sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A TENTAÇÃO DA CARNE





Já não há padres como antigamente,
celibatários, que fugiam do pecado,
faziam tudo para agradar solenemente,
na tentação, escolhiam o pior bocado,
olhavam para a menina sem riçar o dente,
disfarçavam num pensamento marado,
mirando o céu libidinoso, consecutivamente,
rogando ajuda ao Senhor, quase transviado,
pouco arrependidos, como quem mente,
perante um tribunal, estando a ser julgado;
Mas porque não hão-de os padres casar?
é justo reprimir o intrínseco desejo sexual,
quando é imanente à condição de humanizar,
nenhum racional pode prescindir, até animal,
sem actividade carnal, sem o gosto copular,
é imoral impor este cânone sacerdotal,
ultrapassado, bacoco, selvagem, impopular,
só acredita nele, quem crê no sobrenatural,
que se engana a si mesmo, sem se questionar,
partindo de pressupostos errados, a mascarar.

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