sexta-feira, 6 de novembro de 2009

EM NOME DO AMBIENTE




Neste mundo actual, dominado pela economia global, assistimos a dois movimentos. Um, é dominado por um “consumidorismo” louco, em que os entes (os consumidores) são uma massa abrutalhada abstracta buscando unicamente e apenas o preço mais baixo, sem ter em conta que esse interesse legítimo se tornou uma obsessão e está a encaminhar a economia global para o cano de esgoto da produção mundial. Esta procura do preço ínfimo está continuamente a destruir postos de trabalho em toda a Europa e a conduzir um “saber fazer” empírico para os anais do tempo, que não voltará mais e se perderá para sempre. Hoje, praticamente deixou de se apostar em artigos de qualidade porque deixou de haver mercado. Dizer que é a crise que empurra os consumidores para o baratinho é analisar mal este problema. É também, mas não é tudo –mas, quanto este assunto, por agora, fico por aqui.
Outro movimento da economia a que assistimos, e contrastando com o que acabei de escrever em cima, paradoxalmente, é imporem-nos um planeamento económico ditatorial em nome de uma questão transcendental. Há várias, mas, neste caso, referirei apenas uma: o ambiente.
Sabemos todos que as preocupações com a ecologia humana começaram muito antes dos movimentos dos anos de 1970 na antiga RFA, República Federal da Alemanha, antes da queda do muro de Berlim que dividia em duas a Alemanha que conhecemos hoje. Mas, verdadeiramente, com medidas obrigacionistas, no velho continente europeu começou neste século XXI. E por detrás destas preocupações ambientalistas está um nome: Al Gore e o seu documentário “Uma verdade inconveniente”, em 2006, sobre alterações climáticas.
Tudo estaria bem se, por detrás das directivas europeias, realmente a defesa do planeta fosse o escopo de toda a legislação emanada de Bruxelas. Mas não creio que seja esse o verdadeiro motivo. Em nome do CO2, dióxido de carbono, vou apenas cingir-me ao caso da substituição da velha lâmpada de filamentos de consumo pelas novas que nos querem impingir a todo o custo.
Segundo o alegado pela comissão estas novas luzes, para além de pouparem mais energia, provocam um dano menor ao ambiente e serão recicláveis. Porém, há tempos, lembro-me de ter lido no jornal “Público”, em que era referido que estas novas lâmpadas continham, salvo erro, chumbo, e que para a bioesfera eram muito mais prejudiciais do que as que empregámos até há pouco.
As de filamentos, que sempre utilizámos, tinham um custo, até há bem pouco tempo, de cerca de 50 cêntimos. Agora, se quisermos continuar a usá-las, custa 1 euro e com tendência para aumentar o preço. Segundo um vendedor deste material eléctrico, meu amigo, para além do valor inicial da lâmpada, 42 cêntimos e mais IVA vai para o Estado. Ou seja, esta “taxa eléctrica” é superior ao custo de produção.
Passemos às novas lâmpadas recomendadas ou impingidas (como quem diz, impostas pela Comunidade Europeia). Para além da luminosidade ser muito mais fraca que as anteriores, o preço destas novas, chamadas de “económicas”, é uma surpresa: custa só cerca de 4 euros para cima. Para além disso, como não poderia deixar de ser, pagam 23 cêntimos mais IVA, em nome de uma taxa apelidada de “ecovalor”. Segundo o meu amigo, esta taxa será para providenciar a sua reciclagem. O problema é que os centros que as recebem para transformação, ao que lhe parece, também querem cobrar para efectuar essa recolha.
Interroga-me ele: “se a intenção é diminuir as emissões de CO2 e poupar energia, porque não começar nos candeeiros de iluminação pública, que, pelo país fora, estão todos acesos entre as 24 e as 8 horas? Porque não, por exemplo, numa avenida, acender um sim, um não, em vez de estar tudo iluminado?
Não estaremos, em nome de uma intenção altruísta, e com o engodo da poupança energética, apenas a ser levados no carrinho do “paga e não bufes”?

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