sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ESCREVER APENAS POR ESCREVER

(FOTO DO JORNAL DE NOTÍCIAS)



Às vezes dou por mim a interrogar-me acerca do facto de escrever todos os dias. Escrevo porquê e para quem? São poucas as pessoas das que me lêem que conheço. Algumas vezes penso em deixar isto e ir pregar para outra freguesia. Mas, para mim, a escrita é uma espécie de terapia. Faz-me sentir vivo. Ajuda-me a desenvolver a mente e o espírito. Através da escrita, já por algumas vezes pude intervir e ajudar a divulgar situações que a meu ver eram injustas. Considero que foram poucas as vezes as situações que mudaram, mas foram algumas. Mas nas que intervim, e fui bem sucedido, senti-me bem. Senti-me útil à sociedade.
Para além de precisar de ser lido, quem escreve por prazer, se for pela intervenção social, sabe que a única coisa que pode fazer é denunciar uma situação arbitrária e influenciar o poder que detém essa decisão para a mudança. Não poderá esperar absolutamente mais nada.
E comecei a escrever este texto exactamente por ter lido no Diário de Coimbra de hoje, e no “Público”, de que o advogado de Leonor Cipriano –a senhora de Coimbra que já foi apanhada a conduzir 40 vezes e já foi 9 vezes ao exame do Código da Estrada-, Filipe Figueiredo, ontem, em declarações à Lusa, defendeu “que para situações como a da sua constituinte deveria ser possível a realização de um exame oral ou de outro género, tendo em conta as suas habilitações. “Pessoas com a quarta classe, que só sabem ler e escrever e não estão habituadas a trabalhar com aquele tipo de maquinaria, correm o risco de, apesar de possuírem os conhecimentos necessários, não conseguirem fazer o exame”.
Ora, sem embandeirar em arco, em 9 de Setembro publiquei este texto no Diário de Coimbra, a defender exactamente o mesmo que o causídico da senhora vem propor agora. Não sei se o que escrevi no jornal o influenciou. Quero acreditar que sim. E se foi, ainda bem porque esta situação arbitrária, de injustiça para milhares de portugueses que, depois de terem ido meia-dúzia de vezes ao código, acabaram por desistir, não pode continuar. Ainda bem que o fez e, a meu ver, deveriam haver mais portugueses a reivindicar o mesmo.
Somos todos muito lestos a clamar por justiça, acusando a discriminação, em lutas de causas modernaças que fazem menos mossa do que este absurdo exame igualitarista e englobado dentro do positivismo jurídico.
Já aqui escrevi outros textos sobre o assunto, como por exemplo “37 vezes sem carta dão um ano de cadeia” e “exames em Portugal: a tragicomédia institucional”. Acredito, que mesmo pelas escassas centenas de leitores que visitam este blogue, quando o que defendo é justo, pode mesmo influenciar e fazer pensar.
Muito obrigado, sinceramente, por ler o que escrevo.

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