quinta-feira, 5 de novembro de 2009

BAIXA: QUANTO VALE UM ESTACIONAMENTO?









(VEJA-SE, NESTA FOTO, COMO OS CARROS INVADIRAM UMA FAIXA QUE NÃO ERA SUA)




A Rua da Sota, talvez pelo seu étimo do latim que significa “de baixo”, foi sempre uma artéria desprezada. Quando se pretende indicá-la a um qualquer turista que procura o “Zé Manel dos Ossos”, é sempre aquela via que está nas traseiras do hotel Astória. Isto é, a sua valência de afirmação reside na sombra projectada de algo, que neste caso, será o centenário hotel.
Ou pela condenação popular de “subartéria” ou não, a verdade é que o seu piso actual de irregular cascalho rolante não foi contemplado nas obras de 1998 do “Procom” –Programa de Apoio à Modernização do Comércio-, em que, inserido neste projecto, praticamente todo o chão da Baixa foi substituído por calçada à portuguesa. Embora do lado da Igreja do Reino de Deus foi feito o arranjo urbanístico com lajeamento e uns bancos de pedra. Para delimitar o parqueamento automóvel, entre a igreja e o Banco de Portugal, foram colocados também uns pinos em inox. Só era possível estacionar do lado do Hotel Astória.
Misteriosamente, ao longo da última década, os pinos foram sendo derrubados, um a um, e um espaço de rara beleza, que convidava à paragem naqueles bancos de descanso, ia sendo invadido pelas viaturas. Então, já há muito tempo, acontece o inimaginável: do lado do hotel o parqueamento é pago, no outro, em que as “latas” invadiram abusivamente uma área planeada para ser pedonal, não é (veja-se a primeira foto).
Mas ainda não fica por aqui: a Junta de São Bartolomeu, entendendo que o piso da Rua da Sota estava intransitável para andar a pé, e inserido no protocolo de delegação de competências atribuídas às juntas de freguesia, propôs o arranjo da artéria à Câmara Municipal de Coimbra (CMC). Ora, a ser assim, e aproveitando as obras de melhoramento, é evidente que seria necessário repor a legalidade, ou seja, expurgar os automóveis da faixa abusivamente invadida.
Segundo o presidente Carlos Clemente, “falei com uma engenheira da CMC e chamei-lhe a atenção para aquele facto anómalo. Propus-lhe também que, até serem repostas umas bolas de ferro ao longo do passadiço, a junta de freguesia se comprometia, a expensas suas, a colocar umas floreiras que, para além de dar uma outra graça à rua, evitariam o contínuo aviltamento do espaço. Esta técnica de engenharia contactou o Gabinete para o Centro Histórico e foi-me comunicado que a minha assembleia poderia adquirir as floreiras para o efeito. Comprámo-las e, agora, qual não é o nosso espanto, recebemos informação do director daquele departamento da câmara municipal, de que afinal as floreiras não podem ser colocadas onde anteriormente fora planeado. Só terão lugar entre os bancos de pedra.
Ali vai ser mesmo feito um corrimão para menos de uma dúzia de automóveis e instalada uma máquina de emissão de bilhetes de estacionamento. Então isto não é um absurdo? Então, se levarem esta estupidez avante, as pessoas sentam-se nos bancos de pedra e ficam encostados aos carros?”, interroga Carlos Clemente. “Estou profundamente indignado. Isto admite-se? Por causa de pouco mais de meia dúzia de lugares, vai sacrificar-se uma zona paisagística de excelência e bem conseguida na Baixa?”. Isto é o quê? É ratificar a ilegalidade?”.
Agora sou eu a opinar: talvez o senhor director para o Centro Histórico possa explicar o que quer fazer da Baixa. Até se admitia este disparate se esta zona velha tivesse necessidade de lugares para estacionamento. Acontece que a oferta é superior à procura, infelizmente.
Não sei se o senhor director para o centro histórico será crente –não tenho nada com isso, é óbvio-, mas, a ser assim, talvez se entenda que aqui anda a mão de Deus. Só na sua excelsa superior vontade se pode entender este disparate. É que às vezes Ele é mais teimoso que um jerico. Sobretudo quando há uma igreja por perto, e, neste caso, é do filho. Que deveria ser mais equidistante, a gente sabe, e ás vezes até lhe perdoa algumas injustiças, mas aqui, tenha lá santa paciência. Que diabo…(salvo seja!).
Não sei se Deus lerá este blogue –se calhar não, às vezes tenho cada uma!-, mas se cá vier, olhe lá, isso não está certo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quanto a mim e levando em linha de conta a situação económica de todos os lojistas, deveriam nesse espaço deslocar os bancos de pedra que são utilizados praticamente só por jovens a andar de skate, para a linha dos candeeiros. Essa medida levaria à criação de estacionamento enviusado que nos trará mais uns quantos e preciosos carros com clientes. Visualmente não se tratará de nenhuma aberração, uma vez que é mantida uma área pedonal acima do que é normal e adequada para essa localização .