terça-feira, 17 de novembro de 2009
CONVERSA DE CAFÉ
Na mesa ao meu lado, no pequeno café, quatro mulheres de trinta e poucos anos falam da vida. Ou melhor, três, porque uma delas está concentrada a ler o jornal diário, no caso o Diário de Coimbra (DC).
Junto estão vários cadernos. Não as conheço mas aposto que frequentam um curso ao abrigo das “Novas Oportunidades”. Diz a que a está a ler:
-Já viram este? Reparem, diz que “Um beneficiário das Novas Oportunidades é um bronco irremediável cuja titulação e credibilidade académica é obtida através de um sistema de inquérito a “capacidades” ilusórias”.
(Como galinhas em direcção ao milho, a conversa parou e rapidamente, todas se debruçaram sobre “A questão decisiva do Ensino”, com o jornal agora completamente aberto na página 10 e a ocupar toda a área da pequena mesa redonda)
-Mas quem é esse? Ah…pois! Professor universitário. Vê-se logo. Filho de pai rico, e que teve todas as “chances” na vida -diz outra das raparigas.
-Olha aqui…Olhem esta, leiam aqui: “Montou-se uma máquina estatística de facilitismo e irresponsabilidade cuja essência convertia os imbecis profundos em sábios inesperados.”, clama outra por atenção.
Este é daqueles que vê a sociedade a preto e branco. Divide-a em inteligentes e burros. É evidente que os inteligentes são todos professores universitários. É por isso…
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1 comentário:
Tenho a ideia de que as "novas oportunidades" criam muitas expectativas e dão pouca sabedoria...esta mania da estatística, mostrar lá fora aquilo que não somos, é criminosa.
Somos um país de faz de contas.
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