que está a ser profundamente injusto para uma pessoa que já não está entre nós e não se pode defender. Devo dizer-lhe que tudo o que a minha ex-mulher fez, incluindo adquirir duas viaturas, remodelar a casa e comprar tarecos, como afirma, tenho a certeza, foi para proporcionar melhores condições de vida ao nosso filho. Esteja ela onde estiver, que descanse em paz. Nada tenho a apontar-lhe. Fez coisas menos boas? Certamente! Mas quem sou eu para agora vir apontar-lhe o que quer que seja?;
4- Apesar da sua profunda injustiça de análise, faço votos para que o senhor(a) não passe pelo sofrimento que me atormenta nestes últimos dias e que começou logo com o brutal acidente que vitimou o meu filho Luís Miguel, mais conhecido pelo Espanhol.
Maximino dos Santos
Maximino dos Santos
2 comentários:
Escrevo estas linhas apenas para dar os meus sinceros pêsames ao pai do Luís miguel.Amigo perder uma pessoa querida dói,e muito(acredite que eu sei do que falo).Perder um filho então deve doer ainda mais.Isto supondo que estes sentimentos serão mensuraveis.Um forte abraço,Pai do Lu+is.
Agora para o anónimo:não costumo comentar anónimos,pois pessoas que se escondem e nem o próprio nome revelam... Mas abro uma excepção pois as suas palavras são as de um verdadeiro animal insensivel.Porque não segue o exemplo do autor deste blog?Nunca publica nada sem verificar e fundamentar a veracidade dos seus textos.O sr.anónimo,até pela sensibilidade do tema em questão,pois faleceu um ser humano que tem familia que o amava,deveria confirmar aquilo que escreveu.Como viu fez sofrer ainda mais uma pessoa(o pai) que está a passar por uma situaçlão indiscritivel,como é esta de perder um FILHO!Teria todo o gosto em continuar a escrever que é insensivel,rude,mal educado e ,porque não estupido.Mas parece que já chega,que já entendeu que meteu água,que é urgente um pedido de desculpas.
Descansa,finalmente,da estupidez e ignorância do ser humano,em paz Luís Miguel.
Marco
Gostaria de prestar aqui a minha homenagem ao Luís. Conheci-o, porque trabalhava numa das lojas da baixa de Coimbra, em que no primeiro dia que o Luís por lá entrou, com um aspecto repugnante a pedir dinheiro para um café, devo dizer que me assustei. As minhas colegas disseram-me que já era normal aquela situação. Então começou a lá ir todos os dias e eu comecei a familiarizar-me com aquela figura tão conhecida da baixa. Comecei a presenciar situações de "pessoas" que me repugnavam ainda mais que o Luís, porque eram "pessoas" supostamente sãs, logo com capacidade de raciocínio, e fazia-me muita confusão ver que lhe davam vinho, cigarros e sabe-se lá mais o quê. Uma vez o Luís disse-me que eu era prima... e percebi depois que era um elogio à sua maneira, porque o tratava como a um ser humano e não como um cão vadio, que nem estes (coitadinhos) merecem o que lhes fazem. Eu e as minhas colegas dávamos-lhe leite com chocolate, iogurtes, pão, bolinhos... e ele sentava-se no rebate da loja ou no banco ao pé das Escadas do Gato a comer. Nunca foi agressivo comigo ou com qualquer uma das minhas colegas, talvez porque percebia que afinal, respeitava-mo-lo como ser humano. Quando li a notícia do seu desaparecimento, fiquei deveras triste e mal dormi nessa noite, pelas circunstâncias em que foi e sobretudo pela pessoa inocente que nos deixou. Resta-me acreditar que no sítio onde estará, estará bem melhor, longe de gente sem escrúpulos. Descansa em paz, Luís! Assinado: Leónia Forte
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