segunda-feira, 23 de novembro de 2009

QUE BEM PREGAM OS LÍDERES ASSOCIATIVOS!





Foi uma reunião franca, aberta e proveitosa. Estivemos a debater problemas que nos afligem e perspectivávamos formas de actuação de como havemos de chegar ao poder–Arménio Henriques, vice presidente da Associação Comercial e Industrial de Coimbra, ACIC, na “Cimeira Associativa”, que decorreu este fim de semana, em Coimbra, na sede daquela associação, envolvendo não só dirigentes associativos, mas também comerciantes”, in Diário as Beiras de hoje.

“É necessário que haja uma forma de beneficiar as empresas portuguesas e que os próprios projectos sejam escolhidos em função da capacidade das empresas portuguesas. E isto porque se se faz uma especificação (no projecto) que só as empresas estrangeiras é que conseguem cumprir, então já se sabe que será estrangeira (a vencedora). É preciso que “logo no concurso, haja uma maneira que as empresas nacionais sejam beneficiadas”. Francisco Van Zeller, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), em declarações à Antena 1, in Diário de Notícias de 30 de Outubro.
Continuando a citar o DN, transcrevendo as palavras do presidente da CIP, “E quando questionado se essa medida não poderia ser entendida como uma forma de proteccionismo, Francisco Van Zeller reconheceu que sim. “Pode e deve. (Tal) como os espanhóis fazem e todos os países estão a fazer. Não podemos é estar a olhar para essa brincadeira de sermos uns limpinhos que cumprimos todas as regras. Isso acabou”, defendeu. “Ninguém na Europa está a cumprir as regras pelo que nós não temos obrigação de o fazer”. E, por isso, Francisco Van Zelleer não vê qualquer inconveniente em defender, inclusive, a batota para safarmos a nossa economia, “pois que façamos batota”, sublinhou”, Extracto do DN de 30 de Outubro.

O que têm estas duas declarações destes líderes associativos em comum? Bom, no meu entender, há simillitudes, e outras nem por isso. Vamos às comuns:

-Entre uma e outra são passíveis de ver a incomodidade: serem representantes de um sector e, na sua impotência, nada poderem fazer para alterar seja o que for para se fazerem ouvir perante o poder político;

-Pode ver-se que, entre os dois sectores, comercial e industrial, existe um sentimento de excesso de verve e uma nítida carência de pragmatismo; é conclusão óbvia que para “mostrar serviço”, no segundo caso do presidente da CIP, recorre ao ridículo e impensável de ser dito por um presidente de uma confederação. Ainda que o que Van Zeller diga esteja correcto, do ponto de vista popular, não é admissível na boca de um presidente de uma confederação que tem lugar cativo no Conselho de Concertação Social:

-É perceptível a falta de planeamento e organização nestes dois sectores importantíssimos da economia nacional (comércio e Indústria); ambos os representantes, como papagaios, continuam a fazer o mesmo que se vem fazendo há cerca de uma década para cá. Ou seja, mandar “bitaites”. Convocam cimeiras, congressos, reuniões, enfim um entreter de “encanar a perna à rã”, o mostrar que se está fazer inseminação artificial numa mulher que, sabe-se, há muito não tem útero;

-A incomum declaração do presidente da CIP, só é admissível num país do terceiro-mundo. O problema é que estas absurdas afirmações de quem deveria pugnar pela exigência, intimando o governo a olhar para estes dois sectores fundamentais na criação de emprego e do futuro do país, reivindicando medidas efectivas, mostram uma fraqueza absoluta. Um receio de pedir aos seus associados que se levantem em peso contra o “laissez-faire, laisez-passez”.
Em vez de baterem com o punho fechado sobre a mesa, líderes como este, continuam a pedinchar. Como se o poder político-executivo alguma vez ligasse ao que dizem.
Um dos problemas do comércio e da indústria portuguesa é, até agora, quer a Confederação do primeiro, quer a Confederação da segunda, terem tido sempre líderes que apenas buscaram o seu interesse próprio, quer no protagonismo bacoco (como é o caso deste actual da CIP, que está prenho de saber que, sendo Portugal membro da Comunidade Europeia está obrigado ao livre-cambismo, política económica contrária ao proteccionismo), quer noutros interesses pouco claros. O que se sabe é que estes dois sectores estão moribundos e uma quota-parte desta responsabilidade deve-se a quem comanda os destinos associativos.
O exemplo da CAP, Confederação dos Agricultores portugueses, é bem paradigmático. Quando é preciso defender os interesses dos seus associados invadem as cidades com tractores.
Quem se lembra, na última década, de uma manifestação material dos sectores secundários e terciários em Portugal? Nada. O que se vê é conversa fiada para boi dormir.

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