sexta-feira, 20 de novembro de 2009

DIAS CINZENTOS

(FOTO DE LEONARDO BRAGA PINHEIRO)



Não me dêem um abraço,
muito menos um elogio,
sinto um grande cansaço,
por dentro, um grande vazio;
Pode até ser ocasional,
mas apetece-me partir,
abandonar este local,
largar todo este sentir;
Pouco me prende à nação,
talvez uma qualquer lembrança,
um poema escrito à mão,
para alegrar uma criança;
Se eu tivesse um amor,
que prendesse meu coração,
faria desligar o motor
que me impele à contramão;
Assim, vou sozinho, mareando,
por esses mares de andarilho,
abrindo os olhos, olhando,
para não me meter num sarilho;
Quero só compreensão,
amizade na viagem,
se puder, talvez paixão,
nas velas, quero aragem;
Quero alguém para abrir
caminho na neblina
um guia que possa sair
dos sete mares da rotina;
Quero ser um Don Quixote,
conquistador deste mundo,
vencer o receio fracote,
que me torna moribundo;
Não me falem em liberdade,
como se a tivessem na mão,
amarrados na saudade,
somos livres de ilusão.

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