sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SEXTA-FEIRA TREZE





Palavra, até me levantei muito bem-disposto,
Barbeei-me, tomei banho, e o pequeno-almoço,
dei comer aos animais, acariciei-os com gosto,
sorri para o cão “pintas”, julguei-me um moço,
para ser verão, só faltava mesmo ser Agosto;
No rádio do carro, o locutor falava de política,
contava que o primeiro-ministro afinal mentiu,
quando falou aos deputados no Parlamento,
comecei a sentir-me mal, até o carro fugiu,
olhei o céu, grossas nuvens no firmamento;
Estacionei, o arrumador estava mal-humorado,
Dizia que ultimamente não dava pró tremoço,
ninguém o reconhecia, estava tudo meio fanado,
ia desistir do trabalho, não dava para o almoço,
estava constipado, tinha uma dor, estava lixado;
No café, o patrão estava de olhares sombreados,
a Simone, o sol sempre a brilhar, estava tristonha,
sentado na mesa, um homem tremia, olhos alagados,
chorava a bom chorar, farto da vida enfadonha,
talvez de ser tratado pior que cão escanzelado;
Na loja, ao lado, o Eduardo estava à porta alquebrado,
olhava os transeuntes com cara de tristeza redobrada,
os poucos que passavam, iam distraídos, alheados,
vestidos de solidão, olhavam a pedra acinzentada,
só o “Aspirante”, louco, sorria na rua dos desencantados;
Pode ser que estas nuvens negras sejam do dia de azar,
amanhã, dia 14, pode ser que haja sol resplandecente,
certamente, outra notícia, afinal Sócrates estava a evitar,
dizer toda a verdade, a omitir, ministro eleito não mente,
vai ganhar o Benfica, toca a esquecer, vão todos comemorar.


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