quinta-feira, 12 de novembro de 2009
MONOLOGOS DA VAGINA
“Aqui estou eu, sou uma folha de papel, vazia. Pequenas coisas, pequenos pontos, vão-me mostrando o caminho, às vezes aqui faz frio”. Começo com a letra dos Xutos & Pontapés para iniciar o texto. É que estou apreensivo. Nem sei como hei-de explicar-me.
Mas tenho de dizer qualquer coisa, não é? Pois é! Então é assim: eu, mais logo à noitinha, vou presenciar um “monólogo da Vagina”. Não acredita? Palavra. É no Teatro Académico de Gil Vicente. Já está a perceber, não está? Pois é. Estou apreensivo. Se você fosse também não estaria? É que eu nunca vi uma vagina falar. Com a minha modesta idade já a vi fazer muita coisa –está bem, não vou enunciar- e também já fiz muito por ela. Sério. Já corri mundos e fundos atrás dela. Já andei à pancada, já fui esmurrado por ela. Ainda hoje, se preciso for, corro atrás dela. Gosto tanto dela!...mas nunca vi nenhuma falar.
E não entendam mal este meu cepticismo…eu gosto muito dela. Até tenho muito respeito…não me esqueço que nasci por ela, por ela cresci, por ela vivo, nela multipliquei a prole…mas nunca vi nenhuma falar. Isso é que me consome.
Será que a Guida Maria, a Ana Brito e a São José Correia terão uma vagina diferente daquelas que conheço? Mas logo aqui há uma coisa que me deixa a pensar: se são três mulheres em palco deveria ser um diálogo, ou melhor, um “triálogo”. Mas não, no bilhete diz que é mesmo um monólogo. Porra! Fico sem palavras. Mas as vaginas não falam!
Depois também fico “acagaçado” com a vagina….que pelos vistos fala sozinha em solilóquio, consigo mesma. De que falará ela? Da crise económica? Da crise de homens viris, machos-latinos, daqueles que já não há e que se vão perdendo por outros caminhos? Falará do casamento homossexual como um atentado à penetração natural? Será que estará a favor ou contra?...Mas as vaginas não falam!
Estou a ler no Diário de Coimbra (DC) que o “Monólogos da Vagina” é um sucesso mundial. Mas isso é admiração? Uma coisa destas, em fenómeno, tinha naturalmente de ser um êxito…mas as vaginas não falam! Ora, evidente, é o mesmo que eu conseguir pôr a minha Cacilda a Falar –é a minha galinha, esqueci-me de dizer. Se ela falasse, imediatamente seria um espectáculo global, isso é que é uma avaria….mas as vaginas não falam!
Continuo a ler o DC, diz que teve apresentações em mais de 119 países –só? Diz também o jornal que foi traduzida em mais de 45 línguas. Ah…aqui é calinada…só pode. Então a vagina não tem tradução em todas as línguas? Claro que tem. E se dúvida houvesse, quantas línguas se traduziram na vagina? Se existem 6 mil milhões de seres humanos no globo, considerando que apenas um terço, devido à dificuldade do cromossoma, será homem, é fácil de ver que o número de línguas traduzidas na vagina serão muitas mais…porque nem só os homens fazem a tradução. Há também a tradição…mas as vaginas não falam…
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