sexta-feira, 13 de novembro de 2009

NOTICIA JN




Queixa de 43 polícias leva MP a investigar comandante
Denúncia fala de suspeitas de perdão de multas a políticos, coacção, abuso de poder e prevaricação


MIGUEL GONÇALVES

O Ministério Público está a investigar uma denúncia feita por 43 agentes da Polícia Municipal de Coimbra que acusam o comandante e dois "chefes" de perdão de multa a políticos, coacção, abuso de poder, denegação de justiça e prevaricação.

O ambiente, na Polícia Municipal de Coimbra (PMC), é de "cortar à faca". De um lado estão todos os agentes da PMC e do outro o comandante (António Leão), uma chefe da divisão e o marido, também agente na mesma força.

Para além das queixas-crime apresentadas no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Ministério Público (MP), os 43 agentes também participaram disciplinarmente contra os superiores hierárquicos, exigindo ao presidente da Câmara, Carlos Encarnação, o afastamento daqueles três funcionários do órgão de polícia.

Entretanto, os agentes estão a preparar um pedido de apoio psicológico para todos os polícias, que se afirmam "perseguidos" e "ameaçados de morte" pelo comandante.

Os 43 agentes (o efectivo é composto por um total de 45) queixam-se de sofrer pressões do comandante para "bloquear carros em locais onde a lei não o permite" e de serem "perseguidos" e "coagidos" por não cumprirem essas ordens.

Por outro lado, denunciam casos de alegado perdão de multas a pessoas das relações dos superiores hierárquicos. E dão como exemplo infracções ocorridas com um presidente de Câmara do distrito de Coimbra, e um seu amigo, e com um familiar de um presidente de Junta de Freguesia.

Os autores da denúncia enviada ao MP referem ainda um suposto acordo para não serem levantados autos junto às instalações de um órgão de comunicação social de âmbito nacional a troco de "não ser denegrida a imagem" do comandante.

Os agentes acusam António Leão, que se encontra inscrito na Ordem dos Advogados, de usar as instalações da Polícia Municipal para tratar de processos judiciais estranhos ao serviço. Por outro lado, criticam uma ordem que proíbe o uso de óculos de sol e telemóveis pessoais em serviço.

Carlos Encarnação recusou comentar este assunto. O JN tentou também obter uma reacção da parte de António Leão e da Inspecção-Geral da Administração Local, mas tal não foi possível até à hora do fecho desta edição.

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